Vinhos da Beira Interior
Finalmente, consegui encontrar no mercado o Quinta dos Currais 2002 Tinto, produzido com base nas castas Touriga-Nacional, Aragonez, Castelão e Rufete, sem indicação da distribuição de cada casta. O vinho é produzido pelo cirurgião José Diogo Tomás, numa quinta da Capinha. Posteriormente, apresentarei mais detalhes e a minha opinião sobre o Vinho. Consegui também comprar, do mesmo produtor, um Vinho Branco de casta Síria, muito bem cotado nas revistas da especialidade. Comprei os referidos vinhos no Jumbo de Castelo Branco.
Depois desta informação, uma má notícia para os vinhos da Beira Interior. Consultei os catálogos da Feira de Vinhos do El Corte Inglês e do Pingo Doce. O El Corte Inglês refere um único produtor a Casa Garrett do Tortozendo, com os vinhos Encosta da Serra e
Almeida Garrett. O Pigo Doce nem sequer refere a região demarcada da Beira Interior, quanto mais apresentar algum dos seus vinhos. Relativamente ao Corte Inglês há uma diferença entre o Supermercado e o Gourmet. O Gourmet não participa na Feira dos Vinhos do El Corte Inglês e têm à venda pelo menos o Quinta dos Termos da Beira Interior.
quinta-feira, setembro 29, 2005
terça-feira, setembro 20, 2005
Chocalhos 2005
Um dos grupos musicais que se exibiu em Alpedrinha, composto por três músicos, incluia no seu reportório a utilização de uma palheta. Foi feita a apresentação deste instrumento, de uma forma muito imperfeita e com erros. Disseram que aquele instrumento tinha sido construído em Penha Garcia. No final falei com o músico em causa, procurando saber quem tinha construído aquele instrumento. Disse tratar-se de José Reis, expliquei-lhe que José Reis era de Monsanto e não de Penha Garcia e que certamente aquela não era uma das suas palhetas. Acabou por dizer que tinha sido ele próprio a construir a palheta, com base no instrumento de José Reis. Relativamente à localização referida foi-me dito que tinham obtido a informação no site da Attambur. Lá lhes disse que conhecia muito bem o site da Attambur e que a informação aí apresentada era correcta, citando Ernesto Veiga de Oliveira, que desconheciam. Para finalizar, interpretaram um tema de Trás-os-Montes, para utilizarem a palheta, quando há inúmeros registos sonoros de José Reis utilizando a Palheta, de temas da Beira Interior, como sejam a Senhora da Póvoa, Senhora do Almortão e outras. Tudo isto a acrescentar à apresentação da palheta como o oboé da Beira Interior, feita pelo Jornal do Fundão.
É desta forma que a cultura da Beira Interior é tratada, perdeu-se uma excelente oportunidade de informar o Público sobre a riqueza dos instrumentos Tradicionais da Beira Interior e também para enquadrar a música no tema da Festa. A Festa era sobre a Transumância e José Reis era Pastor.
Foi também uma tristeza constatar o atraso relativamente à apresentação dos produtos regionais, Licores com uma etiqueta referenciando somente a produtora, esquecendo a composição, grau alcoólico, contactos e outras informações relevantes exigidas pela lei e pelos consumidores. Felizmente que ao nível dos petiscos estavam disponiveís alguns produtos da região, ovos verdes (com pouca salsa e vinagre), botelha frita, xerovias, peixinhos da horta, entre outros. Nas bebidas, na região da cereja e da ginja, não encontrei produtos com o mínimo de qualidade. A ginja, que tive oportunidade de provar era de fraca qualidade, muito temos que aprender com Óbidos. Estamos na pré-história do aproveitamento dos produtos regionais, para fins turísticos. Houve animação, muita música, movimento, mas é preciso muito mais. Os artesãos e camponeses precisam de se organizar e serem ajudados para valorizarem os seus produtos. As associações de desenvolvimento regional precisam de aprender com as congéneres de outras regiões, que conseguiram uma valorização muito mais forte e eficiente dos produtos da sua região. Improviso, boa vontade, não são suficientes. Numa economia global é preciso muito mais, conhecimento, estudo, investigação é o que faz falta....
