domingo, dezembro 04, 2005

Frulact inicia produção no Tortozendo em Fevereiro

A Frulact, empresa integralmente portuguesa, vai inaugurar a sua quarte unidade de produção no Tortozendo, permitindo esta nova fábrica, duplicar a produção da empresa. Bem-vinda à Beira Interior, onde vai absorver centenas de toneladas de fruta, permitindo escoar a produção e criando condições de mercado para que novos produtos surjam. A generalidade da sua produção destina-se ao mercado externo, criando valor acrescentado ao produto fruta.


PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - ECONOMIA

Director: José Manuel Fernandes
Directores-adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho
POL nº 5732 | Domingo, 4 de Dezembro de 2005

Frulact é um caso português de sucesso
Margarida Peixoto

Empresa 100 por cento portuguesa, a produtora de preparados de frutas alimenta os mercados europeu, norte-africano e do Médio Oriente.

Portuguesa, familiar, com menos de duas décadas, mas exporta 90 por cento da sua produção. A Frulact venceu esta semana o Óscar Exportação 2005 da Câmara de Comércio Luso-Francesa, pelo seu desempenho na "catedral dos lácteos", como lhe chama João Miranda, vice-presidente e co-fundador da produtora de preparados de fruta. Com presença no Norte de África, no Médio Oriente e na Europa Ocidental, a Frulact já está concentrada no futuro: o mercado de leste.
A Frulact produz preparados de fruta, ou seja, "a matéria-prima" dos iogurtes, dos gelados e de outros produtos lácteos. Fundada pela família Miranda em 1987, tendo o pai e os dois filhos como os três sócios, a Frulact prevê para este ano uma facturação de 25 milhões de euros (tendo conseguido 20,2 milhões em 2004) e apresenta crescimentos anuais compreendidos entre os 20 e os 25 por cento. Em Fevereiro do ano que vem espera inaugurar a sua quarta unidade de produção, já a ser construída em Tortosendo-Covilhã, um investimento de 10 milhões de euros que permitirá duplicar a capacidade de oferta.
Em análise está o mercado de Leste, seja porque "oferece oportunidades de crescimento", seja porque "clientes preferenciais pretendem desenvolver a sua actividade no Leste e nós somos sempre desafiados a acompanhá-los", explicou João Miranda ao PÚBLICO. A entrada neste mercado deverá incluir a instalação de uma nova unidade fabril, já que "a componente lojística tem um impacte muito grande na estrutura de custos" da Frulact, esclareceu o vice-presidente. "Estamos a avaliar a hipótese com algum cuidado e detalhe, já fizemos algumas prospecções, fizemos algumas viagens e seguramente dentro em breve já teremos alguns dados mais objectivos em relação a este projecto", revelou João Miranda.

O desafio da "catedral dos lácteos"
A família Miranda percebeu "cedo que o mercado nacional era muito curto", que para uma empresa rentável era preciso "dar um salto, tanto em volume de negócios como em termos de meios disponíveis". O primeiro mercado de exportação foi Espanha, onde a Frulact entrou logo em 1994, depois de ter transferido a sua unidade industrial de Matosinhos para as instalações da Maia, "construídas de raiz". Hoje exporta 51 por cento da sua produção para Espanha e assume-se "dominante" no mercado vizinho.
A aventura francesa veio bem mais tarde, já na viragem do milénio, depois de ter passado pelos desafios do Norte de África, onde a "instalação correu bem mas a exploração sofreu um revés, com o fecho das fronteiras com a Argélia", obrigando a Frulact a transferir-se para a Tunísia.
A entrada em França foi preparada com muito cuidado, uma vez que "é o país onde todos gostariam de crescer, pois é o mais exigente, o de maior consumo, o de maior notoriedade, é a catedral dos lácteos", referiu João Miranda. A espera foi propositada, a Frulact considerou que "para abordar o mercado francês devia estar bem preparada": fez estudos de mercado, formou todo o pessoal administrativo e cerca de 50 por cento do industrial em francês, identificou quatro ou cinco potenciais clientes aos quais se dedicaram e comprou "quilos e quilos de produtos lácteos franceses para conhecer o perfil organoléptico (de sabor) do mercado e dos possíveis clientes". Tendo iniciado a fase preparatória em 1999 e o início da exportação entre 2000 e 2001, a Frulact considera que o sucesso foi "mais rápido do que o esperado" (exporta cerca de 35 por cento do que produz para França), o que a obrigou a antecipar o investimento de Tortosendo.

A fórmula do sucesso
"O suporte do nosso desenvolvimento foi sempre I&D [pesquisa e desenvolvimento], mesmo quando ainda estávamos em Matosinhos" (a primeira unidade de produção da Frulact), referiu o vice-presidente da empresa. Segundo João Miranda, os ciclos de vida dos produtos "estão cada vez mais curtos, cerca de um ano e meio a dois anos", o que significa, em média, que se perde "10 por cento do volume de negócios por ano, com fins de ciclos de produtos". "Na realidade, temos que crescer 30 a 35 por cento ao ano", para compensar estas perdas, explicou o vice-presidente.
O segredo do crescimento está também na "aposta em equipas jovens e dinâmicas", na definição de "linhas orientadoras" e de uma "cultura de organização" que se procura sempre preservar. Perante a imagem que Portugal tem lá fora, que o vice-presidente diz ser "verdadeiramente negativa", as empresas portuguesas têm que "redobrar a preparação e os cuidados". "Mas temos que perder a falsa humildade: assumir que somos bons, que temos capacidades e competências", sublinhou o vice-presidente da Frulact.

Sem comentários: