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Vento sopra mais forte no Festival de Castelo Novo
Durante os próximos dias 2, 3, 4 e 5 de Setembro, o vento promete soprar com mais intensidade na Aldeia Histórica de Castelo Novo. O “Encontro do Vento” assim o exige. As várias actividades previstas para a localidade fundanense requerem a forte presença deste elemento, que é tema unificador entre dança, música e várias oficinas de trabalho
Laura Sequeira
Pelo terceiro ano consecutivo, a Câmara Municipal do Fundão organiza o Festival de Castelo Novo – “Encontro do Vento”. Com início marcado para depois de amanhã, quinta-feira, 2, o “Encontro do Vento” decorre até domingo, 5, com um programa bastante diversificado. A música, a dança, o lançamento de livros e as oficinas de construção de objectos eólicos preenchem o cartaz, que tem como objectivo “agregar o património e a história de Castelo Novo”. O evento está orçado em cerca de 30 mil euros, mas irá custar à autarquia apenas 75 por cento deste valor, uma vez que, lembra o vereador com o pelouro da Cultura na Câmara Municipal do Fundão, Paulo Fernandes, “o Festival está inserido numa candidatura feita à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR)”.
Recorde-se que o Festival de Castelo Novo teve a sua primeira edição há três anos, quando a Aldeia Histórica comemorava os 800 anos do Foral. Paulo Fernandes refere que, “no ano passado, essa temática foi alterada para se centrar no ‘Encontro do Vento’”. “Foi uma experiência que correu muito bem, uma vez que as pessoas gostaram imenso e o evento teve uma repercussão à escala nacional”, sublinha o vereador, que, em declarações prestadas ontem as jornalistas no âmbito da apresentação oficial do certame, acrescenta: “O Festival foi uma aposta ganha e, por isso, este ano o formato é idêntico”.
Paulo Fernandes esclarece ainda que a organização tenta sempre “cruzar um conjunto de actividades diferentes”. “Actividades pensadas para todos os públicos e também multifacetadas, que tornem muito interessante e muito atractivo este acontecimento ligado ao conceito do vento”, salienta. O principal objectivo é, assim, que haja “muita animação de rua, procurando que os visitantes tenham uma interacção forte com toda a temática e todo o património que existe em Castelo Novo”, conclui o responsável.
No que respeita à adesão da população, Paulo Fernandes salienta que “tem sido crescente”. O responsável não deixa de recordar a participação dos mais jovens, “que aproveitam o Festival para“observar todas as questões do vento ‘in loco’, na magnífica encosta da Serra da Gardunha”. Já o presidente da Junta da Aldeia Histórica, Luciano Nave, garante que “é um prazer para toda a população acolher esta iniciativa”. E o autarca sublinha: “É com grande entusiasmo que a população assiste às visitas dos turistas nesta altura do ano”.
CAIXA 1
Programa diversificado
Encontro para todas as idades
A oficina de construção de instrumentos musicais eólicos, orientada por António Supico, dá início ao Festival de Castelo Novo, na próxima quinta-feira, 2. A possibilidade de construir instrumentos feitos dos mais variados materiais é dada às crianças de todo o concelho fundanense. A sede da Associação Cultural de Castelo Novo é o local escolhido para a realização da oficina de construção, que decorre ao mesmo tempo que as oficinas de construção de “origami” e “mobiles”, orientada por Esmeralda Tavares, na Casa Paroquial.
A sede da Associação Decano acolhe as construções de cataventos. A actividade é orientada por Ângela Duarte e decorre, à semelhança de todas as outras oficinas, até dia 5. O atelier de Dança do Vento tem lugar no parque do Alardo e é dirigido por Alice Santos. A construção de papagaios de papel, orientada pela Associação Gilteatro, e que vai decorrer no Largo da Bica, está também no programa do Encontro do Vento. De 2 a 4 de Setembro, a Academia de Música e Dança do Fundão recebe a Musicata - Oficina de Instrumentos de Sopro, orientada por Pedro Ladeira.
Do programa do Festival de Castelo Novo destaca-se ainda a apresentação do livro “Redemoinhos - Ventos e Tempos da Beira”, coordenado por Maria Adelaide Salvado. A obra será dada a conhecer no dia 4 de Setembro, pelas 15h00, nos antigos Paços do Concelho de Castelo Novo e a apresentação está a cargo do meteorologista José Manuel Costa Alves. O vereador da Cultura da autarquia fundanense garante que “é uma obra muito interessante, que vai fazer as delícias das pessoas que gostam de conhecer mais sobre estas terras”. “Foi com enorme satisfação que percebi a qualidade e a profundeza que tem esta cultura ligada ao vento na nossa memória e na nossa vivência aqui na Beira”, salienta o responsável.
