sexta-feira, novembro 12, 2004

O GTL_Zona Antiga do Fundão, da CMF, publica roteiros descritivos

Com a coordenação do Arqº Carlos Manuel dos Santos foram publicados três cadernos sobre a Zona Antiga do Fundão, O Olhar e o Sentir (Azulejaria do Fundão), Fumos da Cidade (Chaminés do Fundão) e A Voz e as Folhas (Espaços Verdes da Zona Antiga. A iniciativa é de aplaudir, mas restringe-se ao Fundão e à Zona Antiga do mesmo, ficando por desvendar e divulgar todo o património da mesma área, não localizado na zona antiga.








Há imenso património a identificar e descobrir no concelho, tornando-o acessível ao turismo cultural, janelas, portas, azenhas, lagares, adegas, epigrafia, casas, igrejas, alfaias, por exemplo, que este trabalho vem evidenciar como sendo indispensáveis.

Um dos temas abordados Espaços Verdes, só por si merece um trabalho ao nível do concelho, de forma a que não se percam preciosidades botânicas à beira da extinção, por negligência. Vou dar um exemplo, na zona de Óbidos um dos produtos que se tornou ex-libris e que é oferecido em múltiplas casas comerciais é a ginja. Questionando algns produtores sobre a origem da ginja foi-me dito que a produção local é insuficiente e recorrem à ginja do Fundão, comercializada no mercado de Alcobaça, mas a uma variedade que não é originária do Fundão. Foi-me dito que a ginja de Óbidos é mais amarga e produz uma bebida de melhor qualidade. Investigando, concluí que a variedade que designam como de Òbidos corresponde à nossa ginja garrafal. O que é que nós fazemos com esse produto? Que medidas foram tomadas para preservar essa variedade das Beiras? Verdadeiramente quais são as espécies botânicas que podemos considerar como características da região? Com a expulsão dos Jesuitas de S. Fiel, em 1910 e com a incapacidade demonstrada de incorporar o trabalho científico da Brotéria, perderam-se décadas no levantamento e identificação do nosso património botânico e zoológico. Esperemos que ainda haja oportunidade para recuperar o tempo perdido e que as novas gerações aprendam a conhecer, identificar e proteger todo o seu Património, Natural, Arquitectónico, Etnográfico e Cultural.



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