in: Diário xxi
Sul-coreana arrecada quatro prémios na Covilhã
Segunda-Feira, 09 de Abril de 2007
Concurso de Instrumentos de Arco Júlio Cardona
Choi Kyung Eun participou pela primeira vez num concurso em Portugal e não esperava arrecadar tantos prémios com o seu violoncelo. Entre os primeiros classificados, também em violoncelo, está um covilhanense: António Novais
Francisco Cardona
“Estou muito feliz. Fiz o meu melhor”, confessou na quinta-feira à noite a violoncelista sul-coreana Choi Kyung Eun, que venceu a sexta edição do Concurso Internacional de Instrumentos de Arco Júlio Cardona, arrecadando quatro prémios. Venceu a classe A de violoncelo (para concorrentes até aos 30 anos), bem como o prémio de melhor execução da peça obrigatória, o prémio do público e ainda o prémio da Câmara da Covilhã.
“Trabalhei muito para a competição, mas não esperava ganhar todos estes prémios”, declarou a violoncelista formada na Escola Superior de Artes de Seul e na Universidade Nacional de Seul. “Havia muitos músicos bons”, acrescentou a violoncelista que tomou conhecimento do concurso pela Internet e participou, pela primeira, num concurso realizado em Portugal.
Choi Kyung Eun terminou recentemente a pós-graduação com distinção no Royal Northern College of Music, começou a tocar aos 11 anos de idade e, no seu percurso, conta já vários prémios obtidos em concursos internacionais e no seu próprio país.
APLUSOS DE PÉ
Nas provas finais, a jovem violoncelista foi aplaudida de pé pelo próprio júri, devido à sua grande qualidade musical. “Foi a primeira vez que isso aconteceu em todas as edições do concurso”, disse o maestro Campos Costa, delegado na Covilhã da Juventude Musical Portuguesa (JMP), que organiza o concurso. Ainda na classe A de violoncelo, o segundo prémio foi atribuído ao espanhol Josetxu Obregón, enquanto que Nikola Jovanovic (da Sérvia) recebeu uma menção honrosa. Miguel Fernandes, aluno da Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI), recebeu o prémio de melhor covilhanense nesta classe.
No concurso, que terminou na quinta-feira, estiveram em competição 60 instrumentistas.
Violino “A” sem primeiro prémio
Na classe A de violino, o júri decidiu não atribuir o primeiro prémio por não haver qualidade para isso. “É preciso um certo nível de exigência”, disse o maestro Campos Costa. No segundo lugar, ficaram ex-aequo a concorrente de dupla nacionalidade Suíça/Russa, Polina Nikiforova, e a austríaca Lisi Kohler. A ucraniana Mariya Nesterovska foi a melhor intérprete da peça obrigatória.
Na classe B, até aos 18 anos, e na modalidade de violino, o primeiro prémio foi para a germânica Anite Stroh, de apenas 11 anos, enquanto que Mathias Inoue (Suíça/Japão) recebeu o segundo prémio e o prémio da peça obrigatória. O júri decidiu ainda distinguir com uma menção honrosa a alemã Susanne Schöffer.
Um único português entre os primeiros
É na modalidade de violoncelo, classe B, que encontramos o único português que recebeu um primeiro prémio: António Novais, aluno da Escola Profissional de Artes da Beira Interior, foi também o melhor executor da peça obrigatória e o melhor covilhanense na classe. O segundo prémio foi para o alemão Jakob Roters, enquanto que o espanhol Javier de la Vega recebeu uma menção honrosa.
Alerta da organização
Próxima edição do concurso está em risco
A projecção internacional conquistada com as seis edições do Concurso de Instrumento de Arco “Júlio Cardona” pode não levar a lado nenhum, caso não surjam novos apoios das entidades locais e nacionais, disse o maestro Campos Costa, na noite de quinta-feira, no espectáculo de encerramento.
O delegado da Juventude Musical Portuguesa e organizador do evento admitiu que a sétima edição, a realizar em 2009, “poderá estar em risco” de ser suspensa, recordando que os apoios têm diminuído de forma acentuada. “Se não houver apoios o concurso não será feito”, referiu Campos Costa recordando, por exemplo, o apoio concedido pelo Ministério da Cultura em 2005 no valor de 20 mil euros e que este ano caiu para quatro mil euros, tendo diminuído também o apoio da Câmara da Covilhã.
Segundo Campos Costa, a sexta edição “esteve por um fio”. No entanto, a organização decidiu assumir o risco e realizar o concurso. “Mas não poderemos fazer o mesmo na próxima”.
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