EXPOSIÇÃO DE OBJECTOS EÓLICOS
Os antigos Paços do Concelho recebem também no dia 4, mas pelas 21h30, o quarteto de acordeões Danças Ocultas. O grupo oriundo de Águeda é considerado um dos projectos mais interessantes da nova música portuguesa e “vai trazer as músicas das concertinas, elevando essa música a um contexto um pouco mais erudito, mas que será um momento excepcionalmente belo, às ruas e àquele monumento, que constitui os antigos paços do concelho e o largo do Pelourinho”, refere Paulo Fernandes.
Para o último dia de Festival, a organização do Encontro do Vento prepara a exposição dos objectos eólicos produzidos nas várias oficinas durante toda a semana. A intervenção artística decorre a partir das 9h00, nas ruas, janelas e varandas da Aldeia Histórica. Às 10h00 um balão de ar quente está ao dispor, no Parque do Alardo, para quem quiser sobrevoar os céus de Castelo Novo.
O concerto da Musicata marca o encerramento do Festival de Castelo Novo. Os instrumentos de sopro não têm hora marcada para começar a tocar, uma vez que a intervenção depende do pôr do Sol.
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“Vento - Sombra de Vozes/ Viento - Sombra de Voces” é o título da obra
Antologia Poética marca cooperação transfronteiriça
A actividade que mais destaque merece por parte da organização decorre no dia de abertura do Festival. O lançamento da Antologia de Poesia Ibérica “Vento - Sombra de Vozes/ Viento - Sombra de Voces” está marcado para as 21h00, na Lagariça. A obra, que reúne 68 poetas portugueses e espanhóis, mostra o vento como elemento unificador em todas as páginas, escritas nas duas línguas.
Editada pela Câmara Municipal do Fundão e pela Celya Editora, “a antologia apresenta-se como homenagem à matéria simbólica e poética que é o vento, elemento agregador e criador”, explica a organização do Festival de Castelo Novo. A obra será apresentada por Gabriel Magalhães, docente da Universidade da Beira Interior, numa cerimónia que conta ainda com um recital onde estarão presentes os poetas António Salvado, Jorge Fragoso, José do Carmo Francisco, Nicolau Saião, Pedro Sena-Lino, Rafael Dioníssio, Jesús Losada, Maria Ángeles Maeso e Santos Jimenez.
“É uma compilação de autores reconhecidos, de primeira linha, quer portugueses, quer espanhóis, que tiveram apontamentos poéticos sobre a temática do vento”, explica Paulo Fernandes. Para o responsável este é um projecto “muito interessante, até mesmo pela sua vertente transfronteiriça”. “É um livro muito curioso e revelador da nossa vontade de colocar a Aldeia Histórica de Castelo Novo numa rede mais ampla, transfronteiriça, na perspectiva de ganhar novas escalas para o que estamos a fazer e ter também novos públicos”, esclarece o vereador da Cultura.
CAIXA 3
Festival Internacional de Dança Contemporânea
“Fringe” regressa ao Fundão
Tal como já aconteceu no ano passado, os destaques do Festival de Castelo Novo vão também para o “Fringe 2004”, Festival Internacional de Dança Contemporânea, que conta com a actuação da Companhia Neodanza, da Venezuela, e Philip Hamilton, dos Estados Unidos da América, na próxima sexta-feira, dia 3, pelas 21h30, nas ruas da Aldeia Histórica. O evento constitui, na opinião da organização, “uma união entre o físico e o psicológico e o confronto da vida urbana com o ambiente relaxante de Castelo Novo. Estas são algumas das características de um espectáculo, que juntará artistas oriundos de vários pontos do mundo”.
“A maior maratona de dança em Portugal” é como o Festival se apresenta. Os cerca de 40 mil visitantes, em cinco edições, atestam a qualidade do evento, que percorre 20 cidades portuguesas e faz 45 espectáculos durante o Verão. A elaboração de uma programação variada tem sido uma das prioridades, com apresentações que vão desde criações pré-concebidas à improvisação espontânea, de vivências rituais ao expressionismo abstracto.
De acordo com Paulo Fernandes, vereador com o pelouro da Cultura na autarquia fundanense, o “’Fringe 2004’ é um espectáculo contemporâneo de grande qualidade, que vai ficar na retina e no ouvido dos espectadores”.
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