sexta-feira, março 10, 2006

Lince Ibérico de novo na Serra da Malcata

in: Jornal do Fundão

SECÇÃO: Sociedade

Linces vão voltar à Serra da Malcata

Até ao final desta década deverão existir entre 80 e 90 linces em cativeiro. A Malcata irá receber alguns

A SERRA da Malcata, aquele que foi o último santuário em território nacional do Lince Ibérico, vai receber, a médio prazo, alguns exemplares desta espécie para reprodução em cativeiro. Estará, assim, consumado o regresso a um dos seus habitats aquele que é considerado o felino mais ameaçado de extinção, havendo apenas 120 em estado selvagem, todos em território espanhol.

Numa primeira fase, os linces irão estar em cativeiro num centro de reprodução preparado para o efeito na Reserva Natural da Serra da Malcata (RNSM), onde se irão reproduzir e só depois se pensará na sua colocação em estado selvagem. A reintrodução deste felino em Portugal só será possível devido a um intenso e complexo processo de negociações que se está a desenrolar entre Portugal e Espanha, estando já integrados peritos portugueses no núcleo de especialistas que estão envolvidos no único centro de reprodução do Lince Ibérico que existe no mundo, localizado em Doñana, Espanha.

“O processo está, neste momento, em evolução. O programa de reprodução em cativeiro tem evoluído bastante. Temos um conjunto de compromissos que têm vindo a ser discutidos ao longo das últimas cimeiras ibéricas. Já foram assinados alguns convénios entre o estado português e espanhol relativamente ao lince e estamos, neste momento, a preparar a parte de instalações de reprodução em cativeiro em Portugal”, diz Pedro Sarmento, biólogo, especialista em Linces Ibéricos e director da RNSM.

“Vão ser criados novos centros de reprodução, para além do de Doñana” e a Serra da Malcata irá receber um deles sendo que “há uma previsão de como é que isto irá evoluir. Sabe-se que até 2010 deverão estar 80, 90 linces em cativeiro” e que “se conta ter linces em Portugal para reprodução antes de 2010, porque à medida que isto vai crescendo são precisos locais para os meter”, revela ainda o biólogo.

De resto, Pedro Sarmento demonstra algum optimismo com o futuro do lince, actualmente em pré-extinção: “Tudo leva a crer que as coisas vão correr bem. O lince nunca tinha sido reproduzido em cativeiro, mas foi feito com alguma facilidade, apesar de ter havido problemas com alguns animais. Mas já se sabe que este ano vai haver um aumento da população cativa e que esta irá aumentar de ano para ano”, conclui.

Por: Nuno Francisco

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