O Circulo de Leitores acaba de editar o 2º Volume da obra "Portugal Vinhos Cultura e Tradição, da autoria de José A. Salvador, que incluí informação sobre a Beira Interior. Dessa, transcrevo a referente à origem histórica da produção de vinhos na região e à origem, também histórica, de um produtor, engarrafador da região, que foi a primeiro a concorrer com as Adegas Cooperativas da Covilhã e Fundão. Trata-se de uma publicação de grande qualidade, que deve ser consultada e servir mesmo como Bíblia, por quem se interessa pela cultura da Beira Interior.
“De Pinhel a Idanha-a-Velha –onde os romanos fizeram vinhos
Neste território raiano temos uma série de aldeias históricas como Sortelha, Penamacor, Monsanto e Idanha-a Velha do concelho de Idanha-a-Nova. Idanha-a Velha foi a antiga cidade romana Civitas Igaeditanorumn, onde arqueológos, como Francisco Tavares Proença júnior, José Leite de Vasconcelos, Félix Alves Pereira e Fernando Almeida, desenvolveram largas investigações, este último até 1974, que comprovam que a romanização se deu desde o ano 16 a. C., conforme inscrição datada daquele ano a propósito da oferta de um relógio. A ocupação romana foi determinante para o desenvolvimento da cidade da Egitânea, situada na grande via romana entre Mérida e Braga. As escavações arqueológicas desenvolvidas neste local permitiram encontrar «grainhas de uva [...] num poço de Idanha-a-Velha», circunstância que aponta para a produção de vinho na região'. No mesmo poço, escreve o historiador Carlos Fabião:
«foram recolhidos 46 caroços de rato pertencentes seguramente a "olea". No [tanto, pelas características e dimensões, parecem corresponder mais ao fruto do zambujeiro do que azeitonas, o que não deixou de causar perplexidade entre os investigadores»'. A importância histórica desta povoação é tamas testemunhada pela ponte de origem romana sobre o rio Ponsul e pela colecção epigráfica luso-romana aí existente.
Para a nossa rota dos vinhos importa reter, afinal, que em Idanha-a-Velha se encontraram indícios arqueológicos comprovativos de que desde a presença romana se produziu vinho e azeite nas Beiras, tal como hoje continua a suceder. Em toda a região beirã encontramos outros vestígios da influência da civilização romana, tais como lagares talhados nas rochas graníticas (lagares antropomórficos), que tanto poderão ter servido para a produção de vinho como para a produção de azeite, além de diversas vias romanas e outros monumentos da época.
Os Vinhos Regional Beiras Almeida Garrett
Nos finais de 1974 fundava-se a Sabe, Sociedade Agrícola da Beira, com sede em Tortosendo, muito próximo da Covilhã no sopé da serra da Estrela. As origens históricas desta empresa de familiares descendentes de Almeida Garrett, remontam ao século xix, quando um primo do escritor, Gonçalo de Almeida Garrett, também natural da cidade do Porto, casou com uma albicastrense e se instalou em Castelo Branco. O casal dedicou-se à agricultura na cidade da Beira Baixa, na Covilhã e no Fundão. Os seus vinhos e azeites foram distinguidos na Exposição Internacional de Paris em 1889. Com o advento da República emigraram para a França, de onde regressaram mais tarde com varas da casta Chardonnay. Plantaram-nas nos seus vinhedos da Covilhã e ainda, actualmente, é o único encepamento branco dos 46 hectares de vinha em produção.
Nos anos 60 do século xx, os descendentes investiram na fruticultura, viticultura, flores e pecuária até constituírem a actual Sabe em 1974.
Esta sociedade agrícola dispõe de 46 hectares de vinhedos em plena produção, sendo 14 com idades compreendidas entre os 18 e os 70 anos 16 com quatro anos; e mais 16 hectares com três anos. Quanto aos encepamentos tintos, vinhas mais velhas foram enxertadas com Tinta Roriz, Tinta Barroca e Trincadeira, e as m novas com Touriga Nacional, Touriga Franc Trincadeira, Tinta Roriz, Merlot, Cabernet Sauvignon e Syrah. A Chardonnay tem quatro hectares nos vinhedos mais antigos e dois n osmais recentes. A Touriga Nacional é a casta mais encepada, com 12 hectares, seguida pe la Trincadeira e Tinta Roriz, cada uma delas com sete hectares.
Em 2004 funcionava ainda a velha adega tradicional com paredes de granito e depósito em betão revestidos com ipoxi.. As fermentação desenrolavam-se em cubas inox de várias capacidades, com sistemas de controlo das temperaturas com recurso a água fria ou quente, consoante as necessidades. As duas centenas de as-pipas de carvalho francês ancês integravam a aa nos acabamentos dos vinhos, para além linha de engarrafamento e rotulagem. Em 2005 deverá ficar concluída a construção do novo complexo adegueiro.
Os vinhos brancos oriundos da casta Chardonao comercializados como Regional Beiras marca Almeida Garrett, sendo um deles reserva e o outro colheita normal.
A mesma marca Almeida Garrett dá rótulos aos vinhos Regional Beiras e DOG Beira Interior. Os tintos DO(', Beira Interior, ou são varietais, de a Roriz ou Touriga Nacional, ou confecciodos com estas duas castas. O Regional Beiras tem igualmente o mesmo dueto de castas compô-lo. A casa mantém ainda a marca «Entre Serras» a tintos DOC Beira Interior e Regional Beiras nome que nos lembra a posição das vis da empresa entre as serras da Estrela e da Gardunha, razão para voltarmos aos rumos literários de Gil Vicente e Eugénio de Andrade.”
2 comentários:
Lagares antropomorfos??!!
Deve ser alguma inovação novinha em folha
Caro amigo:
Esse termo é utilizado com toda a propriedade. Quem estuda e conhece os termos utilizados na investigação ligada aos Vinhos, designa esse tipo de lagares por "lagares antropomórficos". Porquê? Quando visitar Castelo Novo observe com atenção a "lagariça" e talvez fique claro para si a resposta para essa designação. No Google faça uma pesquisa para "lagares antropomórficos" e encontrará a fundamentação, que transcrevo para esclarecimento.
Ementa de Portugal :: Vinho
... fazendo disso prova os diversos lagares talhados nas rochas graníticas (lagares antropomórficos), onde na época o vinho era produzido. ...
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[PDF] O sector vitivinícola da bacia portuguesa do Rio Douro. Nota breve
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rochas graníticas (lagares antropomórficos), onde na época o vinho. era produzido. A sua qualidade foi sendo alvo de destaque ao. longo da nossa história. ...
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