quinta-feira, abril 16, 2009

Monte dos Carvalhos


http://www.publico.clix.pt/videos/?v=20090413145500
in: Sol, 16/4
«A visão para este lugar é de uma comunidade monástica» , onde se abdica dos valores individuais, «com equilíbrio entre oração, trabalho, convívio e descanso», descreve Bárbara Leite, 34 anos, umas das fundadoras.

Segue os princípios cristãos e já recebeu amigos de todos os credos que conheceu ao calcorrear o globo, antes de se fixar perto da Póvoa da Atalaia, há dois anos e meio. Desde então são uma dúzia, outras vezes mais. «Uns passam aqui dias, outros meses. Nunca estou sozinha», refere.

Antonius Snellart, holandês de 53 anos, é um dos residentes dos últimos tempos. Ele e Bárbara têm amigos em comum que o levaram a conhecer o Monte dos Carvalhos - onde o inglês é a língua predominante.

Instalou-se depois de uma experiência «chocante» de 11 anos no combate à pobreza na Índia.

«Salvar moribundos à beira de estrada não chega. Depois daquilo só queremos uma vida simples, porque só assim se podem ajudar os pobres» , procurando um equilíbrio global, defende.

Anna Kitchen, 25 anos, vive em Manchester, na Inglaterra, onde trabalha na Speak Network, uma rede internacional de jovens contra as injustiças no mundo.

Chegou ao Monte dos Carvalhos com o namorado, depois de ouvir o relato de amigos. «Viemos relaxar, passar tempo com amigos e aprender algo mais sobre a terra e algumas plantações. É uma espécie de férias», diz.

«Acho fantástico conseguir viver assim, fora da cidade. Acho que se parece mais com a vida como ela realmente deve ser» , sublinha.

A única construção em pedra está no centro do terreno e foi recuperada como cozinha, com um forno a lenha, onde todos têm as suas tarefas. Em redor, há campos cultivados, água e diferentes construções feitas com madeira e outros materiais naturais - como um quarto de oração.

Quem abandona a estrada nacional 18 encontra placas ao longo de quatro quilómetros em terra batida e por entre diversas quintas até chegar ao Monte dos Carvalhos (Mount of Oaks, em inglês, como se lê nas placas).

O mesmo caminho de ida e volta que Bárbara faz pelo menos uma vez por semana para comprar mantimentos (sobretudo leite, ovos e vegetais). «Vamos ao mercado do Fundão ou às lojinhas da Póvoa da Atalaia. Apoiamos a economia local».

«Além do mais, as pessoas conhecem-nos e convivemos bem com todos» , garante. Como atesta o facto de um vizinho ceder electricidade para carregar o telemóvel e o computador portátil, com que acede à Internet e mantém o seu blogue (http://shantipilgrim.blogspot.com).

Junto à cozinha está a lata mágica, onde quem por ali passa pode deixar o seu donativo.

«Quando é preciso ir às compras, vamos buscar o que há na lata» , descreve, sendo que, em média, 50 euros por semana bastam.

Bárbara vive há 10 anos de donativos, o que encara com naturalidade, porque diz que não age para «proveito próprio».

«Tudo o que recebemos é para dar, não estamos aqui para fazer dinheiro ou para nos satisfazermos. É para dar a quem vem descansar ou em retiro. E é um ciclo: quanto mais se dá, mais se recebe» .

O Monte dos Carvalhos vive sobretudo de donativos internacionais.

«Há uma grande rede de relacionamentos global» , refere, mas sem fazer contas às doações ou olhar a doadores, garante.

«Alguns já cá estiveram, outros conhecem-nos pelo blogue e vêem que é algo de positivo» .

«Outros gostavam de viver assim, mas têm empregos, família ou compromissos e não podem. Mas apoiam-nos» .

Já este mês, o Monte dos Carvalhos acolheu duas dezenas de participantes num curso sobre permacultura (sistemas ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis) cujos princípios estão a ser aplicados no terreno, por exemplo, nas culturas agrícolas.

Com a chegada da Primavera, boa parte dos dias é agora dedicada a novas construções, tanto aquelas onde cada um vive como as de utilização comum, caso do quarto de oração.

