Entrevista com a Arqueóloga que coordenou as escavações no Castelo de Castelo Novo.
Obrigado e parabéns pela qualidade e excelência do trabalho desenvolvido, que permitiu aprofundar o conhecimento histórico da região e conduziu à criação de um núcleo museológico de raíz. Aguardo com ansiedade a oportunidade de poder estudar o livro resultante do trabalho de arqueologia.
in:Jornal do Fundão
SECÇÃO: Grande Tema
SILVINA SILVÉRIO
«Fizemos uma selecção do espólio»
Quanto tempo demorou a campanha de escavação?
O trabalho de escavação demorou três anos. Foram várias campanhas ao longo dos Verões de três anos, com uma equipa bastante alargada. Estamos agora a traba-lhar algum espólio proveniente do castelo.
Das peças que foram retiradas do castelo, há alguma que destaque?
São peças características dos sítios medievais e modernos de outros contextos arqueológicos em Portugal. No entanto foi possível identificar peças de importação, que só poderiam ter chegado aqui por via do comércio, que chegavam aos portos de Lisboa ou do Porto e que depois entrariam no Interior do país pelas vias comerciais. Por outro lado temos um grande acervo de cerâmica comum medieval, mas sobretudo já da época moderna – meados do século XV aos finais do século XVI – , que foi basicamente a altura em que o castelo foi abandonado, onde deixou de ter utilidade do ponto de vista de fortificação. Temos também muitas moedas e uma grande quantidade de peças metálicas, em ferro e em cobre.
Os achados estão compreendidos entre que período temporal?
Desde o século XIII até finais do século XVI. Uma ou outra peça poderá ir até aos inícios do século XVII, mas não passa disso.
O que está exposto é uma ínfima parte do que foi encontrado...
É. Não expusemos tudo o que tínhamos porque, para já, o espaço não dava para mais e preferimos fazer uma selecção do espólio. Mas à medida que vamos trabalhar mais o material, irão aparecer, de certeza, mais peças boas para restauro.
Um trabalho que ainda vai demorar mais algum tempo...
Vai demorar anos. Vou- -lhe dar uma ideia por alto: cada mês de trabalho de campo corresponde a quatro/cinco meses de trabalho de gabinete. Nós escavámos cerca de dez meses. Normalmente quando acaba o trabalho de campo nestes projectos do Programa Nacional de Trabalho Arqueológicos, os anos seguintes são dedicados aos estudos dos materiais. Mas penso que dentro de, no máximo, dois anos já teremos o espólio todo estudado.
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