Carvalho do Caucaso:
A revista Única do Expresso de 10 de Junho de 2004, na página 115, faz apreciação de um vinho produzido na Quinta de Sampayo, Vale da Pinta, Cartaxo, rotulado como De Filipa. Na descrição do armazenamento do vinho são referidas pipas de carvalho francês, americano e do Cáucaso. A referência ao Carvalho do Cáucaso levou-me a investigar a existência desta variedade de carvalho, que me conduziu para o artigo que cito, em baixo. Concluí que não existe uma variedade de carvalho do Cáucaso, mas que o vinho teve origem nesta região e na Mesoptâmia. Procurarei aprofundar junto da empresa a origem das pipas citadas, bem como da matéria prima utilizada na sua confecção. Aproveito para referir que o Enólogo responsável pela selecção de vinhos da Quinta de Sampayo, 100 hectares de vinha, é António Ventura. Mais uma vez, constatamos uma total ausência à referência do carvalho Lusitano, como fonte de enriquecimento vinícola em estágio de pipas de carvalho.
in: http://www.thiagogardinali.com.br/materias/Vinhos.html
Vinhos:
Por Caio Castanho
Não seria exagero afirmar que o vinho acompanhou o desenvolvimento da civilização humana. Existem relatos da cultura vínea com mais de 7.000 anos. A cada descoberta, podemos perceber a importância que a humanidade dá a essa cobiçada bebida. Isso é comprovado em tabuletas, papiros e tumbas egípcias.
Os registros mostram que a vinicultura passou a ser desenvolvida nos arredores do Oriente Médio. Mais precisamente na região do monte Ararat, local onde supostamente estariam enterrados os destroços da Arca de Noé. Consta no Gênesis que, Noé comemorou o fim do dilúvio plantando uva e fazendo o vinho. Muitas passagens bíblicas citam o vinho. Nessa, Noé fora castigado por Deus por ter se embriagado, a ponto de ficar nu diante dos filhos.
Classificação
Da uva à garrafa
Enogastronomia
Regiões produtoras
Dosagem e serviços
Alguns dados lingüísticos apoiam a hipótese da difusão do vinho a partir da região do Cáucaso e da Mesopotâmea. A palavra vinho tem sua raiz na antiga voz caucásica voino, que significa algo como "bebida intoxicante de uvas". A palavra foi aceita e, modificada, expandiu-se na antigüidade: oinos e woinos para os gregos; vinum para os romanos; oini em armênio; vere em albanês; gvino em georgiano; jajin em hebreu, wain em abissínio.
Como montar a adega
O vinho esteve sempre presente na vida dos povos antigos, tanto nas celebrações religiosas quanto nas refeições diárias. Da Mesopotâmea e o Cáucaso, onde o vinho era a bebida favorita dos reis, a bebida se espalhou para o mundo. Egípcios e fenícios deram continuidade no desenvolvimento da vinicultura e foram os primeiros a registrar todos os passos da elaboração do vinho.
Depois, o vinho conquistou os Gregos e os Romanos, os quais o celebraram como nenhum outro povo. Na mitologia grega, Dionysio, filho de Zeus, era o deus do vinho. Os gregos acreditavam que bebendo vinho, Dionysio habitaria seu corpo. Já os romanos reverenciam Baco. Festas em sua homenagem, o Bacanal, são famosas até hoje.
A expansão do Cristianismo e a colonização do novo mundo espalhou o vinho para o mundo inteiro. Hoje, o vinho é uma das bebidas mais procuradas. Na Europa, é um item essencial na alimentação. No Brasil, o consumo vem crescendo todo ano, com média anual de 2 litros por pessoa. Nosso potencial de consumo é altíssimo e deve ser explorado. Na Itália, por exemplo, o consumo anual por pessoa é de 55 litros.
Classificação
O "terroir" é a origem do vinho, sua personalidade. Terroir, em termos vinícolas, tem a ver com a localização, clima, orientação, drenagem, pendente, microclima, e arredores.
Vinho Maduro: todos os estágios das fermentações foram completados. Compõem essa categoria a maioria dos vinhos, quer sejam brancos, tintos ou rosés.
Vinho Verde: vinho que sofre um Segunda fermentação, a malolática. O ácido málico transforma-se em ácido acético e gás carbônico, dando ao vinho um leve toque frizante.
Champagne: vinho espumante produzido exclusivamente na região de Champagne (França). É elaborado pelo méthode traditionel ou champenoise, que consite em uma segunda fermentação ocorrida na garrafa.
Espumantes: vinhos cuja Segunda fermentação ocorre dentro de grandes recipientes fechados. Este método é chamado Charmat. Os espumantes recebem nomes regionais para diferenciá-los dos champagnes. Por isso, temos na Itália, os Asti e Proseco; na Alemanha, o Sekt ; na Espanha, o Cava.