«Sem electricidade, vivemos com o ritmo solar» , descreve Bárbara. A noite é passada à volta da fogueira, com conversas ou música.

«Já nos perguntaram ao telefone o que fazemos à noite” » recorda. As chamadas de televendas da operadora são frequentes para o telefone fixo, única peça de tecnologia que ali conseguiu entrar.

«Querem vender pacotes com Internet e televisão. Eu rio-me, respondo que não temos electricidade e as pessoas ficam espantadas» .

Apesar do relacionamento que já existe com a população da freguesia e o pároco local, Bárbara gostava de no futuro poder acolher visitas de escolas ao Monte dos Carvalhos para oficinas ligadas ao meio rural.

«Construção com produtos naturais, permacultura e ver a vida no campo é importante para despertar os jovens a voltar aos meios rurais. Porque o país está a ficar desertificado» , conclui.

Lusa / SOL

Texto originalmente extraído do site www.agencialusa.com.br
Mundo em Português Comunidade lusa recebe gente do mundo todo atrás de 'paz'
Centenas de pessoas de todo mundo em busca de paz de espírito já passaram pelo Monte dos Carvalhos, no sopé da Serra da Gardunha, no centro de Portugal, onde não há eletricidade e se vive em tendas Fundão, Castelo Branco, 13 abr (Lusa) - Centenas de pessoas de todo o mundo em busca de paz de espírito já passaram pelo Monte dos Carvalhos, no sopé da Serra da Gardunha, no centro de Portugal, onde não há eletricidade e se vive em tendas ou construções naturais.
“A visão para este lugar é de uma comunidade monástica”, onde se abdica dos valores individuais, “com equilíbrio entre oração, trabalho, convívio e descanso”, descreve Bárbara Leite, 34 anos, umas das fundadoras.
Segue os princípios cristãos e já recebeu amigos de todos os credos que conheceu ao correr o globo, antes de se fixar perto da Póvoa da Atalaia, há dois anos e meio. Desde então são uma dúzia, outras vezes mais. “Uns passam aqui dias, outros meses. Nunca estou sozinha”, conta.
Antonius Snellart, holandês de 53 anos, é um dos residentes dos últimos tempos. Ele e Bárbara têm amigos em comum que o levaram a conhecer o Monte dos Carvalhos - onde o inglês é a língua predominante.
Instalou-se depois de uma experiência “chocante” de 11 anos no combate à pobreza na Índia.
“Salvar moribundos à beira de estrada não chega. Depois daquilo só queremos uma vida simples, porque só assim se podem ajudar os pobres”, procurando um equilíbrio global, defende. Anna Kitchen, 25 anos, vive em Manchester, na Inglaterra, onde trabalha na Speak Network, uma rede internacional de jovens contra as injustiças no mundo.
Chegou ao Monte dos Carvalhos com o namorado, depois de ouvir o relato de amigos. “Viemos relaxar, passar tempo com amigos e aprender algo mais sobre a terra e algumas plantações. É uma espécie de férias”, diz.
“Acho fantástico conseguir viver assim, fora da cidade. Acho que se parece mais com a vida como ela realmente deve ser”, frisa.
A única construção em pedra está no centro do terreno e foi recuperada como cozinha, com um forno a lenha, onde todos têm as suas tarefas. Ao redor, há campos cultivados, água e diferentes construções feitas com madeira e outros materiais naturais - como um quarto de oração.
Quem abandona a estrada nacional 18 encontra placas ao longo de quatro quilômetros em terra batida e por entre diversas chácaras até chegar ao Monte dos Carvalhos (Mount of Oaks, em inglês, como se lê nas
placas).
http://www.agencialusa.com.br - documento gerado : 17/04/2009 - 14:54:22
Agência Lusa
O mesmo caminho de ida e volta que Bárbara faz pelo menos uma vez por semana para comprar mantimentos (sobretudo leite, ovos e vegetais). “Vamos ao mercado do Fundão ou às lojinhas da Póvoa da Atalaia. Apoiamos a economia local”.
“Além do mais, as pessoas conhecem-nos e convivemos bem com todos”, garante. Como atesta o fato de um vizinho ceder eletricidade para carregar o telefone celular e o computador portátil, com que acessa a internet e mantém o seu blog (http://shantipilgrim.blogspot.com).
Donativos
Junto à cozinha está a lata mágica, onde quem por ali passa pode deixar o seu donativo.
“Quando é preciso ir às compras, vamos buscar o que há na lata”, descreve, sendo que, em média, 50 euros por semana bastam.
Bárbara vive há 10 anos de donativos, o que encara com naturalidade, porque diz que não age para “proveito próprio”.
“Tudo o que recebemos é para dar, não estamos aqui para fazer dinheiro ou para nos satisfazermos. É para dar a quem vem descansar ou em retiro. E é um ciclo: quanto mais se dá, mais se recebe”.
O Monte dos Carvalhos vive sobretudo de donativos internacionais.
“Há uma grande rede de relacionamentos global”, cita, mas sem fazer contas às doações ou olhar a doadores, garante.
“Alguns já cá estiveram, outros conhecem-nos pelo blog e vêem que é algo de positivo”.
“Outros gostariam de viver assim, mas têm empregos, família ou compromissos e não podem. Mas apoiam-nos”. Dia-a-dia
Já este mês, o Monte dos Carvalhos acolheu duas dezenas de participantes num curso sobre permacultura (sistemas ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis) cujos princípios estão sendo aplicados no local, por exemplo, nas culturas agrícolas.
Com a chegada da primavera, boa parte dos dias é agora dedicada a novas construções, tanto aquelas onde cada um vive como as de utilização comum, caso do quarto de oração.
“Sem eletricidade, vivemos com o ritmo solar”, descreve Bárbara. A noite é passada à volta da fogueira, com conversas ou música.
“Já nos perguntaram ao telefone o que fazemos à noite”, recorda. As chamadas de televendas da operadora são frequentes para o telefone fixo, única peça de tecnologia que ali conseguiu entrar.
“Querem vender pacotes com internet e televisão. Eu rio, respondo que não temos eletricidade e as pessoas ficam espantadas”.
Apesar do relacionamento que já existe com a população da freguesia e o pároco local, Bárbara gostaria de no futuro poder acolher visitas de escolas ao Monte dos Carvalhos para oficinas ligadas ao meio rural.

