in: Público
Instituto de Conservação da Natureza põe fim a protocolos
Três centros de recuperação de animais selvagens fecham por falta de verbas
05.01.2007 - 17h50 Lusa
Três centros de recuperação de animais selvagens vão fechar depois de o Instituto de Conservação da Natureza pôr fim aos protocolos que mantinha com as associações ambientalistas que geriam estes locais.
Em declarações à Lusa, responsáveis da Quercus e da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) mostraram-se preocupados com o destino dos animais e surpreendidos com a decisão do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), que dizem não ter justificação.
"É lamentável. A explicação que nos deram foi de ordem financeira, mas, pelos nossos cálculos, o Estado vai gastar muito mais dinheiro com o encerramento dos centros. Basta pensar no que se gasta em combustível para levar uma ave do Alentejo para o Algarve", disse o ambientalista da Quercus Samuel Infante, responsável do Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco.
O ICN despendia anualmente com este centro 13.500 euros. Com o de Santo André, também gerido pela Quercus, gastava 14.250 euros.
Samuel Infante referiu que os três centros (o outro é gerido pela LPN) recebiam metade dos 1200 animais que entram todos os anos na Rede Nacional de Recolha e Recuperação de Animais Selvagens, dos quais 26 por cento pertencem a espécies ameaçadas.
Esta rede visa receber e recolher animais selvagens encontrados feridos, debilitados, abandonados ou apreendidos para os tratar e devolver mais tarde à natureza.
Vinte animais nos centros de Castelo Branco e Santo André
Actualmente, estarão mais de 20 animais nos centros de Castelo Branco e de Santo André.
"Queremos saber que destino lhes será dado", afirmou também Samuel Infante, sublinhando a necessidade de existir "co-financiamento público para estes centros".
Carlos Miguel Cruz, responsável do Centro de Acolhimento e Recuperação de Animais Silvestres, também confirmou que esta unidade vai encerrar por falta de apoios.
"Não temos fundos que garantam a sobrevivência dos animais em cativeiro. Não estávamos preparados para um corte total da verba", disse Carlos Miguel Cruz.
Desde 2001 que aquele centro recebia anualmente 7981 euros para manter os animais, mas no ano passado o pagamento não chegou a ser feito.
O mesmo aconteceu com a Quercus, que ainda não recebeu a verba que lhe devia ter sido atribuída no ano passado.
"Má estratégia" do ICN
Para o mesmo responsável da LPN, trata-se de uma "má estratégia" do ICN.
O ambientalista ficou surpreendido com a decisão e disse que os centros que foram alvo do corte de verbas se situam nas zonas onde há mais espécies protegidas.
Actualmente, o Centro de Acolhimento e Recuperação de Animais Silvestres tem entre 30 a 40 aves protegidas, entre grifos, águias ou corujas, mas recebia também mamíferos, embora poucos (dez por ano).
"As pessoas continuam a entregar animais, mas vamos deixar de aceitar", disse ainda Carlos Miguel Cruz.
Questionado sobre o destino a dar aos animais que actualmente o Centro de Acolhimento e Recuperação de Animais Silvestres mantém, Carlos Miguel Cruz referiu que vão ser encaminhados para o ICN, "pois é esta entidade que tutela as espécies protegidas".
ICN vai poupar 45 mil euros
No total, o ICN vai poupar 45 mil euros com o fim dos protocolos que mantinha para recuperar animais selvagens.
Além dos três centros de recuperação, o instituto atribuía 10 mil euros à Rede Abrigos, constituída pelo Zoomarine, Projecto Delfim e Jardim Zoológico de Lisboa.
Em declarações anteriores à Lusa, o gabinete de relações públicas do ICN esclareceu que, "face a restrições orçamentais", apenas serão mantidas três destas unidades em 2007 (no Norte, Centro e Sul do país).
O ICN adiantou ainda que "não abandonou o apoio a centros de recuperação de animais selvagens" e garantiu que o montante em dívida vai ser pago.
1 comentário:
Mas que péssima noticia!!! Como é possivel isto acontecer?
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