domingo, novembro 19, 2006

Tessaleno Devezas-professor da UBI-ciclos de Kondratieff aplicados à utilização da energia

Será o Nuclear a solução para o crescimento do consumo da energia?

Ao contrário da Tese defendida nesta publicação, apresentada Sexta-Feira, penso que o nuclear não é solução para nada, nem a curto, médio ou longo prazo. Para além das formas de energia renováveis apresentadas é preciso contar com outras, como seja a biomassa e os biocombustiveís. Ainda não se investiu e investigou o suficiente nestas formas de energias renováveis, nem se fez uma avaliação suficiente da redução de consumos resultantes do acréscimo da eficiência energética e na substituição de consumos energéticos, pela utilização de tecnologias amigas do ambiente, como sejam a construção de casas elas próprias produtoras da energia que utilizam e com a incorporação de sistemas inteligentes.

in: Diário XXI

Investimento em energia nuclear é urgente em Portugal
Sexta-Feira, 17 de Novembro de 2006
Trabalho de professor da UBI faz parte de livro a lançar sexta-feira

Tessaleno Devezas é um dos investigadores versados na obra “Nuclear – O debate sobre o novo modelo energético em Portugal”, pela sua introdução do conceito de eficiência na análise dos comportamentos de consumo de energia
Daniel Sousa e Silva

“Como vão evoluir as necessidades de energia nas próximas décadas?”, interroga-se Tessaleno Devezas. Foi a partir desta dúvida que o professor do Departamento de Electromecânica da Universidade da Beira Interior (UBI) se lançou numa investigação, que suscitou o interesse de Jorge Nascimento Rodrigues (escritor e jornalista do “Expresso”) e Virgílio de Azevedo.
O trabalho de Tessaleno Devezas sobre a previsão de cenários futuros e, neste caso, sobre comportamento do consumo mundial de energia, em que introduz a variável eficiência, foi aproveitado pelos dois autores e faz parte do segundo capítulo do livro “Nuclear – O debate sobre o novo modelo energético em Portugal”. A obra editada pelo Centro Atlântico é lançada hoje, na Livraria Bertrand do Picoas Plaza, em Lisboa.
Sob o tema “O Século de transição para um mundo sem petróleo: A Voz dos Futuristas”, o capítulo dedica-se a “Tessaleno Devezas: o discípulo de Kondratieff que descobriu uma nova ‘espécie’ de energia”.
Em declarações ao Diário XXI, o docente da UBI explica que o convite para participar na obra “surge na sequência de um contacto, ao longo dos anos, com Jorge Nascimento Rodrigues”, enquanto jornalista do “Expresso”. “Entrevistou-me várias vezes”, recorda.
De acordo com o investigador, os consumos dos vários tipos de energia – petróleo, gás natural, carvão, entre outros – tiveram um grande aumento até meados da década de 80, seguindo-se um crescimento menos acentuado. “Isto era incompreensível, porque as necessidades de energia aumentaram. Comecei a analisar os dados, aplicando-lhes o princípio dos ciclos de Kondratieff e cheguei a uma conclusão”, refere.
Tessaleno Devezas conseguiu descobrir um novo padrão nos comportamentos de consumo mundial de energia, ao introduzir uma nova variável na análise: a eficiência. O que significa essa variável? “Com o desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, tanto as empresas como os consumidores domésticos começaram a utilizar equipamentos que utilizam menos quantidade de energia para conseguir os mesmos resultados que no passado, ou seja, um uso mais eficaz da energia”, explica.

ENERGIA NUCLEAR É INCONTORNÁVEL
No entanto, refere, o aumento do consumo energético continua “e vai aumentar consideravelmente até 2030”. A solução “mais imediata e com melhores resultados” é o investimento na energia nuclear, defende. Tessaleno Devezas reconhece o “papel benéfico” do desenvolvimento das chamadas energias renováveis, tais como a solar ou a eólica, mas “as quantidades de energia que produzem e irão produzir no futuro nunca serão suficientes para as necessidades”.
Daí que o investigador considere que a aplicação da energia nuclear em Portugal seja “incontornável”, mesmo que actualmente “o interesse do poder político nesse sentido seja praticamente nulo”. “Espero que o livro lance um debate nacional em torno desta matéria, para que todos se apercebam da urgência do investimento no nuclear, de forma a garantir um futuro com desenvolvimento sustentado”, acredita Tessaleno Devezas, apelando a que “a razão se sobreponha ao medo do desconhecido”. É que, defende, “a energia nuclear é a mais segura do mundo, desde que seja correctamente desenvolvida”.