Um dos grupos musicais que se exibiu em Alpedrinha, composto por três músicos, incluia no seu reportório a utilização de uma palheta. Foi feita a apresentação deste instrumento, de uma forma muito imperfeita e com erros. Disseram que aquele instrumento tinha sido construído em Penha Garcia. No final falei com o músico em causa, procurando saber quem tinha construído aquele instrumento. Disse tratar-se de José Reis, expliquei-lhe que José Reis era de Monsanto e não de Penha Garcia e que certamente aquela não era uma das suas palhetas. Acabou por dizer que tinha sido ele próprio a construir a palheta, com base no instrumento de José Reis. Relativamente à localização referida foi-me dito que tinham obtido a informação no site da Attambur. Lá lhes disse que conhecia muito bem o site da Attambur e que a informação aí apresentada era correcta, citando Ernesto Veiga de Oliveira, que desconheciam. Para finalizar, interpretaram um tema de Trás-os-Montes, para utilizarem a palheta, quando há inúmeros registos sonoros de José Reis utilizando a Palheta, de temas da Beira Interior, como sejam a Senhora da Póvoa, Senhora do Almortão e outras. Tudo isto a acrescentar à apresentação da palheta como o oboé da Beira Interior, feita pelo Jornal do Fundão.
É desta forma que a cultura da Beira Interior é tratada, perdeu-se uma excelente oportunidade de informar o Público sobre a riqueza dos instrumentos Tradicionais da Beira Interior e também para enquadrar a música no tema da Festa. A Festa era sobre a Transumância e José Reis era Pastor.
Foi também uma tristeza constatar o atraso relativamente à apresentação dos produtos regionais, Licores com uma etiqueta referenciando somente a produtora, esquecendo a composição, grau alcoólico, contactos e outras informações relevantes exigidas pela lei e pelos consumidores. Felizmente que ao nível dos petiscos estavam disponiveís alguns produtos da região, ovos verdes (com pouca salsa e vinagre), botelha frita, xerovias, peixinhos da horta, entre outros. Nas bebidas, na região da cereja e da ginja, não encontrei produtos com o mínimo de qualidade. A ginja, que tive oportunidade de provar era de fraca qualidade, muito temos que aprender com Óbidos. Estamos na pré-história do aproveitamento dos produtos regionais, para fins turísticos. Houve animação, muita música, movimento, mas é preciso muito mais. Os artesãos e camponeses precisam de se organizar e serem ajudados para valorizarem os seus produtos. As associações de desenvolvimento regional precisam de aprender com as congéneres de outras regiões, que conseguiram uma valorização muito mais forte e eficiente dos produtos da sua região. Improviso, boa vontade, não são suficientes. Numa economia global é preciso muito mais, conhecimento, estudo, investigação é o que faz falta....
sexta-feira, setembro 16, 2005
Chocalhos 2005 - A Festa da Transumância
Um dos percursos da Transumância era a campina da Idanha, porquê a ausência da participação da Idanha nestas actividades? Sem a campina, como muito bem descreveu Orlando Ribeiro, a transumância ficaria muito mais limitada. O grande trajecto pastoril era entre a serra da Estrela e a campina da Idanha. Limitar a transumância ao concelho do Fundão é muito limitativo e mistificador relativamente à realidade sócio-económica associada ao pastoreio na beira Interior.
Mesmo assim comemore-se....
A ideia de pintar as ovelhas é muito colorida, mas é mera cópia do que os nossos vizinhos espanhóis fizeram na região de Salamanca, colocaram ao lado das estradas esculturas de Touros pintadas com cores idênticas às adoptadas para as nossas ovelhas....
2005 SETEMBRO
SEXTA-FEIRA
18.30H Acampamento
Recepção aos participantes
19.00H Abertura da Feira dos Chocalhos 2005
Grupo de Bombos de Alpedrinha
Acordeonistas
20.00H Rancho Folclórico e Etnográfico de Cernache do Bonjardim
21.00H Cantares ao Desafio
22.00H
Canto do Sr. Maia
CONCERTO
MÚSICA BARROCA
Jazz e Fados
SÁBADO
09.00H “O Solitário Caminho dos Pastores”
Passeio pedestre com visita a queijaria e Prova Gastronómica.
