segunda-feira, setembro 25, 2006

Integração em rede do património da Beira Interior

in: Diário xxi de 25/9/2006
Redes de património precisam-se
Segunda-Feira, 25 de Setembro de 2006
Seminário realizado no Fundão lança desafio aos municípios

No âmbito das Jornadas Europeias do Património, o vice-presidente do IPPAR apelou à constituição de redes de promoção, porque cada município não possui património suficiente “para ser um pólo de atracção por si só”
Daniel Sousa e Silva

“São os factores culturais que nos distinguem das restantes comunidades” e dizê-lo “não é nacionalismo bacoco”. A ideia foi destacada por Henrique Parente, vice-presidente do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), na sessão de abertura do seminário “Cartas e Recomendações Internacionais de Património” na última sexta-feira, na Biblioteca Eugénio de Andrade, no Fundão. Tratou-se de uma das muitas actividades de entrada gratuita que tiveram lugar até ontem na região – foram 550 em todo o País – no âmbito da 13ª edição das Jornadas Europeias do Património. Esta iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia envolve mais de meia centena de países, com o intuito de sensibilizar os povos europeus para a importância da salvaguarda do património. Em Portugal, a coordenação foi da responsabilidade do IPPAR e subordinada ao tema “Património Somos Nós”.
Henrique Parente sublinhou que o património “é um recurso histórico, mas também económico”, por isso, apelou à cooperação entre municípios. “Não basta haver SCUTs [auto-estradas sem custo para o utilizador], é preciso haver promoção da sustentabilidade do património numa perspectiva regional”. Nesse sentido, defende que cada concelho “deixe de olhar apenas para o seu umbigo, apostando antes na promoção em rede”, já que a maioria dos municípios não possui património suficiente “para ser um pólo de atracção por si só”.

EDUCAR PARA GARANTIR O FUTURO
Henrique Parente é também apologista da “estratégia do IPPAR” que se baseia na sensibilização das crianças para a importância do património. Acções nas escolas de ensino básico são um exemplo, para que “as crianças se tornem no principal pólo de defesa do património”.
Pelo mesmo diapasão afinou José Afonso, director regional de Castelo Branco do IPPAR. “A Beira Interior possui uma identidade cultural comum que deve ser potenciada através da constituição de redes de promoção entre municípios”, frisou.

Reunião de trabalho a 9 de Outubro
Presidente do IPPAR visita Fundão
À margem do seminário, o presidente da Câmara do Fundão, Manuel Frexes, anunciou que Elísio Summavielle, presidente do IPPAR, vai deslocar-se à cidade fundanense para “uma reunião de trabalho” com responsáveis autárquicos. “Vão ser abordados vários assuntos de interesse para o município e para o IPPAR, mas ainda é cedo para os revelar”, disse o autarca. Estava previsto que o presidente do IPPAR estivesse presente no seminário de sexta-feira, mas cancelou a visita “por motivos de força maior”.

Devolver património às populações
Manuel Frexes, presidente da Câmara do Fundão, entende que “é preciso inovar na promoção do património, porque muitos conceitos de divulgação estão obsoletos”. Uma das sugestões do autarca é de que, “para além de se promoverem as ligações às vertentes científica e turística, os espaços patrimoniais sejam devolvidos às populações”.
Por outro lado, Frexes considera que “têm de ser” as entidades públicas a dar o exemplo na preservação do património, pois “só assim serão seguidas pelo cidadão comum”. E dá o exemplo da Câmara do Fundão, como “um município que tem tido a causa do património como um dos seus ex-libris”.

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