quinta-feira, agosto 30, 2007
Instrumentos musicais
O Ti Zé dos Bombos, no Salgueiro-Três Povos-Fundão, prossegue no seu trabalho de fabricante de flautas pastoris e Bombos. Seria interessante que o seu instrumento servisse para aprendizagem nas escolas do 2º Ciclo, na disciplina de Educação Musical, cujo programa inclui a aprendizagem de flauta. É curioso que, actualmente, sejam os espanhóis os únicos clientes na aquisição de Bombos.
in: www.jornaldofundao.pt
SECÇÃO: Regional
Antigo pastor é agora fabricante de pífaros
É carinhosamente apelidado por Ti Zé dos Bombos. Uma alcunha que lhe vem do facto de desde há muitos anos fabricar bombos e pífaros. Clientes não faltam
A RECEPÇÃO foi ao som do pífaro e do bombo. Um mini-concerto promovido por Ti Zé dos Bombos e Celeste Carrola que serviu também para apresentar os objectos que o tornaram conhecido nos Três Povos. Depois de tão animado concerto, este artesão contou as estórias e histórias de uma vida. José dos Santos (Ti Zé dos Bombos como é conhecido) é uma figura respeitada. Com onze anos, José dos Santos “foi obrigado’’ a ir servir para a Quinta da Caneca, lá para os lados da Capinha. A tarefa que lhe foi incumbida de fazer foi guardar ovelhas. “Na quinta onde trabalhava havia no total 1500 cabeças! Eu também fazia os queijos. Mais tarde, passei a chefe dos pastores”, recorda. “Nos tempos livres tocava pífaro”, disse ainda. “Naquela altura o pífaro custou-me cinco escudos. Uma fortuna!”, conta. Aprendeu sozinho a tocar. “Quando o comprei olhava para ele para lhe tirar o molde. Um dia, andava na quinta com o rebanho de ovelhas e cortei um salgueiro. Com a ajuda do canivete fiz um. Foi assim que comecei. Sabe que a vida de pastor é de solidão. Então, aproveitava para fazer pífaros”, diz. Depois desta tentativa bem sucedida, começou por experimentar a construir outro tipo de objectos em madeira: bonecos, talheres, rocas, entre outros. O talento e a imaginação são qualidades que são apreciadas por quem o vista para ver e comprar. “Aparece-me aqui gente de todo o país que gosta de apreciar o meu trabalho”. Muito mais tarde Ti Zé dos Bombos resolveu experimentar construir um bombo. Esteve um dia inteiro para o construir, mas o resultado foi um êxito.
“Comprei umas peles, uns arcos, entre outros materiais e fiz um bombo. O primeiro que fiz foi com uma botelha”, recorda. Foi desta forma e até hoje que José dos Sartos nunca mais parou de fazer bombos que são muito procurados por espanhóis. Actualmente, com as pernas cansadas, Ti Zé dos Bombos continua a construí-los mas só por encomenda. Quando interrogado acerca do tempo que demora a construir um bombo, diz que depende do tamanho. Normalmente demora um dia.
No Salgueiro já ensinou algumas pessoas na tentativa de que esta arte não morra. “Gostaria que alguém da minha família continuasse com esta arte. Mas ninguém quer saber disso. Já ensinei a uma rapaziada cá do Salgueiro e um deles acabou por aprender e até os faz”, diz satisfeito.
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