Fortificados: vinho que durante ou após a fermentação recebem adição de aguardente vínica. Os mais conhecidos são os Porto, Madeira Jerez e Malaga.
Aguardente de Vinho: Quando o vinho é destilado, dá origem a um produto com 40 ou mais graus de álcool. Os produtos mais conhecidos são os Cognac e o Armagnac, ambos franceses. Os demais países do mundo, quando destilam um vinho, chamam-no de Brandy.
Da uva à garrafa
O vinho é o produto obtido pela fermentação alcoólica da uva do gênero vitis-vinifera. Esta deve estar bem madura e com boa acidez para que se obtenha um vinho rico em corpo. A cor do vinho depende da pele da uva. Após a colheita, as uvas são levadas á cantina, onde após esmagadas, iniciam a fermentação. Nela, todo o açúcar natural é transformado em álcool.
Depois da fabricação vêm o armazenamento e o envelhecimento. O primeiro acontece em tanques de inox, piletas de concreto revestidas de epóxi, tonéis de madeira, ou em tonéis de carvalho. Todos com capacidade variada entre 250 e 500 litros. São nos recipientes que ocorre a fase de estabilização e repouso do vinho.
A fase posterior ao armazenamento só é cumprida por alguns tipos de vinho. Somente os mais complexos e resistentes passam pelo envelhecimento. A madeira de carvalho dos tonéis dá ao vinho aromas e sabores, equilibrando os taninos, ácido presente nos vinhos tintos. Essa harmonia é fundamental para o vinho atingir corpo e sabor ideais. Após os processos citados os vinhos são engarrafados e estão prontos para serem consumidos.
Os preços de um mesmo vinho pode variar absurdamente. Pode parecer estranho, mas as condições físico-climáticas que predominaram na elaboração da bebida é fundamental para a qualidade final do vinho.
Enogastronomia
Os enólogos garantem que o vinho é a melhor bebida para acompanhar um bom prato. Ele ajuda na digestão e não faz uma fermentação pesada como a cerveja, whisky e caipirinha. Pode parecer estranho, mas até com feijoada um bom vinho cai bem.
A combinação entre comida e vinho deve ser bem selecionada, para não fazer da sua boca uma confusão de paladares. Existe o vinho certo para cada tipo de prato. O ideal é que o aroma e o sabor da bebida e do alimento não se sobreponham. O segredo da enogastronomia é a complementação. Cada gole de vinho tem que limpar o paladar e as papilas degustativas para degustar o prato novamente.
Vinho tinto seco leve: Carnes vermelhas fritas ou grelhadas; Frango assado e cozido; Pizzas; Carpaccio de carne, Salgadinhos assados ou fritos; Bacalhau temperado acompanhado com legumes, batatas e molho; Paella.
Vinho tinto seco encorpado: Carnes assadas; Carnes de caça assadas, Queijos de mofo branco, como o brie, camembert ou caprice des dieux.
Vinho tinto leve: Massas com molho alho e óleo.
Vinho tinto encorpado: Queijos de massa dura, como provolone.
Vinho tinto seco: Massas com molho de tomates temperado; Massas com molho de ervas aromáticas; Massas com molho condimentado; Frios em geral; Queijos amarelos como edam, estepe, parmesão, gouda, gruyère.
Vinho branco seco: Massas com molho branco; Saladas em geral (também podem acompanhar vinho branco semi-seco ou vinho rosé refrescado); Entradas; Antepastos; Sardinhas; Queijos cremosos como Rambol; Sushi e sashimi (o vinho tem que ser frutado).
Vinho branco seco leve: Peixes em geral, sejam em postas ou filé; Fondues.
Vinho branco seco encorpado: Ostras e mariscos.
Vinho branco doce: Fígado de ganso; Morangos; Bolos de natal ou panetones (acompanham também vinho tinto); Truta.
Vinho Verde Branco: Bacalhau grelhado ou assado.
Champagne: Lagosta.
Vinho do Porto: Frutas secas (podem acompanhar também o vinho Madeira); Bolos (acompanham também Jerez e Madeira); Queijos azuis como o roquefort; Sorvetes.
Jerez: Sopas.
Regiões produtoras
Confira alguns vinhos dos dois maiores produtoras do mundo (França e Itália), e também características peculiares de Portugal, Espanha e Alemanha.
FRANÇA
A França é o país que mais produz vinho no mundo. O consumo per capita é impressionante, 60 litros/ano. São 917.000 hectares de parreiras espalhadas pelas regiões de Bordeaux, Bourgone, Rhône, Champagne, Loire, Alsace e outras.
