terça-feira, maio 18, 2004

Vinhos da Beira Interior

Não é a análise química dos vinhos que a UBI deve oferecer, se a produção de bons vinhos fosse um problema químico o Reino Unido e a Alemanha seriam os melhores produtores. É na selecção de castas, na enologia e no estudo de materiais utilizados no estágio do vinho, que seria bem-vinda a colaboração da UBI e do Politécnico de Castelo Branco.

in: www.diarioxxi.com


“A Beira Interior têm vinhos estupendos, com qualidade bem controlada”
Durante dois dias, quatro jornalistas escandinavos visitaram adegas da Beira Interior e provaram os vinhos da região. Uma iniciativa de promoção internacional, organizada pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior e pela Viniportugal, presidida por Vasco D’Avilize
Francisco Cardona

Que razões levaram a Viniportugal e a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) a apostar na vinda de jornalistas nórdicos?
Estes jornalistas vêm dos países nórdicos (Noruega, Suécia e Finlândia) onde o comércio de vinhos não é livre: é feito através de monopólio do Estado. Os mercados estão em abertura, mas ainda não estão completamente acessíveis. Ou seja, para estes países não pode ir um vinho qualquer, somente os que o monopólio escolhe e quer importar. Assim, é indispensável nesses mercados, mais do que noutros quaisquer,
que os jornalistas expliquem que um determinado vinho que provaram faz falta no repertório dos vinhos nacionais. Ou então para que, estando o vinho já listado pelo monopólio, lhe seja dada a atenção que merece.
Quais são os mercados de penetração do vinho português?
Os mercados alvos que a Viniportugal determinou são o próprio mercado nacional e depois os Estados Unidos (Nova Iorque e Flórida) e o Reino Unido. A prioridade seguinte são os países nórdicos e a Alemanha. E é destes quatro países que, regularmente, convidamos jornalistas.
Há algum estudo que oriente os vinhos portugueses para tais mercados?
Há um ano, a Viniportugal contratou um estudo de diagnóstico à Monitor Company do professor Micheal Porter. Segundo o estudo, não estão identificados os pontos positivos e negativos que apontam cada país como mercado alvo. Por exemplo, nos Estados Unidos e Reino Unido o consumo está a subir. São países que podem pagar. Feito este diagnóstico, partimos para um novo relatório, mas detalhado, só sobre aqueles mercados. É uma espécie de plano de marketing em que os produtores possam pegar e saber o que têm de fazer, desde o tipo de vinho que o mercado procura, o tipo de embalagem atractiva em cada mercado, o preço, a escolha do distribuidor. É o mais longe que se pode ir.
E os produtores aceitaram bem esse plano?
Numa das provas realizada nestes dois dias, a Adega Cooperativa de Figueira Castelo Rodrigo veio ter comigo. Disseram-me que a Viniportugal teria de fazer mais pela adega. A Viniportugal não trabalha pela adega X ou pelo produtor Y. Trabalha para todos os vinhos de Portugal e nós não podemos fazer mais do que isto. Quem tem de concretizar são eles.
Como é que caracteriza a produção de vinho na Beira Interior?
A produção de vinho na Beira Interior é pequena, o que é óptimo, porque pode controlar muito bem a qualidade. E controlam. Têm vinhos estupendos, sobretudos os tintos, de qualidade óptima, com características para poderem ter sucesso fora de Portugal. No entanto, no que respeita à embalagem está tudo por fazer. É preciso trabalhar mais os rótulos. A garrafa usada é também muito baratinha e que não tem graça nenhuma - há algumas excepções na Covilhã e em Pinhel, mas nos outros sítios as garrafas são tipo bordalesa, muito pouco atractivas, conotadas pela maior parte das pessoas com os vinhos de mesa.
E o preço?
É preciso cuidado com os preços. Nestes dois dias, provámos vinhos que saem da adega ou do produtor a nove euros e assim não se consegue exportar. Em média, vinhos que em Portugal custam nove euros por garrafa não têm lugar na exportação. Mas a regra na Beira Interior não é essa: a regra é ter preços muito competitivos.
Destacou os vinhos tintos da Beira Interior, mas e os brancos?
Os vinhos brancos são óptimos, porque usam castas locais (Síria ou Fonte Cal), mas depois os vinhos são vendidos com quatro anos de idade. E isso é que não pode ser. O vinho branco tem de ser vendido novo porque, em geral, não é feito para suportar tanto tempo
Mas porque não conseguem escoar, há quem produza espumantes. Como é que vê essa possibilidade?
Acho uma ideia óptima. É outra porta que tem de ser bem explorada.

(CAIXA)
Laboratórios estudam possibilidade
Análises aos vinhos podem vir a ser feitas na UBI
A Universidade da Beira Interior está a estudar a possibilidade de realizar nos seus laboratórios de Química as análises dos vinhos produzidos na região, na sequência de um pedido feito pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI). “Estamos a ver se existem todos os equipamentos necessários à realização dessa tarefa”, disse ao Diário XXI o reitor da UBI, Manuel Santos Silva. As análises dos vinhos da Beira Interior, que envolvem cerca de 300 tipos diferentes de PH (grau de acidez), são actualmente realizadas em laboratórios do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV) “e são altamente dispendiosas para a comissão”, disse João Pedro Esteves, presidente da CVRBI. Com um orçamento de 125 mil euros anuais, resultante da venda dos selos que são colocados nas garrafas, a CVRBI “tem dificuldades em competir com regiões como o Dão ou a Bairrada”, refere aquele responsável. Além de ser grande a disparidade entre os associados, “essas comissões dispõem de laboratórios próprios, reduzindo assim os custos da actividade”, afirma. A CVRBI dispõe de cinco adegas e sete produtores engarrafadores, enquanto o Dão, por exemplo, dispõe de 23 adegas e mais de 200 produtores engarrafadores.
Sem querer por em causa o ensino e a investigação, o reitor da UBI afirma que “se chegarmos à conclusão que conseguimos fazer todas as análises, estamos disponíveis para prestar este serviço à comunidade”.

