sexta-feira, abril 09, 2010
UNITOM
Novas formas de economia e influência de infraestruturas para a fixação de empresas. A Empresa UNITOM, não se fixou no FERRO, porque na altura não havia aí Banda Larga, de acordo com o divulgado na entrevista, pelo responsável pela fixação da empresa no Fundão. Trata-se de uma empresa com um volume de negócios de mais de 40 milhões de euros, em 2009, que trabalha no sector agro-alimentar. Trabalha em todo o mundo, sendo a ferramenta de trabalho a Internet. Não tem frota para transporte de mercadorias, mas tem muita influência no comércio mundial de tomate, garantindo o abastecimento de unidades transformadoras e a circulação planetária de produtos transformados, a partir do tomate.
in: Jornal do Fundão
Sociedade (JF Diário)
7 Abr, 13:55h
Paulo Cunha Ribeiro
Uma empresa sempre a crescer...
Criada em 2005 por Paulo Cunha Ribeiro, juntamente com outros sócios, a Unitom é uma empresa que está sediada no Fundão, mas que se movimenta um pouco pelos quatro cantos comerciais do mundo. Os resultados já estão fixados num volume de negócios de 41 milhões de euros
JORNAL DO FUNDÃO – Em 2007, e numa altura em que a Unitom tinha iniciado a sua actividade há dois anos, registaram um volume de negócios superior a 20 milhões de euros. Como é que tem sido a evolução da empresa?
PAULO CUNHA RIBEIRO – O crescimento tem sido progressivo e tem-se concretizado de forma equilibrada. Em 2008 atingimos um volume de negócios de 31 milhões e em 2009 alcançámos um volume de 41 milhões de euros, isto apesar de no último ano nos termos visto confrontados com o aumento substancial do custo da matérias prima.
- Tal implica a comercialização de grandes quantidades.
- Sim, em termos de matéria prima tal reflecte a comercialização de 108 mil toneladas, não só de concentrado de tomate, como de tomate em cubos, tomate pelado inteiro, triturados para pizzas, passas para sumos. Enfim, mais de 20 referências diferentes relacionadas com a produção do tomate que até parece uma coisa simples, mas que permite uma oferta muito diversificada.
- São valores que mostram uma evolução muito acentuada. Como é que uma empresa do Fundão consegue atingir resultados tão positivos?
- Temos de ter noção que a Unitom já trazia um ‘background’ muito grande da Inglaterra. Ou seja, não éramos propriamente uma empresa que não soubesse o que estava a fazer ou que estivesse a bater às portas pela primeira vez. E claro que isso funcionou a nosso favor. O facto de estarmos no Fundão é claro que pesa na nossa actividade, mas nós somos a prova cabal de que é possível concretizar projectos em Portugal e até no interior do país, onde efectivamente há constrangimentos. Por exemplo não ficámos no Ferro porque lá ainda não havia Internet rápida, mas mesmo assim, considero que havendo massa cinzenta, uns computadores, Internet, telefones e vontade de trabalhar e de arriscar, sim isso é possível.
- Mas, a Unitom não trabalha só com derivado de tomate.
- Não, às 108 mil toneladas de tomate tem de juntar mais duas mil toneladas de derivado de pêssego, mais 400 toneladas de azeite, mais 800 toneladas de concentrado de romã...
- Produtos que nem sequer passam pelo Fundão.
- Exactamente. É engraçado porque eu ando há cinco anos a tentar explicar o que é a Unitom e ainda tenho pessoas que me perguntam pelos camiões. Como é óbvio nunca os viram, nem vão ver, porque o nosso trabalho não implica a presença de matéria-prima junto à nossa sede. Nós não somos uma empresa de import/ export, nem queremos ser. Basicamente a Unitom é uma traiding que compra mercadoria em qualquer parte do mundo e vende em qualquer parte do mundo. O nosso objectivo é comercializar produtos alimentares onde quer que eles se produzam e onde quer que eles sejam comercializados.
- São os intermediários.