15.00H "Conversas Transumantes"
moderado por Maria João Centeno com a participaçáo de Francisco Duarte Mangas (escritor), Marcos Cavaleiro (músico), Manuel Poças das Neves “Mapone” (gastrónomo)
Lançamento do Livro
"Fundão -Terra de Bom Queijo"
de Mapone
17.00H Arruada com:
Adufeiras da Casa do Povo do Paul
Associação de Acordeonistas da Beira Baixa
Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho
GigaBombos
Grupo de Bombos de Alcaide, Alcongosta, Alpedrinha, Amigos do Fundão, Casa do Povo do Paul, Donas e Junta de Freguesia doFundão.
Rancho Folclórico dos Pastores do Açor
21.00H CONCERTOS
Gaita Folia
Adufeiras da Casa do Povo do Paul
Associação de Acordeonistas da Beira Baixa
Associação Ocaia
Casa do Povo do Paul
Rancho Folclórico dos Pastores do Açor
Campânula Herminii
GigaBombos
21.00H
Campânula Herminii
GigaBombos
Gaita Folia
Adufeiras da Casa do Povo do Paul
Associação de Acordeonistas da Beira Baixa
Associação Ocaia
Casa do Povo do Paul
Rancho Folclórico dos Pastores do Açor
Associação Ocaia
Casa do Povo do Paul
Rancho Folclórico dos Pastores do Açor
Campânula Herminii
GigaBombos
Gaita Folia
Adufeiras da Casa do Povo do Paul
Associação de Acordeonistas da Beira Baixa
22.00H CONCERTO
ACORDEONISTA SERTÓRIO
DOMINGO
09.00H Percurso pedestre “Rota da Transumância”
Fundão > Alcongosta > Alpedrinha,
pela antiga via romana e rota da transumância, esta acção terá a participação de um rebanho, pastores e músicos.
Partida: Praça do Município do Fundão
16.00H DESFILE
Rancho Folclórico de Alpedrinha
Grupo de Bombos de Alpedrinha
Acordeonistas
19.00H Grupo de Bombos do Sagrado Coração de Maria do Ferro
21.00H Actuação do Rancho Folclórico de Alpedrinha
22.00H Encerramento da Feira dos Chocalhos 2005
Concerto
Acordeão e Violino
Informações: www.transumancia.com.chocalhos@transumancia.com
Organização:
Câmara Municipal do Fundão
em parceria com
Junta de Freguesia de Alpedrinha . Gardunha Viva – Associação de Montanhismo do Fundão . Ocaia – Associação de Artes e Saberes Tradicionais
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sábado, setembro 10, 2005
Produtos nacionais no mercado Irlandes
Em visita de trabalho a Irlanda constatei a inexistencia de produtos portugueses neste mercado. Nos restaurantes, em geral com uma lista muito variada de vinhos dominam os vinhos do Chile, Australia, Africa do Sul, raros espanhois e franceses e ZERO de portugueses. No dominio dos azeites so um ou outro italianos. O que e que o adido economico da Embaixada tem andado a fazer? Porque gastar dinheiro com um servico completamente irrelevante para o Pais? Nao sera de fazer uma avaliacao destas representacoes e fazer regressar todos os funcionarios que nao apresentam trabalho? Como se sabe a passagem por embaixadas e um dos estratagemas adoptados para elevar a reforma dos funcionarios publicos, com possibilidade de acesso a estas funcoes, porque o calculo da reforma inclui as remuneracoes auferidas no exercicio dessas funcoes. Este e outros absurdos tem conduzido ao esvaziar dos fundos da Caixa Geral de Aposentacoes, podem em risco o futuro das reformas e obrigando o governo a intervir e a alterar as condicoes de atribuicao de reformas. Mas, diplomatas, funcionarios de notarios, funcionarios judiciais, entre outros, continuam a reformar-se com reformas muito superiores aos restantes funcionarios, pondo em causa a continuidade do sistema. Porque nao actuar aqui primeiro, tanto mais que o trabalho efectuado em muitas embaixadas e nulo, em termos de resultados economicos para o pais e empresas portuguesas.
