in: Jornal do Fundao
Novo Museu Arqueológico do Fundão
O sonho de José Monteiro cumpre-se 65 anos depois
É inaugurado no domingo o novo museu arqueológico do Fundão. Depois de José Alves Monteiro ter sempre desejado um espaço definitivo e digno para o museu que tem o seu nome, eis que, mais de seis décadas depois, a cidade ganha, finalmente, esse lugar
AQUELA que era uma das maiores lacunas da cidade do Fundão está prestes a ser colmatada, com a abertura no domingo, dia 25, do novo Museu Arqueológico Municipal José Monteiro. No dia em que se celebra o aniversário do fundador do museu municipal, o Fundão, abre, finalmente, ao público as portas de um equipamento museológico que irá substituir o antigo museu (?). Trata-se de um espaço polivalente, composto por um pequeno auditório, sala de exposições temporárias, biblioteca técnica, laboratório de conservação e restauro, gabinetes de estudo, bar/cafetaria e um espaço-loja. Põe-se, assim, fim a um longo período em que a cidade tinha um museu só de nome, não enaltecendo em nada o nome do seu fundador, nem a cidade que o albergava.
O novo museu está, agora, localizado num antigo edifício, na Rua do Serrão, que foi adquirido e recuperado pela autarquia para acolher condignamente o espólio museológico. O acervo a que o público terá acesso é constituído por cerca de 300 peças, retiradas de um total de cerca de três mil em depósito, reunindo colecções de objectos do quotidiano, que vão desde a Pré-História ao século V d.C, destacando-se conjuntos cerâmicos romanos e pré-romanos e vários exemplares na categoria da epigrafia votiva, funerária, viária e territorial.
João Mendes Rosa, o director do novo espaço, reconhece que “uma das grandes lacunas culturais que tinha o Fundão era o museu. Aliás, ele era apontado como cancro museológico. Numa tese de mestrado apontava-se o museu do Fundão como sendo o exemplo do que se não deve fazer. Era um museu que morreu no tempo, nos últimos 30 anos. Depois do Dr. Alves Monteiro ter saído do museu, nada se fez. Aliás, ele, desde 1942, quando fundou o museu, pediu sempre instalações condignas, mas foram sempre provisórias. Primeiro nos baixos da Câmara e depois nos baixos do Casino. E ele morreu sem conseguir concretizar esse sonho, que era o de dar instalações condignas ao espólio que ele, por sua própria iniciativa e a expensas suas, foi conglomerando ao longo dos anos”. O contexto, a partir de domingo, será outro e o sonho de José Alves Monteiro vai ser concretizado... no ano de 2007.
A exposição permanente resultou também, em parte, de um trabalho de recolha de longos meses, onde se tentaram suprir várias lacunas históricas. “O espólio fazia sentido estar exposto e ser musealizado nos anos 60. Hoje já não fazia sentido pegar naquele espólio e fazer um museu. Então, foi constituída uma equipa que foi para o terreno, com autorização e com projectos aprovados pelo Instituto Português de Arqueologia, fazer a prospecção arqueológica, ver o que é que havia. E havia grandes lacunas em termos históricos. Nós não tínhamos uma única peça do paleolítico, nem do calcolítico. O período romano resumia-se quase à epigrafia...”, clarifica João Mendes Rosa. Um hiato temporal que a exposição permanente acabou por conseguir suprir, sendo que, agora, abarca o período desde o paleolítico até ao final do império romano.
No percurso, o visitante estabelecerá contacto com centenas de objectos, que darão um retrato precioso da evolução do Homem ao longo de milhares de anos.
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