- Nós somos como a Plataforma onde se tratam dos pormenores, de forma a simplificar a vida aos fornecedores e aos compradores. Somos uma plataforma onde está centralizada a parte comercial, logística e financeira. Além disso, também tratamos de toda a parte de qualidade. Temos pessoas tecnicamente preparadas para ir à China, a Israel, Peru, Califórnia, ou onde for preciso verificar esse mesmo produto. E graças às novas instalações (novo espaço no MACB) onde integrámos um novo laboratório – nas próximas campanhas já vamos ser nós a realizar análises que até agora eram feitas num laboratório italiano.
- Mencionou vários países, a Unitom trabalha essencialmente no mercado externo.
- Sim, mantemos o Reino Unido como o principal mercado. Em termos nominais, na Inglaterra, as nossas vendas subiram, mas em termos percentuais este país, que já representou cerca de 60% das vendas, hoje representa cerca de 35% das comercializações da Unitom.
Isto porque expandiram o vosso mercado de actuação.
Exactamente. No norte da Europa expandimos em países como a Holanda, Alemanha e Polónia. Também expandimos em França e no sul da Europa, nomeadamente em Itália e em Espanha. Além disso mantivemos aquilo que tínhamos nas Antilhas, especificamente em Porto Rico. Também crescemos no Pacífico, onde temos clientes importantes em Singapura, Malásia, Coreia do Sul, Singapura e Japão. Depois também crescemos nos Estados Unidos. Já no norte de África estamos a consolidar uma base de clientes, principalmente em Marrocos e na Argélia.
- Para garantir tudo isto é preciso ter uma carteira de fornecedores diversificada e igualmente forte.
- Sim, para este nível de volume de negócios temos de ter sempre uma base de fornecedores forte. Nunca podemos estar dependentes apenas de um fornecedor. Temos de salvaguardar tudo o que possa correr mal, nomeadamente as condições climatéricas, por isso também não podemos estar a trabalhar com fornecedores só de uma país. Assim, compramos mercadoria na Europa, nomeadamente em Portugal e Espanha, na China, em Israel, na Califórnia e também na Turquia.
- E neste âmbito fizeram novos investimentos.
- Sim, há três anos que avançámos com uma nova estratégia em relação à cadeia de fornecedores. Assim, investimos em três projectos diferentes. Avançámos com uma “joint venture” com o nosso principal fornecedor chinês e entrámos no capital de três fábricas – XinJiang Unitom LTD – que tem uma capacidade de produção de cerca de 60 mil toneladas de tomate. De resto também entrámos com participações em duas empresas de fornecedores espanhóis. Por fim, nos EUA estabelecemos uma parceria com o segundo maior produtor de tomates da Califórnia - JG Boswell (produz mais toneladas do que as que são produzidas em Portugal inteiro). Esta parceria permite-nos ser os representantes exclusivos fora do continente americano.
- São conquistas de relevo.
- Sim, mas mais do que esta dos Estados Unidos, a grande volta foi esta participação na China que se concretizou há um ano. Nós trabalhámos anos a fio para efectuarmos esta parceria. Aquilo é um mercado muito complicado. Há quem pense que se vai à China, se janta com um chinês e se realiza um negócio, mas não é nada assim. É preciso muito esforço e tempo.
- Esforço financeiro?
- Também, mas não só. Em termos de esforço financeiro, claro que estes projectos envolvem muito dinheiro. Nestas operações, a Unitom investiu mais de dois milhões e meio de euros.
- E este investimento já está a trazer retorno?
- Estas parcerias têm corrido muito bem. De forma calma e tranquila e têm permitido, para os nossos parceiros, um escoamento feito atempadamente e com qualidade. Do outro lado estamos nós que ganhámos tranquilidade para concretizarmos outras acções e projectos. Desta forma já não temos de andar a lutar por determinada mercadoria porque já está lá e é nossa. E isso é sem dúvida um valor acrescentado, para nós e para os nossos clientes.
- Tendo em conta os números e o cenário que descreve, podemos concluir que a Unitom não sentiu os efeitos negativos da crise.