Em visita de trabalho a Irlanda constatei a inexistencia de produtos portugueses neste mercado. Nos restaurantes, em geral com uma lista muito variada de vinhos dominam os vinhos do Chile, Australia, Africa do Sul, raros espanhois e franceses e ZERO de portugueses. No dominio dos azeites so um ou outro italianos. O que e que o adido economico da Embaixada tem andado a fazer? Porque gastar dinheiro com um servico completamente irrelevante para o Pais? Nao sera de fazer uma avaliacao destas representacoes e fazer regressar todos os funcionarios que nao apresentam trabalho? Como se sabe a passagem por embaixadas e um dos estratagemas adoptados para elevar a reforma dos funcionarios publicos, com possibilidade de acesso a estas funcoes, porque o calculo da reforma inclui as remuneracoes auferidas no exercicio dessas funcoes. Este e outros absurdos tem conduzido ao esvaziar dos fundos da Caixa Geral de Aposentacoes, podem em risco o futuro das reformas e obrigando o governo a intervir e a alterar as condicoes de atribuicao de reformas. Mas, diplomatas, funcionarios de notarios, funcionarios judiciais, entre outros, continuam a reformar-se com reformas muito superiores aos restantes funcionarios, pondo em causa a continuidade do sistema. Porque nao actuar aqui primeiro, tanto mais que o trabalho efectuado em muitas embaixadas e nulo, em termos de resultados economicos para o pais e empresas portuguesas.
domingo, setembro 04, 2005
Entrevista com a Arqueóloga que coordenou as escavações no Castelo de Castelo Novo.
Obrigado e parabéns pela qualidade e excelência do trabalho desenvolvido, que permitiu aprofundar o conhecimento histórico da região e conduziu à criação de um núcleo museológico de raíz. Aguardo com ansiedade a oportunidade de poder estudar o livro resultante do trabalho de arqueologia.
in:Jornal do Fundão
SECÇÃO: Grande Tema
SILVINA SILVÉRIO
«Fizemos uma selecção do espólio»
Quanto tempo demorou a campanha de escavação?
O trabalho de escavação demorou três anos. Foram várias campanhas ao longo dos Verões de três anos, com uma equipa bastante alargada. Estamos agora a traba-lhar algum espólio proveniente do castelo.
Das peças que foram retiradas do castelo, há alguma que destaque?
São peças características dos sítios medievais e modernos de outros contextos arqueológicos em Portugal. No entanto foi possível identificar peças de importação, que só poderiam ter chegado aqui por via do comércio, que chegavam aos portos de Lisboa ou do Porto e que depois entrariam no Interior do país pelas vias comerciais. Por outro lado temos um grande acervo de cerâmica comum medieval, mas sobretudo já da época moderna – meados do século XV aos finais do século XVI – , que foi basicamente a altura em que o castelo foi abandonado, onde deixou de ter utilidade do ponto de vista de fortificação. Temos também muitas moedas e uma grande quantidade de peças metálicas, em ferro e em cobre.
Os achados estão compreendidos entre que período temporal?
Desde o século XIII até finais do século XVI. Uma ou outra peça poderá ir até aos inícios do século XVII, mas não passa disso.
O que está exposto é uma ínfima parte do que foi encontrado...
É. Não expusemos tudo o que tínhamos porque, para já, o espaço não dava para mais e preferimos fazer uma selecção do espólio. Mas à medida que vamos trabalhar mais o material, irão aparecer, de certeza, mais peças boas para restauro.
Um trabalho que ainda vai demorar mais algum tempo...
Vai demorar anos. Vou- -lhe dar uma ideia por alto: cada mês de trabalho de campo corresponde a quatro/cinco meses de trabalho de gabinete. Nós escavámos cerca de dez meses. Normalmente quando acaba o trabalho de campo nestes projectos do Programa Nacional de Trabalho Arqueológicos, os anos seguintes são dedicados aos estudos dos materiais. Mas penso que dentro de, no máximo, dois anos já teremos o espólio todo estudado.
Obrigado e parabéns pela qualidade e excelência do trabalho desenvolvido, que permitiu aprofundar o conhecimento histórico da região e conduziu à criação de um núcleo museológico de raíz. Aguardo com ansiedade a oportunidade de poder estudar o livro resultante do trabalho de arqueologia.
in:Jornal do Fundão
SECÇÃO: Grande Tema
SILVINA SILVÉRIO
«Fizemos uma selecção do espólio»
Quanto tempo demorou a campanha de escavação?