( T ) - Tinto
( B ) - Branco
( R) Rosé
Bordeaux: Bordeaux ( T/B ), Bordeaux Rosé ( R ), Bordeaux Supérieur ( T/B ), Bordeaux Supérieur Rosé ( R ), Bordeaux Mousseux ( B/R ), Médoc ( T ), Haut-Médoc ( T ), Pessac-Léognan ( T/B ), Graves ( T/B ).
Bourgone: Bourgogne ( T/B ), Bourgogne Rosé ( R ), Bourgogne Ordinaire (T/B), Bougogne Ordinaire Rosé ( R ), Bourgogne Aligoté ( B ), Bourgogne Mousseux (T/B/R).
Rhône: Côtes-du-Rhône ( T/B/R ), Côte-Rôtie ( T ), Château-Grillet ( B ), Condrieu ( B ), Crozes-Hermitage ( T/B ) Clairette de Die ( B/Mousseux ), Beaumes de Venise ( B ), Lirac ( T/B/R ), Tavel ( R).
Champagne: Champagne ( B ) e Champagne Rosé ( R ).
Loire: Nivernais e Berry - Pouilly Fumé ( B ), Sancerre ( T/B/R ), Pouilly-sur-Loire ( B ), Quincy ( B ),
Reuilly ( T/B/R ), Touraine ( T/B/R ), Vouvray ( B ), Vouvray Mousseux ( B ), Montlouis ( B ), Montlouis Mousseux ( B ) Saint-Nicolas de Bourgueil ( T/R )
Alsace: Alsace (Sec, Vendange Tardive e Sélection de Grains Nobles)
ITÁLIA
A Itália é o segundo produtor mundial de vinho. O consumo per capta também fica em segundo lugar no ranking mundial, com 59, 5 litros/ano. As principais regiões são Piemonte, Veneto, Toscana, norte, centro e sul.
( T ) - Tinto
( B ) - Branco
(E) - Espumante
Piemonte: Asti Spumante (E), Barolo (T), Barbaresco (T), Gattinara (T), Nebbiolo d`Alba (T), Langhe Rosso (T), Barbera d`Alba e d`Asti (T), Dolcetto d`Alba e d`Asti (T), Gavi (B), Roero Arneis.
Veneto: Prosecco di Conegliano-Valdobbiadene (E), Amarone della Valpolicella (T), Valpolicella (T), Bardolino (T), Recioto Amabile della Valpolicella(T), Soave (B).
Toscana: Chianti (T), Brunello di Montalcino (T), Rosso di Montalcino (T), Vino Nobile di Montepulciano (T), Carmignano (T), Vernaccia di San Gimignano (B), Vin Santo (B), Moscadello di Montalcino (B).
Norte (Lombardia, Trentino-Alto Adige e Friuli): Franciacorta (E), Terre di Franciacorta (T/B), Colli Orientali del Friuli (T/B), Teroldego Rotaliano(T/B), Isonzo (T/B), Picolit (B).
Centro (Emilia-Romagna, Marche, Umbria, Lazio e Abruzzo): Sangiovese di Romagna (T), Rosso Cònero (T), Rosso Piceno (T), Montepulciano d`Abruzzo (T), Verdicchio di Mantelica (B), Albana di Romagna Passito(B).
Sul (Campania, Puglia, Calabria, Sardegna e Sicilia): Taurasi (T), Primitivo di Manduria (T), Carignano del Sulcis (T), Monica di Sardegna (T), Fiano di Avelino (B), Greco di Tufo (B), Moscato di Panteleria (B).
PORTUGAL
Representa o terceiro maior consumo per capita do mundo, com 58,5 litros / ano. Tem 259.000 hectares de vinhedos. Contudo, é apenas o sétimo produtor mundial. As regiões produtoras portuguesas reúnem um conjunto de tipos únicos no mundo dos vinhos. O solo, o clima, as castas típicas, os métodos de vinificação regem a elevação da qualidade com quantidade.
São mundialmente conhecidas as regiões dos Vinhos Verdes, Porto/Douro, Dão, Beiras, Bairrada, Estremadura, Ribatejo, Bucelas, Colares, Setubal, Madeira, Alentejo, Algarve e Açores.
ESPANHA
Sempre produzindo bons vinhos, a Espanha iniciou o século XX socorrendo os demais países europeus, atingidos pela Phyloxera vastrastis. O páis possui a maior área territorial de vinhedos do mundo. São 1.224.000 hectares, sendo o terceiro produtor de vinhos. O consumo per capita é de 33,7 litros / ano.
Condições típicas de solo e clima dividem a Espanha em 45 denominações de origem, as quais possuem controle de qualidade próprios. As regiões produtoras espanholas são Rioja, Catalunha, Jerez, Ribeira del Duero, Navarra e Galicia.
