in:Diário xxi
Sexta-Feira, 08 de Dezembro de 2006
Relíquia arqueológica descoberta no Sabugal
É a segunda estela (pedra vertical monolítica) do género descoberta na freguesia do Baraçal. A coluna pertence à Idade do Bronze Final e aguarda estudo pelo arqueólogo da Câmara do Sabugal
Uma pedra vertical monolítica (estela), em que os antigos faziam inscrições e esculturas, foi encontrada na freguesia do Baraçal, Sabugal, durante os trabalhos de construção de um muro. A estela em granito da Idade do Bronze Final foi utilizada como banco durante muitos anos. O achado já foi comunicado ao Gabinete de Arqueologia da Câmara do Sabugal.
O valor da peça foi desvendado por Luís Lages, presidente da Junta de Freguesia local, na altura em que procedia à construção de um muro junto da sua casa de habitação. "A pedra estava virada ao contrário, com a parte gravada para baixo", contou o autarca à Agência Lusa. "Estava a servir de banco e era onde antigamente amassava o linho". A peça com cerca de 1,90 metros de comprimento tem um campo onde estão gravados um escudo, uma lança e uma espada, ostentando ainda na parte inferior, o desenho de um espelho.
SEMELHANTE À DESCOBERTA DE 1978
Marcos Osório, arqueólogo da autarquia, refere que o serviço está a tratar do assunto para que a peça seja estudada “rapidamente". A estela agora encontrada é parecida com outra que está exposta no Museu do Sabugal e foi descoberta, também no Baraçal, no ano de 1978, adianta o arqueólogo. "Esta estela é da mesma tipologia da que foi encontrada no local, há décadas, diferenciando-se apenas no facto de esta ser gravada enquanto a anterior era esculpida e por ostentar também, além das armas, o desenho de um espelho", disse. Destacou a coincidência de terem sido encontradas as duas na mesma povoação, admitindo que "não é frequente aparecerem duas estelas no mesmo sítio".
“Devem ser devidamente estudadas e preservadas"
Peças com função ainda desconhecida
Segundo o arqueólogo da Câmara do Sabugal, Marcos Osório, a natureza destes monumentos é desconhecida, não se sabendo ao certo se tinham carácter funerário - assinalavam as tumbas de pessoas importantes nas sociedades proto-históricas - ou se demarcavam territórios - faziam a divisão territorial de uma comunidade.
Em relação às armas representadas, "tudo indica que sejam as armas principais de um guerreiro com prestígio social ou até de um príncipe, do período entre 1200 a 1000 a.C., possibilidade que é comprovada pela existência do 'espelho` à semelhança de outras estelas encontradas na Província de Cáceres [Espanha]", admitiu.
O arqueólogo considera que são peças "raras e muito valiosas que devem ser devidamente estudadas e preservadas".
Antiguidades encontradas fazem parte de exposição permanente
Museu conta a história do concelho
O espólio arqueológico encontrado nos últimos anos no concelho do Sabugal - incluindo a estela descoberta em 1978 no Baraçal - está exposto desde Junho no Museu local, criado por iniciativa da Câmara Municipal. A exposição permanente de arqueologia dá a conhecer aos visitantes os principais objectos arqueológicos - moedas, ferramentas, adornos, armas, loiças objectos sagrados, etc. - que testemunham a evolução histórica das comunidades da região que corresponde hoje ao concelho do Sabugal, desde o período da Pré-História até ao século XX.
Com a mostra permanente, segundo Marcos Osório, pretende-se "contar a história da presença humana nesta região, de forma contínua e homogénea, sem dar mais ênfase a determinados períodos cronológicos em detrimento de outros".
TAL COMO NUM FILME
Devido ao mobiliário e à cenografia da exposição, o visitante é convidado a percorrer as várias etapas cronológicas de forma gradual e sincopada, "tal como se se tratasse da película de um filme". "Os objectos do passado passam ao olhar do visitante de forma evolutiva e irreversível", contou o arqueólogo.
Para além do espólio pertencente à autarquia, proveniente de escavações e prospecções realizadas no concelho nos últimos dez anos, o museu - instalado no mesmo edifício do auditório municipal - exibe muito património que estava na posse de particulares, concluiu a fonte.
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