O trabalho de escavação demorou três anos. Foram várias campanhas ao longo dos Verões de três anos, com uma equipa bastante alargada. Estamos agora a traba-lhar algum espólio proveniente do castelo.
Das peças que foram retiradas do castelo, há alguma que destaque?
São peças características dos sítios medievais e modernos de outros contextos arqueológicos em Portugal. No entanto foi possível identificar peças de importação, que só poderiam ter chegado aqui por via do comércio, que chegavam aos portos de Lisboa ou do Porto e que depois entrariam no Interior do país pelas vias comerciais. Por outro lado temos um grande acervo de cerâmica comum medieval, mas sobretudo já da época moderna – meados do século XV aos finais do século XVI – , que foi basicamente a altura em que o castelo foi abandonado, onde deixou de ter utilidade do ponto de vista de fortificação. Temos também muitas moedas e uma grande quantidade de peças metálicas, em ferro e em cobre.
Os achados estão compreendidos entre que período temporal?
Desde o século XIII até finais do século XVI. Uma ou outra peça poderá ir até aos inícios do século XVII, mas não passa disso.
O que está exposto é uma ínfima parte do que foi encontrado...
É. Não expusemos tudo o que tínhamos porque, para já, o espaço não dava para mais e preferimos fazer uma selecção do espólio. Mas à medida que vamos trabalhar mais o material, irão aparecer, de certeza, mais peças boas para restauro.
Um trabalho que ainda vai demorar mais algum tempo...
Vai demorar anos. Vou- -lhe dar uma ideia por alto: cada mês de trabalho de campo corresponde a quatro/cinco meses de trabalho de gabinete. Nós escavámos cerca de dez meses. Normalmente quando acaba o trabalho de campo nestes projectos do Programa Nacional de Trabalho Arqueológicos, os anos seguintes são dedicados aos estudos dos materiais. Mas penso que dentro de, no máximo, dois anos já teremos o espólio todo estudado.
Aqui está a prova da excelência de trabalhos de arqueologia na Beira Interior
In: Jornal do Fundão
SECÇÃO: Grande Tema
NÚCLEO MUSEOLÓGICO DE CASTELO NOVO
Uma história de séculos contada a partir do castelo
Parte do trabalho de três anos de escavações arqueológicas no castelo desta aldeia histórica já pode ser visto pelo público. Moedas e peças de cerâmica são alguns dos objectos presentes no núcleo museológico de Castelo Novo
A ALDEIA histórica de Castelo Novo já exibe o seu rico passado no recém-inaugurado núcleo museológico, onde está patente parte do espólio que foi recolhido nas três campanhas de escavações arqueológicas que decorreram entre 2002 e 2004, no castelo da aldeia. O novo espaço – a funcionar na antiga Casa da Câmara – foi inaugurado no âmbito das Jornadas de Arqueologia Medieval e Moderna de Castelo Novo, que decorreram na semana passada e pode ser visitado todos os dias das 9 e 30 às 13 e das 14 e 30 às 18 horas. Nos dias úteis, a visita é realizada mediante solicitação no posto de turismo.
Cerâmicas e moedas são alguns dos objectos que se podem encontrar no novo espaço museológico. Ao todo recuperaram-se 247 moedas em razoável estado de conservação, que remontam a vários reinados compreendidos entre o de D. Sancho I (1169-1210) até ao de D. João III (1521-1557). Contudo, deste último reinado, foi apenas encontrado um exemplar numismático, facto a que se deverá, segundo Silvina Silvério e Luís Barros, os arqueólogos autores do livro “Arqueologia no Castelo da Aldeia Histórica de Castelo Novo (2002-2004). Resultados Preliminares”, a esta ser uma fase em que “a fortificação deveria estar já em processo de ruína”. Algumas moedas mais recentes foram recolhidas em níveis que correspondem a “entulhos sub-actuais”, não correspondendo à fase de uso do castelo. Das escavações resultaram também extracções de fragmentos de louça de cozinha, jarros, potes e exemplares de uso pessoal e doméstico. Neste campo, o grupo mais escasso remete para jóias e peças de adorno pessoal e “nele só podemos incluir duas, ambas em cobre, um alfinete medieval (...) e um anel com a insígnia da Ordem de Cristo, cuja cronologia se situa entre os séculos XV e XVI”, revela ainda o documento.