Agência Lusa
“Construção com produtos naturais, permacultura e ver a vida no campo é importante para despertar os jovens a voltar aos meios rurais. Porque o país está a ficar desertificado”, conclui.
http://www.agencialusa.com.br - documento gerado : 17/04/2009 - 14:54:22

Comunidade no Monte dos Carvalhos é espaço de encontro com a natureza

Pessoas de todo o mundo buscam paz no Fundão

A vida campestre e sem alguns acessórios contemporâneos fazem parte do ambiente desta comunidade situada perto da Atalaia do Campo





Centenas de pessoas de todo o mundo em busca de paz de espírito já passaram pelo Monte dos Carvalhos, no sopé da Serra da Gardunha, onde não há electricidade e se vive em tendas ou construções naturais. 'A visão para este lugar é de uma comunidade monástica', onde se abdica dos valores individuais, 'com equilíbrio entre oração, trabalho, convívio e descanso', descreve Bárbara Leite, 34 anos, umas das fundadoras.
Segue os princípios cristãos e já recebeu amigos de todos os credos que conheceu ao calcorrear o globo, antes de se fixar perto da Póvoa da Atalaia, há dois anos e meio. Desde então são uma dúzia, outras vezes mais. 'Uns passam aqui dias, outros meses. Nunca estou sozinha', refere.
A única construção em pedra está no centro do terreno e foi recuperada como cozinha, com um forno a lenha, onde todos têm as suas tarefas. Em redor, há campos cultivados, água e diferentes construções feitas com madeira e outros materiais naturais - como um quarto de oração.
Quem abandona a estrada nacional 18 encontra placas ao longo de quatro quilómetros em terra batida e por entre diversas quintas até chegar ao Monte dos Carvalhos (Mount of Oaks, em inglês, como se lê nas placas).
O mesmo caminho de ida e volta que Bárbara faz pelo menos uma vez por semana para comprar mantimentos (sobretudo leite, ovos e vegetais). 'Vamos ao mercado do Fundão ou às lojinhas da Póvoa da Atalaia. Apoiamos a economia local',
'Além do mais, as pessoas conhecem-nos e convivemos bem com todos', garante. Como atesta o facto de um vizinho ceder electricidade para carregar o telemóvel e o computador portátil, com que acede à Internet e mantém o seu blogue (http://shantipilgrim.blogspot.com).
Junto à cozinha está a lata mágica, onde quem por ali passa pode deixar o seu donativo. 'Quando é preciso ir às compras, vamos buscar o que há na lata', descreve, sendo que, em média, 50 euros por semana bastam.