(CAIXA)
Presidente da Comissão Vitivinícola pretende acelerar processo
“Todos querem a Rota do Vinho, mas ninguém se mexe”
Com quatro salas de provas preparadas – Adega da Covilhã, Quinta dos Termos, Agrocardo e Casa do Redondo – mas sem resposta das restantes adegas e dos produtores engarrafadores à proposta de estatutos apresentada em Novembro do ano passado, a Rota dos Vinhos da Beira Interior ainda não saiu do papel.
Tida como um elemento importante para a promoção dos vinhos da Região, a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) preparou os estatutos há mais de meio ano. “Parece que falta vontade aos agentes económicos”, lamenta João Esteves. “Todos a querem, porque é um bom meio de divulgação (associar o vinho ao turismo), mas nem se pronunciam sobre os estatutos, nem criam as condições para a receber”, afirma o presidente da CVRBI. “Vou ter de marcar uma nova reunião urgente para nomear a comissão instaladora, para conseguirmos dar os passos necessários à realização da escritura e credibilizar a Rota”, acrescenta. Aquele responsável sublinha que existem fundos do Ministério da Economia que financiam os trabalhos até 40 por cento, “mas ninguém os aproveita”. Às quatro salas de provas já existentes, vai juntar-se, nas próximas semanas, a da Adega Cooperativa de Pinhel, cujas as obras interiores estão a ser ultimadas.

(CAIXA)
As estrelas beirãs
Os vinhos produzidos na Beira Interior apreciados pelos quatro jornalistas (dois suecos e dois finlandeses) na quinta e sexta-feira na sub-Região da Cova da Beira foram os seguintes: Piornos DOC Síria 2003; Piornos DOC tinto 2002 e Colheita do Sócio Superior DOC tinto 2001 (Adega Cooperativa da Covilhã); Cova da Beira DOC branco 2003; Praça Velha Reserva DOC tinto 2000 e Fundanus Prestige tinto 2001 (Adega Cooperativa do Fundão); Quinta dos Termos Fonte Cal DOC 2003; Quinta dos Termos Reserva DOC branco 2002 e Quinta dos Termos Reserva DOC tinto 2002 (João Carvalho) e Almeida Garret Reserva VRB branco 2001; Almeida Garret Reserva tinto VRB 2001 e Entre Serra DOC tinto 2001 (Sociedade Agrícola da Beira – Sabe).
Na sub-Região de Figueira Castelo Rodrigo: Castelo Rodrigo DOC branco 2003; Castelo Rodrigo Colheita Seleccionada DOC tinto 2000 e Castelo Rodrigo Touriga Franca DOC 1999 (Adega Cooperativa de Figueira Castelo Rodrigo); Àquila Vinha Espumante Meio Seco branco 1996; Sereno de Mariz Touriga Nacional DOC tinto 2003 (em estágio) e Fontainhas Reserva DOC tinto 1996 (Caves Fontainhas, Vinhos); D’Aguiar VRB branco 2003; D’Aguiar VRB tinto 2003 e Casa D’Aguiar VRB tinto 2001 (D’Aguiar Companhia Agrícola); Quinta do Cardo DOC branco 2002; Quinta do Cardo DOC tinto 2002 e Quinta do Cardo Colheita Seleccionada DOC tinto 2000 (Agrocardo)..

Na sub-Região de Pinhel: Pinhel DOC branco 2003; Pinhel DOC rosado 2003 e Varandas do Castelo DOC tinto 2000 (Adega Cooperativa de Pinhel); Quinta das Vermelhas Trincadeira DOC 2003; Quinta das Vermelhas Touriga Nacional DOC tinto 2003 e BioBranco S. Francisco DOC 2003 (Aurélio Galhardo Coelho); João Tição Síria DOC 2001; Maria Moura VRB rosado 2003 e João Tição Touriga Franca DOC 2001 (Cooperativa Agrícola Beira Serra); Vinha da Condessa DOC branco 2000 e Vinha da Condessa DOC tinto 2000 (Ana Noronha da Costa).
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Durante dois dias, quatro jornalistas escandinavos visitaram adegas da Beira Interior e provaram os vinhos da região. Uma iniciativa de promoção internacional, organizada pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior e pela Viniportugal, presidida por Vasco D’Avilize

O que faz a Viniportugal
A Viniportugal é uma associação interprofissional que agrupa associações, federações e organizações de profissionais ligadas à produção e ao comércio de vinho (excepto o vinho do Porto). Tem por objectivo apoiar e executar actividades de promoção de vinhos, tanto em Portugal, como no estrangeiro.
Em Novembro do ano passado, a associação inaugurou a Sala do Vinho Português, em Lisboa. Trata-se da

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