No que diz respeito ao armamento, foi encontrado um conjunto significativo de artefactos “sobretudo representado por várias pontas de seta e virotes de besta”. Também foi descoberta uma espora de cavaleiro e “o remate de bainha de punhal, em cobre, com decoração fitomórfica ladeando a cruz da Ordem de Cristo que constitui o motivo central. Este objecto, fragmentado, mas quase completo, destaca-se pela simplicidade das incisões que definem o desenho, as quais são algo irregulares”, diz ainda o livro. Também foram recuperadas durante as escavações argolas em cobre e ferro “que presumimos terem pertencido ao arnês ou cabeçada das montadas. As primeiras apresentam desgaste em parte da face interna o que indica uma tracção constante num dos segmentos, enquanto a segunda, constituída por uma cadeia dupla articulada poderá ter correspondido a um elemento de ligação entre o freio e a rédea”. No que diz respeito ao mobiliário “foram identificados vários elementos em cobre, aos quais não podemos atribuir outra função que não seja a decorativa”, e “entre eles, destacamos apenas três em forma de estrela ou fitomórfica, com três pontas, a título de exemplo, compatíveis com a decoração patente numa banqueta representada no Tumbo A da catedral de Santiago de Compostela, códice datado do século XII, uma vez que a cronologia destes artefactos, face ao restante espólio, aponta para os séculos XV a XVI”. No domínio das actividades artesanais foi encontrado “um apoio de cabo de broca, obtido a partir de um fragmento de tijoleira rudemente afeiçoada”, que datará dos séculos XV-XVI, bem como uma serra praticamente completa em ferro, que datará do mesmo período. Foram ainda encontradas duas cunhas em ferro.
Grande parte do espólio encontrado no castelo encontra-se ainda em trabalho de gabinete, podendo muito dele ter ainda como destino este espaço, que irá ser ampliado às salas contíguas para receber não só mais peças provenientes do castelo, mas toda a colecção medieval do novo Museu Municipal do Fundão, ficando aqui instalado o núcleo medieval deste.
In: Jornal do Fundão
SECÇÃO: Grande Tema
NÚCLEO MUSEOLÓGICO DE CASTELO NOVO
Uma história de séculos contada a partir do castelo
Parte do trabalho de três anos de escavações arqueológicas no castelo desta aldeia histórica já pode ser visto pelo público. Moedas e peças de cerâmica são alguns dos objectos presentes no núcleo museológico de Castelo Novo
A ALDEIA histórica de Castelo Novo já exibe o seu rico passado no recém-inaugurado núcleo museológico, onde está patente parte do espólio que foi recolhido nas três campanhas de escavações arqueológicas que decorreram entre 2002 e 2004, no castelo da aldeia. O novo espaço – a funcionar na antiga Casa da Câmara – foi inaugurado no âmbito das Jornadas de Arqueologia Medieval e Moderna de Castelo Novo, que decorreram na semana passada e pode ser visitado todos os dias das 9 e 30 às 13 e das 14 e 30 às 18 horas. Nos dias úteis, a visita é realizada mediante solicitação no posto de turismo.
Cerâmicas e moedas são alguns dos objectos que se podem encontrar no novo espaço museológico. Ao todo recuperaram-se 247 moedas em razoável estado de conservação, que remontam a vários reinados compreendidos entre o de D. Sancho I (1169-1210) até ao de D. João III (1521-1557). Contudo, deste último reinado, foi apenas encontrado um exemplar numismático, facto a que se deverá, segundo Silvina Silvério e Luís Barros, os arqueólogos autores do livro “Arqueologia no Castelo da Aldeia Histórica de Castelo Novo (2002-2004). Resultados Preliminares”, a esta ser uma fase em que “a fortificação deveria estar já em processo de ruína”. Algumas moedas mais recentes foram recolhidas em níveis que correspondem a “entulhos sub-actuais”, não correspondendo à fase de uso do castelo. Das escavações resultaram também extracções de fragmentos de louça de cozinha, jarros, potes e exemplares de uso pessoal e doméstico. Neste campo, o grupo mais escasso remete para jóias e peças de adorno pessoal e “nele só podemos incluir duas, ambas em cobre, um alfinete medieval (...) e um anel com a insígnia da Ordem de Cristo, cuja cronologia se situa entre os séculos XV e XVI”, revela ainda o documento.