ALEMANHA
Os germânicos ocupam a Sexta colocação no ranking mundial de produção vínea e possui 104.000 hectares de vinhedos. Com a exceção da região de Baden, todas as outras são muito frias, o que favorece a produção de vinhos brancos. Estes apresentam qualidades diversas, indo desde os mais simples Liebfraumilch, que utilizam uvas menos nobres até alguns dos melhores brancos do mundo, notadamente da casta Riesling.
Melhor ainda se forem da categoria QmP (Vinho de Qualidade com Predicados), produzidos apenas nas melhores safras e que não admitem o emprego de adocicar o mosto com açúcar. Os melhores Riesling QmPs costumavam atingir, no século passado, preços mais elevados que os dos grandes Crus Classés de Bordeaux. Os tintos alemães de Pinot Noir são delicados e fragrantes. Os brancos de sobremesa também destacam-se no panorama mundial, principalmente aqueles de Riesling.
Dosagem
A dosagem recomendada para cada prato é um cálice de vinho, de aproximadamente 100 ml. Uma garrafa (750ml) é o suficiente para três pessoas durante uma refeição. Veja abaixo sugestões para certos eventos:
Almoço Informal 1 garrafa para 3 pessoas
Almoço formal 1 garrafa para 5 pessoas
Jantar Informal 1 garrafa para 2 pessoas
Jantar formal 1 garrafa para 3 pessoas
Festa de queijo e vinho ou fondue 1 garrafa para três pessoas
Festa de aniversário 1 garrafa para 4 pessoas
Casamento durante a semana 1 garrafa para 6 pessoas
Casamento durante final de semana 1 garrafa para 2 pessoas
Serviços
Na hora de comprar o vinho, verifique se este está limpo e com o rótulo à mostra. Ao chegar em casa, mantenha a garrafa de pé, no dia do consumo, em um lugar fresco, arejado e longe da luz. A boa conservação evita surpresas desagradáveis na hora de degustar.
Para tirar melhor proveito da nobre bebida, sua temperatura de consumo deve ser adequada para cada tipo de vinho. É muito importante ter em conta a temperatura na hora de servir um vinho. Esta pode significar o fracasso de um bom vinho ou pode até melhorar um vinho ordinário. A seguir temos uma lista das temperaturas ideais de vinhos clássicos:
Vinhos tintos maduros 15ºC ------ 17ºC
Vinhos tintos novos 13º C ------14ºC
Vinhos tintos muito leves 11ºC
Vinhos rosados e vinhos brancos secos 9ºC ------ 10ºC
Vinhos brancos doces,
Vinhos brancos suaves, Champagne, Espumantes 5ºC
Como montar uma adega pessoal
Na adega, um conjunto de fatores determina a qualidade da seleção. Na hora de armazenar, proteja as garrafas da luz. A exposição direta a ela faz mal ao vinho, provocando a maturação acelerada. Escolha um local fresco e seco para o armazenamento. A umidade é nociva aos vinhos, provocando a formação de fungos em torno do chumbo que veda a rolha. A adega deve estar sempre limpa, porém não utilize produtos de limpeza. Pano e água já bastam.
Com relação à escolha, 50% dos vinhos devem ser para consumo rápido (6 meses) e a outra metade para guardar. Compra-se o vinho novo, cujo preço é mais acessível e espere que fique pronto para beber após um tempo de repouso na garrafa. A adega deverá conter vinhos que mais lhe agradam.
Com uma adega montadinha e pronta para ser consumida, o amante dos vinhos não pode esquecer dos equipamentos essenciais. Sem saca-rolhas, decanter e copos a apreciação da bebida não pode ser feita.
Saca-Rolhas: O saca-rolhas de alavanca é o melhor que existe. Dá segurança à empunhadura e, geralmente, tem, em uma das extremidades, um pequeno canivete para a remoção do lacre da garrafa. O saca-rolhas modelo T deve ser usado com cuidado de manuseio da garrafa, pois a mesma é levada para baixo e exige muita força para retirar a rolha.
Decanter: O processo de oxigenação do vinho é muito importante. Por isso, é legal ter em casa um decanter de cristal, que também colabora com a higienização do vinho, pois ao decantá-lo a borra natural que o vinho forma fica na garrafa.
Copos: Pasmem, existe um copo para cada tipo de vinho, mas a regra básica determina que:
Vinhos tintos Os copos devem ser bojudos e com boca larga, para favorecer a oxigenação.
Vinhos brancos O corpo do copo pode ser bojudo, mas sua boca deve ser estreita, a fim de preservar os aromas primários.
Champagne e espumantes - A taça deve ser alta para manter por mais tempo a presença do gás
Sem comentários:
Enviar um comentário