in: Cartaxo, Capital do Vinho, suplemento integrante da edição nº 965 de 29 de Abril de 2004 do Semanário O Ribatejo
Enólogo Pedro Gil
Para si a Enologia é uma profissão ou uma paixão?E uma profissão apaixonante.
Como se chega a Enólogo?
Tirando um curso de Enologia ou outro da área das Industrias Agro-Alimentares com especialização em vinhos. Embora a verdadeira especialização seja feita no dia a dia.
Quais são as funções do Enólogo?
Hoje em dia as funções de um Enólogo a tempo inteiro numa Adega são mais abrangentes e vão desde a vinha à própria comercialização através da sua participação em acções de promoção e divulgação. No entanto as principais funções são: a selecção da matéria prima e do seu estado sanitário, bem como todo o acompanhamento desde a produção do vinho até ao seu acondicionamento para consumo.
são estes a ferramenta diária de trabalho para o Enólogo (visão, nariz e boca).
Quais são os principais vectores de actuação do Enólogo na Adega C. Ctx.?
São no Campo, através do acompanhamento do estado de maturação, estado sanitário e controlo de produção (Doc's e Monovarietais). Na Adega, desde a Vinificação, produção de vinhos e produção de engarrafados, bem como laboratório e controlo de qualidade.
Como definiria ao longo do tempo a relação que mantém com os associados da Adega?Normal, na base da confiança e respeito mútuos. De uma forma global é bastante positiva.
Acha que a revisão da PAC favorece o sector da vinha e do vinho?Não conheço o dossier e como tal não tenho opinião formada sobre o assunto.
A enologia exige sentidos apurados. E necessário ter alguns cuidados para os manter?
É verdade, nomeadamente ao nível da acuidade sensorial (visão, olfacto e gosto). Os cuidados são os básicos no que diz respeito aos sentidos mencionados. No fundo
Existem ainda produtores de vinho que dispensam os Enólogos?
Infelizmente sim. Somos um País onde existe a ideia de que de vinhos todos percebemos um pouco. Continua a haver muita uva que todos os anos é subaproveitada produzindo vinhos de qualidade inferior.
Que conselho daria aos compradores de vinhos de Portugal?
Dir-lhes-ia que tivessem em atenção a genuinidade do produto e a sua origem bem como a garantia de qualidade através da compra de vinhos com denominação de origem (Regionais e Doc's).
Porter aposta no "cluster" do vinho português
A nossa vitivinicultura pode ter um grande futuro no mercado da globalização. Mas para isso é necessária uma visão estratégica e um conjunto de medidas consideradas fundamentais para aumentar a competitividade do "cluster" do vinho português ao longo da próxima década. Este o resultado do estudo apresentado pela empresa de consultoria de Michael Porter, realizado a pedido da ViniPortugal. Entre as múltiplas propostas apresentadas pelos especialistas que conduziram o estudo e elaboraram o respectivo relatório, salientam-se as seguintes:
1 - Aumentar em valor até 2010 as exportações portuguesas de vinho de qualidade passando para mais 35% dos rendimentos do sector e atingir um rendimento total anual de mil milhões de Euros,
contra os actuais 757 milhões em 2002;
2 - Concentrar esforços na promoção e manutenção da categoria "Portugal" no Reino Unido e nos EUA;
3 - Desenvolver e expandir os vinhos portugueses na categoria super-premium (entre 8 - 14 Euros);
4 - Melhorar significativamente a apresentação e a imagem dos vinhos portugueses em mercados de exportação;
5 - Investir em investigação de mercado para apurar que castas e lotes se adaptam melhor aos mercados alvo;
6 - Aumentar a escala e o capital das empresas do sector através de operações de consolidação e de investimento;
7 - Melhorar a qualidade das uvas através da introdução sistemas de pagamento da uva baseado na qualidade e aumento
médio da dimensão das parcelas com vinha para áreas superiores ou iguais a 5 hectares;
8 - Proteger, de forma agressiva, as classificações DOC e Regional através da elevação de standards de qualidade;
9 - Criar uma Indicação Geográfica Portugal que permita inovar, mas sem danificar as classificações DOC e Regional;
10 - Promover e aumentar a colaboração entre a indústria e as instituições de investigação e desenvolvimento no sentido de desenvolver 3 a 5 tipos de vinho português distintivos;
11- Profissionalizar os gestores e incentivar a certificação ISO no sector;
12 - desenvolver sinergias e iniciativas conjuntas entre o sector do vinho e o do turismo.
Sem comentários:
Enviar um comentário