No que diz respeito ao armamento, foi encontrado um conjunto significativo de artefactos “sobretudo representado por várias pontas de seta e virotes de besta”. Também foi descoberta uma espora de cavaleiro e “o remate de bainha de punhal, em cobre, com decoração fitomórfica ladeando a cruz da Ordem de Cristo que constitui o motivo central. Este objecto, fragmentado, mas quase completo, destaca-se pela simplicidade das incisões que definem o desenho, as quais são algo irregulares”, diz ainda o livro. Também foram recuperadas durante as escavações argolas em cobre e ferro “que presumimos terem pertencido ao arnês ou cabeçada das montadas. As primeiras apresentam desgaste em parte da face interna o que indica uma tracção constante num dos segmentos, enquanto a segunda, constituída por uma cadeia dupla articulada poderá ter correspondido a um elemento de ligação entre o freio e a rédea”. No que diz respeito ao mobiliário “foram identificados vários elementos em cobre, aos quais não podemos atribuir outra função que não seja a decorativa”, e “entre eles, destacamos apenas três em forma de estrela ou fitomórfica, com três pontas, a título de exemplo, compatíveis com a decoração patente numa banqueta representada no Tumbo A da catedral de Santiago de Compostela, códice datado do século XII, uma vez que a cronologia destes artefactos, face ao restante espólio, aponta para os séculos XV a XVI”. No domínio das actividades artesanais foi encontrado “um apoio de cabo de broca, obtido a partir de um fragmento de tijoleira rudemente afeiçoada”, que datará dos séculos XV-XVI, bem como uma serra praticamente completa em ferro, que datará do mesmo período. Foram ainda encontradas duas cunhas em ferro.
Grande parte do espólio encontrado no castelo encontra-se ainda em trabalho de gabinete, podendo muito dele ter ainda como destino este espaço, que irá ser ampliado às salas contíguas para receber não só mais peças provenientes do castelo, mas toda a colecção medieval do novo Museu Municipal do Fundão, ficando aqui instalado o núcleo medieval deste.
In: Jornal do Fundão
Em Castelo Branco no dia 23
Exposição itinerante divulga arqueologia da BI
Divulgar a arqueologia da Beira Interior é a missão a que se propôs a ARA
ao conceber a exposição itinerante sobre 25 estações arqueológicas desta região
AS RUÍNAS da Torre de Centum Cellas, em Belmonte, o templo romano de Nossa Senhora das Cabeças em Orjais, Covilhã, e a estação arqueológica da Torre dos Namorados em Vale de Prazeres (Fundão) são alguns dos sítios de interesse arqueológico do distrito que integram a exposição itinerante intitulada “25 Sítios Arqueológicos da Beira Interior”. Depois de viajar por Trancoso, Proença, Gouveia, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo e tantos outros concelhos de ambos os distritos da Guarda e Castelo Branco desde Maio, a mostra chega a Castelo Branco a 23 de Setembro onde poderá ser visitada até 7 de Outubro, prevendo-se que esteja patente ao público na cidade do Fundão de 23 de Outubro a 5 de Novembro. Concebida pela ARA - Associação de Desenvolvimento, Estudo e Defesa do Património da Beira Interior, com o apoio dos 20 municípios de ambos os distritos da Guarda e Castelo Branco e de vários investigadores, a mostra reúne um conjunto de 25 estações arqueológicas mais relevantes, constituindo uma forma invulgar e despretensiosa de divulgar a Arqueologia da região. Mais de 30 investigadores trabalharam na concepção e organização desta exposição que é acompanhada de um catálogo, um inventário único desta viagem que constitui “o primeiro esboço de uma possível rota turístico-arqueológica”. Em Castelo Branco, o sítio arqueológico seleccionado foi o Triângulo Arqueológi- co do Monte de São Martinho.