UMA DÉCADA DE DONATIVOS
Bárbara vive há 10 anos de donativos, o que encara com naturalidade, porque diz que não age para 'proveito próprio', 'Tudo o que recebemos é para dar, não estamos aqui para fazer dinheiro ou para nos satisfazermos. É para dar a quem vem descansar ou em retiro. E é um ciclo: quanto mais se dá, mais se recebe',
O Monte dos Carvalhos vive sobretudo de donativos internacionais. 'Há uma grande rede de relacionamentos global', refere, mas sem fazer contas às doações ou olhar a doadores, garante.
'Alguns já cá estiveram, outros conhecem-nos pelo blogue e vêem que é algo de positivo', 'Outros gostavam de viver assim, mas têm empregos, família ou compromissos e não podem. Mas apoiam-nos',


Testemunho dos mais recentes moradores
Holandês e ingleses entre os residentes
Antonius Snellart, holandês de 53 anos, é um dos residentes dos últimos tempos. Ele e Bárbara têm amigos em comum que o levaram a conhecer o Monte dos Carvalhos – onde o inglês é a língua predominante. Instalou-se depois de uma experiência 'chocante', de 11 anos no combate à pobreza na Índia. 'Salvar moribundos à beira de estrada não chega. Depois daquilo só queremos uma vida simples, porque só assim se podem ajudar os pobres', procurando um equilíbrio global, defende.
Anna Kitchen, 25 anos, vive em Manchester, na Inglaterra, onde trabalha na Speak Network, uma rede internacional de jovens contra as injustiças no mundo. Chegou ao Monte dos Carvalhos com o namorado, depois de ouvir o relato de amigos. 'Viemos relaxar, passar tempo com amigos e aprender algo mais sobre a terra e algumas plantações. É uma espécie de férias', diz. 'Acho fantástico conseguir viver assim, fora da cidade. Acho que se parece mais com a vida como ela realmente deve ser', sublinha.


in: http://www.diarioxxi.com/diarioxxi/artigo.asp?ed=1907&id=1&page=5

Viver sem electricidade e ao ritmo solar
Telefone fixo é a única tecnologia
Já este mês, o Monte dos Carvalhos acolheu duas dezenas de participantes num curso sobre permacultura (sistemas ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis) cujos princípios estão a ser aplicados no terreno, por exemplo, nas culturas agrícolas.
Com a chegada da Primavera, boa parte dos dias é agora dedicada a novas construções, tanto aquelas onde cada um vive como as de utilização comum, caso do quarto de oração. 'Sem electricidade, vivemos com o ritmo solar', descreve Bárbara Leite. A noite é passada à volta da fogueira, com conversas ou música.
'Já nos perguntaram ao telefone o que fazemos à noite', recorda. As chamadas de televendas da operadora são frequentes para o telefone fixo, única peça de tecnologia que ali conseguiu entrar. 'Querem vender pacotes com Internet e televisão. Eu rio-me, respondo que não temos electricidade e as pessoas ficam espantadas',
Apesar do relacionamento que já existe com a população da freguesia e o pároco local, Bárbara gostava de no futuro poder acolher visitas de escolas ao Monte dos Carvalhos para oficinas ligadas ao meio rural.
'Construção com produtos naturais, permacultura e ver a vida no campo é importante para despertar os jovens a voltar aos meios rurais. Porque o País está a ficar desertificado', conclui.

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