Na UBI desde 1992
Tessaleno Devezas está na UBI desde 1992. Começou por trabalhar no Departamento de Ciências Aeroespeciais, transferindo-se, passados alguns anos, para o Departamento de Electromecânica, onde lecciona várias disciplinas e é o responsável pelos laboratórios de Materiais.
Em 2005, foi distinguido pela Academia Russa de Ciências Naturais e pela Fundação Internacional Kondratieff. A distinção existe desde 1992, é entregue a cada 3 anos por ocasião do congresso Kondratieff e destina-se a galardoar obras que representem um importante contributo para o desenvolvimento das ciências económico-sociais.
Os ciclos de Kondratieff são movimentos de longa duração (25 a 45 anos) estudados pelo economista russo. Abrangem uma fase de alta e outra de baixa, correspondendo a fases de prosperidade e de regressão económica. Estes ciclos são característicos da economia dos finais do déculo XVIII e meados do século XX.

Publicações em livro
O anterior…
Publicado pela editora holandesa IOS Press no último dia 9 de Março, “Kondratieff Waves, Warfare and World Security”, foi o mais recente livro publicado por Tessaleno Devezas, tratando-se do quinto volume da colecção “The NATO Programme for Security through Science”.
O livro é o resultado dos trabalhos apresentados em Fevereiro de 2005, durante o ciclo de conferências Advanced Research Workshop (ARW), no âmbito do programa da NATO “Security Related Civil Science and Tecnology”, onde estiveram presentes mais de 40 cientistas das áreas de economia, ciências políticas e sociais, física, teoria de sistemas e simulação computacional.
Ao longo da obra é apresentado um conjunto de contribuições com novas perspectivas sobre os longos ciclos económicos, relacionados com conflitos armados e aspectos modernos de instabilidade geopolítica ligados ao terrorismo e globalização, permitindo assim antever cenários futuros, agindo por antecipação e garantir a estabilidade mundial.

…e o próximo
Jorge Nascimento Rodrigues é também colaborador no próximo livro de Tessaleno Devezas, que será publicado em 2007. Ainda sem título, a obra baseia-se no artigo “The Portuguese as System-builders in the Fifteenth and Sixteenth Centuries: A Case Study on the Role of Technology in the Evolution of the World System”.
Este artigo vai ser publicado na edição de Dezembro num revista britânica, tendo sido desenvolvido em parceria com George Modelski, professor na universidade norte-americana de Washington.
Tessaleno Devezas explica que o livro se relaciona com “o papel dos portugueses na evolução do conceito de globalização nos séculos XV e XVI”. Segundo o investigador, os Descobrimentos Portugueses “foram o primeiro empreendimento que criou ligações comerciais e culturais entre quatro continentes – Europa, África, Ásia e América – o que pode ser visto como o início real da globalização”.

Capítulo a capítulo
Como se organiza a obra
O livro “Nuclear – O debate sobre o novo modelo energético em Portugal” está estruturado em dez capítulos, antecedidos por um prefácio de António Costa Silva e pela introdução “A Grande Corrida do Século XXI”.
O primeiro capítulo versa sobre “A Europa à procura de alternativas”, seguindo-se o capítulo em que participa Tessaleno Devezas e ainda “Cesare Marchetti: o mais velho futurista europeu da energia nuclear” e “Dennis Meadows: o profeta dos 'limites ao crescimento”.
O terceiro capítulo da obra analisa “Um derradeiro fôlego dos combustíveis fósseis””, sendo o quarto dedicado a “Eficiência Energética: o desastre nacional”. “O novo modelo de desenvolvimento” é o tema do capítulo cinco, seguindo-se “Opiniões que contam”, onde são ouvidos testemunhos de uma dezena de especialistas nacionais na área da energia, entre os quais Joaquim Pina Moura, presidente da Iberdrola Portugal e deputado na Assembleia da República eleito pelo círculo eleitoral da Guarda.
“As 13 questões-chave” sobre o nuclear são apresentadas no sétimo capítulo, enquanto que o oitavo fala sobre “ITER: O sonho da fusão nuclear”. Sob o tema “Geografia do Nuclear”, o nono capítulo do livro aborda a implantação de centrais nucleares, origens da matéria-prima, produção de electricidade e arsenais militares.
A concluir a obra, apresenta-se “Para saber mais”, onde se traça uma “Pequena História do Nuclear” e se referem “Livros de leitura obrigatória”.

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