terça-feira, março 02, 2004

Industria de Carnes na Beira Interior

-Aprender com a concorrência-
-Aproveite-se a bolota dos carvalhais e sobreiras da Beira Interior-
-Introdução do porco preto em regime de montado


Porcos pretos na Herdade da Negrita em S. Aleixo da Restauração

Os produtos de duas industrias do concelho do Fundão são distribuídos no mercado de Lisboa, uma instalada no parque Industrial do Fundão e outra em Atalaia do Campo. Claro que isto corresponde a um esforço enorme que essas industrias fizeram, para conseguirem conquistar mercado a empresas bem mais poderosas. Parece-me, que deve ser dado um passo em frente e utilizar-se matéria prima mais valorizada e que permita tirar partido dos recursos existentes e ao mesmo tempo criar riqueza para a Agricultura. Refiro-me à utilização do porco preto, como input dessas industrias. Os produtos de carne de porco preto têm uma cotação no mercado mais significativa e vão gradualmente conquistando consumidores. Devemos seguir o exemplo de Barrancos e de Moura, cujas industrias trabalham, quase em exclusivo com o porco preto. Tive oportunidade, durante o Carnaval, de passar dois dias na Herdade da Negrita, em S. Aleixo da Restauração, concelho de Moura, em regime de Turismo Rural e verifiquei a importância do porco preto, para a economia local. Essa Herdade, da família Eugénio de Almeida, tem cerca de 3500 hectares e explora 700 vacas, 1500 cabras e engorda 800 porcos pretos por ano, para além de oferecer turismo rural. Todos os animais estão em regime de aparcamento e alimentam-se à base de pastos e da bolota das azinheiras. Existe uma empresa na zona que explora uma maternidade de porcos pretos, originalmente importados de Espanha e depois de desmamados os leitões são adquiridos pelas explorações que os engordam até ao final da bolota das azinheiras. Ora, na Beira Interior, nós poderemos fazer o mesmo, utilizando a bolota dos carvalhos e dos sobreiros, na Zona Sul do concelho do Fundão, em Idanha-a-Nova, Penamacor e Castelo Branco. A enveredar por esta saída, criavamos condições para a travagem da expansão do eucalipto, que poderia ser substituído, de forma rentável, pelos carvalhos e sobreiros e poderíamos fornecer à industria local matéria prima significativamente mais valorizada. O carvalho é de crescimento rápido e poder-se-à adoptar variedades seleccionadas, que mais rapidamente frutifiquem, com capacidade de produção de bolota, muito mais abundante do que na azinheira. Bem sabemos que deveria ser o Ministério da Agricultura, com investigação e acções de vulgarização, junto dos agricultores, que deveria encabeçar estas iniciativas. O Ministério da Agricultura, em Portugal, tem mais funcionários que o correspondente na Alemanha e infelizmente a única coisa que faz, e mal, é distribuir os subsídios do FEOGA, que só por si correspondem a cerca de metade do total dos fundos comunitários. Mas, como contribuintes, deveremos exigir que as coisas se alterem e que o seu papel passe a ser outro.

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