Por: Leonor Velo
Em Castelo Branco no dia 23
Exposição itinerante divulga arqueologia da BI
Divulgar a arqueologia da Beira Interior é a missão a que se propôs a ARA
ao conceber a exposição itinerante sobre 25 estações arqueológicas desta região
AS RUÍNAS da Torre de Centum Cellas, em Belmonte, o templo romano de Nossa Senhora das Cabeças em Orjais, Covilhã, e a estação arqueológica da Torre dos Namorados em Vale de Prazeres (Fundão) são alguns dos sítios de interesse arqueológico do distrito que integram a exposição itinerante intitulada “25 Sítios Arqueológicos da Beira Interior”. Depois de viajar por Trancoso, Proença, Gouveia, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo e tantos outros concelhos de ambos os distritos da Guarda e Castelo Branco desde Maio, a mostra chega a Castelo Branco a 23 de Setembro onde poderá ser visitada até 7 de Outubro, prevendo-se que esteja patente ao público na cidade do Fundão de 23 de Outubro a 5 de Novembro. Concebida pela ARA - Associação de Desenvolvimento, Estudo e Defesa do Património da Beira Interior, com o apoio dos 20 municípios de ambos os distritos da Guarda e Castelo Branco e de vários investigadores, a mostra reúne um conjunto de 25 estações arqueológicas mais relevantes, constituindo uma forma invulgar e despretensiosa de divulgar a Arqueologia da região. Mais de 30 investigadores trabalharam na concepção e organização desta exposição que é acompanhada de um catálogo, um inventário único desta viagem que constitui “o primeiro esboço de uma possível rota turístico-arqueológica”. Em Castelo Branco, o sítio arqueológico seleccionado foi o Triângulo Arqueológi- co do Monte de São Martinho.
Por: Leonor Velo
quinta-feira, setembro 01, 2005
Viola Campaniça
Assisti em Vila Nova de Milfontes à exibição de um grupo popular de executantes de viola campaniça e de cantadores. A viola campaniça, à semelhança da viola beiroa, estava em extinção, mas graças aos trabalhos de Alberto Sardinha, de várias Câmaras alentejanas e de grupos de populares, foi possível retomar a prática popular da utilização desse instrumento popular, no acompanhamento de descantes. Constatei que todas as violas campaniças e outros instrumentos, eram de construção recente e fabricados por um violeiro de S. Martinho das Amoreiras. A sua identificação é Amilcar Martins Silva, S. Martinho da Amoreira, Odemira. Graças à actividade deste e doutros violeiros os grupos populares têm oportunidade de adquirir o instrumento, a preços populares, criando-se assim condições para a revitalização da cultura musical popular.
O que é que nós beirões temos feito, relativamente à viola beiroa? Nada, contribuindo para a entinção da nossa cultura musical, tão rica e variada. Quando é que uma Câmara, Castelo branco, Penamacor ou Idanha, pegam no projecto de revitalizar a arte popular dos violeiros, retornando à produção deste instrumento, a preços populares?
Viola Campaniça
Assisti em Vila Nova de Milfontes à exibição de um grupo popular de executantes de viola campaniça e de cantadores. A viola campaniça, à semelhança da viola beiroa, estava em extinção, mas graças aos trabalhos de Alberto Sardinha, de várias Câmaras alentejanas e de grupos de populares, foi possível retomar a prática popular da utilização desse instrumento popular, no acompanhamento de descantes. Constatei que todas as violas campaniças e outros instrumentos, eram de construção recente e fabricados por um violeiro de S. Martinho das Amoreiras. A sua identificação é Amilcar Martins Silva, S. Martinho da Amoreira, Odemira. Graças à actividade deste e doutros violeiros os grupos populares têm oportunidade de adquirir o instrumento, a preços populares, criando-se assim condições para a revitalização da cultura musical popular.
O que é que nós beirões temos feito, relativamente à viola beiroa? Nada, contribuindo para a entinção da nossa cultura musical, tão rica e variada. Quando é que uma Câmara, Castelo branco, Penamacor ou Idanha, pegam no projecto de revitalizar a arte popular dos violeiros, retornando à produção deste instrumento, a preços populares?
Viola Campaniça
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