- Nós perspectivamos sempre a nossa actividade com um ano e meio de distância. Eu hoje – Unitom – tenho os contratos para daqui a um ano, assinados. Por isso sei onde vou estar nessa altura. Ora, termos essa estratégia permitiu-nos preparar a empresa para a crise que, atenção, não é de hoje. Esta crise tem pelo menos três anos e só não a viu quem não quis. Por isso assim que ela se iniciou começámos a ter cuidados e ainda fizemos aquilo que classicamente não se faz em Portugal. Ou seja, no auge da crise nós estávamos a gastar dinheiro. Realizámos investimentos que eram fundamentais, que nos reduziram as margens de lucro, mas que podem e já estão a dar lucro.
- Lucro elevados, pelo menos tendo em conta o volume de negócios.
- O ano de 2009 foi um ano complicado. Tivemos de trabalhar o dobro para ganhar metade. Ou seja, tivemos uma facturação fabulosa, mas os resultados, os lucros, foram metade daqueles que obtivemos em 2008. As boas notícias é que os resultados não passaram para a linha do negativo e que, além disso, conseguimos consolidar negócios e consolidar contas que nos permitirão ter resultados mais positivos. Aliás, em 2010, a nossa margem de lucro já ultrapassou a obtida em 2009. Foi plantar para colher e felizmente isso já está a acontecer.
- Além disso, a Unitom já tem outros projectos em marcha.
- Neste momento estamos, juntamente com uma empresa da Malásia, a estudar um outro projecto que implica um investimento na ordem dos 20 milhões de dólares e que se prende com a criação de uma empresa de embalagens industriais. De forma mais simples podemos dizer que são caixotes metálicos com capacidade para cinco mil quilos.
- Mas é um projecto para concretizar a curto prazo?
- Já deveria ter ficado concretizado em Fevereiro, mas houve alguns problemas que inviabilizaram isso. Agora tenho uma série de reuniões marcadas. Temos de limar arestas, mas em condições normais, e se tudo se concretizar como o previsto, no início do próximo ano teremos esta empresa a funcionar.
- A funcionar no Fundão?
- Sim, o objectivo é instalar a empresa no Fundão. Não se trata de uma empresa de matéria prima. Será uma empresa de montagem de materiais que são produzidos no extremos oriente e que serão montados nesta empresa.
- Ou seja, teremos mais postos de trabalho no Fundão?
- Sim, mas não lhe vou dizer quantos são. Tudo depende daquilo que conseguirmos. Ainda estamos a negociar a patente e depois ainda temos que ir à conquista dos mercados. Só depois disso é que podemos realizar uma estimativa. Por exemplo se só conseguirmos conquistar os mercados de Portugal e Espanha, ficaremos com cerca de 10 empregados. Se for toda a Europa este número poderá quadruplicar.
- À margem de tudo isto, também apoia a Conferência da Primavera, uma iniciativa do JF que se realiza na próxima semana.
- Sim, apoio desde a primeira edição e faço-o porque considero que é a pensar sobre as questões e o futuro que as empresas podem evoluir. Considero que, hoje em dia, a chave do sucesso não é segredo. É, isso sim, pensar o futuro e aprender uns com os outros, Por isso é que iniciativas como a Conferência da Primavera são importantes.
- Esta edição é dedicada ao emprego qualificado: uma realidade nesta empresa.
- Sim, isso sem dúvida e é uma coisa da qual me orgulho. A verdade é que somos uma empresa de doutores e engenheiros. Das 12 pessoas que aqui temos todos têm formação superior. Temos licenciados em biologia e qualidade alimentar, economistas, finanças, gestão e até sociologia. São pessoas dedicadas que respondem a um nível de exigência muito grande. Aqui a língua oficial é o inglês e estas pessoas têm de perceber bem tudo o que fazem, além disso, têm horário de entrada, não têm horário de saída e nos fins-de-semana e feriados (através de escala) também trabalham.
- Em contrapartida, têm salários acima da média.
- Nunca apontámos para o salário mínimo. Não temos aqui ninguém a ganhar menos do que dois salários mínimos, até porque estas pessoas são valores acrescentados da empresa e é por isso que lhes damos um conjunto de regalias, como sejam um seguro de saúde integral e mais um mês de salário, entre outras coisas.
Por: Catarina Canotilho
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário