Será este o caminho a seguir para fixar população no Interior?
Se houver desenvolvimento e uma boa qualidade de vida a população não se fixa, naturalmente, mesmo no Interior?
Os projectos de geriatria visam os locais ou pretendem criar uma nova fileira de actividade económica, aberta ao exterior do concelho?
in: Diário xxi de 5/5/2006
Imigrantes vão repovoar Vila de Rei
Sexta-Feira, 05 de Maio de 2006
Primeiras famílias brasileiras já chegaram e começam hoje uma vida nova
O sonho da autarca Irene Barata é até final do seu quinto mandato fixar 50 famílias brasileiras, fruto da geminação com Maringá, dar emprego, fomentar investimento e inverter a tendência de desertificação
Luís Fonseca
Chegaram ontem a Vila de Rei as primeiras famílias brasileiras com que a Câmara local pretende inverter a tendência de desertificação do concelho. Segundo a presidente da autarquia, Irene Barata, o objectivo “é até ao final deste mandato fixar 50 famílias brasileiras com este projecto. Estou há 17 anos na Câmara, este é meu quinto mandato e espero cumprir esse sonho”, sublinha.
Ontem chegaram quatro casais, que representam no total 15 pessoas, contabilizando bebés e crianças. No final do ano poderá chegar um novo grupo. As famílias são oriundas da cidade brasileira de Maringá - em que reside uma numerosa comunidade portuguesa de Vila de Rei e com a qual o município está geminado.
Os imigrantes vão receber acções de formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) na área da geriatria, para trabalharem nos investimentos privados em curso no concelho (ver caixa).
O concelho de Vila de Rei estende-se por uma área de 193 mil quilómetros quadrados e abrange 94 povoações. Actualmente não tem mais de cinco mil habitantes, dos quais mais de um terço tem uma idade superior a 65 anos.
A autarca realça que “o desemprego no concelho é praticamente inexistente, pelo que este projecto não prejudica a população”. Aliás, segundo a autarca, “do que precisamos é de mais residentes”.
PROJECTO INOVADOR
“Temos orgulho neste nosso projecto inovador, com o qual queremos rejuvenescer e repovoar o concelho e inverter a tendência de desertificação. Garantimos emprego para fixar a população e ao mesmo tempo asseguramos mão-de-obra qualificada para os novos investimentos”, descreve Irene Barata.
A presidente da Câmara recorda que o município já tinha sido pioneiro noutro tipo de iniciativas, “como os subsídios ao casamento e à natalidade”. “Temos feito de tudo para contrariar a desertificação e acreditamos que, graças a esses esforços, este é um concelho com boa qualidade de vida”, destaca. Os serviços gratuitos no jardim-de-infância, prolongamento de horários e natação, são alguns dos exemplos da “ginástica para fixar a população jovem”.
Segundo a autarca, “o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, bem como o IEFP e demais entidades foram extraordinárias no acelerar deste processo. O problema é que eu própria desconhecia a lei, porque senão, tudo teria sido ainda mais rápido”, sublinha.
Áreas de geriatria e restauração
Investimentos em curso pedem mão-de-obra
Em breve vai começar a ser construído em Vila de Rei um centro de lazer e bem-estar para 300 utentes, enquanto nas freguesias de São João do Peso e Milreu já estão em fase adiantada as obras de dois lares, cada um com capacidade para 70 utentes.
As três obras representam um investimento estimado da ordem dos nove milhões de euros.
Para o próximo ano, a autarquia prevê o aparecimento de investimentos privados na área da restauração, aos quais deverá ser dada resposta com mais emigrantes brasileiros.
Alojamento temporário
As famílias que ontem chegaram vão ficar alojadas temporariamente numa escola primária requalificada em São João do Peso, “até alugarem as suas próprias habitações, ao longo”, segundo anunciou Irene Barata. Cada uma “seguirá a sua própria vida, naturalmente”, sendo que a escolha de habitações deverá ocorrer nos próximos dias.
Selecção de imigrantes
A selecção de candidatos a residir em Vila de Rei no âmbito do projecto da autarquia, decorre no Brasil. O processo é liderado do outro lado do Atlântico pela própria prefeitura (o equivalente no Brasil às câmaras municipais) de Maringá.
Universidade apoia
A forte ligação entre as comunidades de Vila de Rei e Maringá reflecte-se também na disponibilidade já manifestada pela universidade daquela cidade brasileira. “Quando for entendido por bem, há abertura para se encetar cooperação entre a universidade e o nosso concelho” explica Irene Barata. A realização de estágios profissionais, “nomeadamente na área da enfermagem, é uma das hipóteses”, refere.
Sem comentários:
Enviar um comentário