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Museu dos Sons de referência europeia em projecto na Covilhã
Quinta-Feira, 12 de Julho de 2007
Director artístico da Banda da Covilhã revela ideia ao Diário XXI
Segundo José Cavaco, uma equipa de trabalho está reunida para candidatar o Museu dos Sons ao Quadro de Referência Estratégica Nacional. Aquele responsável promete um espaço interactivo com tecnologia de ponta para revitalizar o centro histórico da Covilhã
Luís Fonseca
Aos 63 anos de vida, a Banda da Covilhã pretende criar um museu inovador no centro histórico da cidade: um Museu dos Sons, para mostrar as mais recentes descobertas científicas relacionadas com a audição, algum espólio da Banda, entre outros espaços. A criação de um repositório central de partituras para as bandas filarmónicas de todo o País, recuperando antigas peças e adquirindo novas obras, é outra das ideias associada ao projecto dinamizado por José Cavaco, director artístico da Banda.
“Juntámos uma equipa de trabalho que está a tratar de todos os detalhes, incluindo o projecto de arquitectura”, refere aquele responsável. A ideia já foi apresentada à Câmara da Covilhã, à qual foi solicitada a disponibilização de um espaço. A ideia está a ser avaliada pela autarquia. “Há muitos edifícios devolutos no centro histórico e este é um projecto capaz de revitalizar a zona nobre da cidade”, destaca José Cavaco. “O que está a ser planeado é um museu de referência a nível europeu, que acabará por levar pessoas a outros pontos da cidade”, realça.
INTERACTIVIDADE E TECNOLOGIA
José Cavaco recusa-se a prever um orçamento ou referir detalhes do edifício antes de 2008, mas uma coisa garante: o Museu dos Sons “não vai ser um museu clássico, com um espólio de instrumentos e onde se percorre a história da música”. “Vai ser um espaço interactivo”, onde a componente científica será a mais importante, refere.
Monitores que mostram aos visitantes que áreas do seu cérebro são estimuladas consoante os sons e computadores para editar som em formato digital, são dois exemplos do que está previsto. “Vamos juntar tecnologia de ponta com as investigações em Física, Psicologia e Neurociências”, sublinha. Segundo José Cavaco, o objectivo é estabelecer uma ligação íntima ao ensino superior, nomeadamente à Universidade da Beira Interior, onde é docente na Faculdade de Ciências da Saúde.
SERVIÇOS EDUCATIVOS
Seja como for, o espólio da Banda da Covilhã não será esquecido e terá o seu próprio local de exposição, bem como outras peças ligadas à tradição musical regional e filarmónica. Haverá também espaços para apresentação de música ao vivo.
Parte do projecto é dedicada a serviços educativos, transferindo para o museu as actuais aulas de música gratuitas leccionadas na Banda da Covilhã, para além da planificação de actividades pedagógicas ligadas a todo o conteúdo do Museu.
“No início de 2008 esperamos ter documentação pronta para avançar com o Museu”, sublinha José Cavaco. “Vem aí o Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) e nós queremos candidatar este projecto a financiamento europeu”, conclui.
Criar um arquivo de música de sopro
José Cavaco toca clarinete e não esconde o sonho de, a par do Museu dos Sons, ajudar a criar um arquivo histórico nacional de música de sopro. “É um trabalho um tanto ou quanto megalómano, em que uma das componentes passa por reunir o espólio de compositores portugueses”.
Segundo refere, na área das cordas já há algum trabalho de recolha realizado, “mas ao nível dos instrumentos de sopro não existe”. “Há bandas com 200 anos e mais, com um património musical que vale a pena preservar, sob pena de se perder”, refere.
Outra vertente tem por objectivo criar um repositório central de partituras para as bandas filarmónicas de todo o País, recuperando antigas peças e adquirindo novas obras, centralizando o processo de compra.
A equipa e os desafios
Da equipa de trabalho que está a preparar o projecto do museu do som, fazem parte, entre outras pessoas, Elisa Pinheiro, directora do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior (UBI), o próprio reitor da UBI, Manuel Santos Silva, e membros de diferentes departamentos da Universidade, nomeadamente, dos departamentos de Ciências Médicas, Física e Psicologia. “Cada um tem algo para explicar: a Física pode mostrar como é feito um som, as Ciências Médicas explicam como os ouvimos e a Psicologia demonstra as nossas reacções ao escutar determinadas coisas”, exemplifica.
ASSOCIAÇÃO OU FUNDAÇÃO?
Entre os pormenores que o grupo de trabalho vai ter que estudar para definir o projecto “preto no branco”, está o modelo que vai sustentar todo o museu. “Este é um projecto que pode levar cinco ou 10 anos a concretizar. Já nos questionamos sobre se basta uma associação como a Banda, onde as direcções podem mudar, para o suportar”, refere José Cavaco. “Já nos passou pela cabeça, por exemplo, criar uma fundação dedicada ao museu, ou procurar mais apoio no mecenato”, refere.
Entretanto, decorrem conversas com um arquitecto, sobre as valências do museu e o desenho que deverá ter o futuro edifício. “Ainda é cedo para adiantar pormenores do espaço físico em si”, conclui.
Com concerto no último dia, no Jardim Público
II Estágio de 30 de Julho a 2 de Agosto
“A Covilhã, os Músicos e a Música” é o lema do II Estágio de Banda Sinfónica da Covilhã, à semelhança do I Estágio, a realizar de 30 de Julho a 2 de Agosto. “O presente estágio tem como principal objectivo contribuir para a valorização do Interior do País através de uma realidade cultural incontornável – a riqueza, os valores e os excelentes
instrumentistas na área dos sopros”, refere José Cavaco, na apresentação da próxima iniciativa da Banda.
“Foi constituída uma equipa formadora que será responsável pela parte técnica
do estágio num total de 12 Professores”, refere. O Maestro responsável pelo II Estágio,
em conjunto com o Maestro da Banda da Covilhã, é o Maestro Francisco
Ferreira, com larga experiência nesta área.
A história e o presente da Banda
A Banda da Covilhã saiu à rua pela primeira vez no dia 1 de Dezembro de 1944. A 28 de Dezembro de 1944 era eleita a primeira direcção da Associação Musical Recreativa da Covilhã. “O movimento musical de então tinha tal espírito que, anualmente na passagem de cada aniversário, em seu redor, envolvia um número significativo de associados, que com ele percorriam as ruas da cidade. Não é difícil perceber que enraizada num espaço fundamentalmente fabril, acompanhada no afecto pelo operário do local, a Banda da Covilhã viveu até 1974 convulsões sociais de todo próprias para o seu engrandecimento”, refere o historial da Banda, na Internet, em http://bandadacovilha.weebly.com onde estão outros detalhes da colectividade. Em 5 de Maio de 1992, a Associação foi vítima de um violento incêndio que destruiu a sua sede (Travessa do Senhor da Paciência). Em 1 de Dezembro de 1992, aquando da comemoração do seu aniversário, a Câmara da Covilhã cedeu instalações para a inauguração da nova sede, junto ao Jardim Público.
A ACTUALIDADE
Actualmente, a Banda da Covilhã conta com uma Escola de Música em fase de reestruturação, após dois anos de interrupção. “A banda em si passa por um projecto diferente – avançando com a génese da Banda Sinfónica da Covilhã. Conta com o apoio do Conservatório Regional de Música da Covilhã e da Escola Profissional de Artes da Covilhã – EPABI. Muitos dos seus músicos são alunos destas instituições e colaboram com a Banda”, refere a instituição.
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