in: http://www.ipa.min-cultura.pt/news/news/2000/Gravura_paleolitica_Centro_SulComunicado de Imprensa
6 de Setembro de 2000:
Descoberta Arte Paleolítica ao ar livre, com mais de 20.000 anos, no Centro / Sul de Portugal
No âmbito do acompanhamento das obras de construção da SCUT da Beira Interior (prolongamento do IP6, entre Mouriscas e Gardete), foram descobertos diversos painéis de Arte Rupestre, de diferentes épocas, incluindo o primeiro achado de arte paleolítica de ar livre no sul de Portugal, onde até ao momento apenas se conhecia arte parietal na gruta do Escoural. Trata-se de uma representação de equídeo (cavalo) figurado em perfil absoluto. É uma gravura isolada, num pequeno painel do manto xisto-grauváquico rasgado pelas águas do Ocreza, muito patinada, de estilo claramente paleolítico, que pode ser paralelizada com algumas das gravuras das fases antigas da Arte do Côa e mesmo do Escoural (também da sua fase antiga). Enquadrável nos períodos Gravettense ou Solutrense antigo (antigo estilo II de Gourhan), terá mais de 20.000 anos. Amplia-se assim o conhecimento da arte paleolítica de ar livre, cuja difusão pela Península Ibérica será muito mais ampla do que até agora se suspeitava. Trata-se também da primeira gravura paleolítica na área do complexo de arte rupestre do Vale do Tejo, aparecendo precisamente numa das suas "pontas". Este facto sugere igualmente a necessidade de uma revalorização da arte do Tejo, cujas fases mais arcaicas poderão ainda ser integradas no Paleolítico superior.
Este achado foi possível no âmbito da colaboração entre o CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo (responsável pelo acompanhamento arqueológico da obra, e sediado no Instituto Politécnico de Tomar) e o CNART - Centro Nacional de Arte Rupestre (Ministério da Cultura, responsável pelo estudo da arte do vale do Tejo). O CNART realizará brevemente o levantamento das gravuras do Ocreza já identificadas, prosseguindo os trabalhos de prospecção na zona.
Deve sublinhar-se que esta descoberta foi tornada possível pela boa articulação entre os trabalhos arqueológicos e as obras de construção da estrada, e que todos os painéis identificados serão preservados no local. Para o efeito, o ACESTRADA (dono da obra), para além de custear os trabalhos arqueológicos, desviou eventuais caminhos de acesso que pudessem afectar as gravuras.
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