sábado, novembro 04, 2006

Cogumelos-riqueza da Beira Interior a explorar

Na Beira Interior, especialmente em anos com significativa queda pluvial, abundam várias variedades, cujo aproveitamento económico, de forma racioanal está por fazer. Em tempos, no site do Restaurante Helana, de Idanha-a-Nova (www.helana.com) havia uma informação relevante sobre este domínio. Na reformulação do site desapareceu essa informação e pelo que me foi possível constatar a utilização de cogumelos foi retirada da lista. Aqui fica informação relevante publicada no Jornal de Notícias de 3/11, mas também o Expresso reproduz informação sobre este domínio. Um dos produtos que os fabricantes de pizzas, mais conceituados, utilizam são os cogumelos em pó. Em Itália este produto encontra-se com facilidade, em Portugal só em casas muito especilizadas é possível encontrá-los. Os cogumelos são reduzidos a pó depois de secos. Em períodos de maior abundância, poderão ser transformados, por esta via, reduzindo a oferta e estabelizando os preços.


in: Jornal de Notícias
NÚMEROS
Desperdiçados benefícios dos cogumelos


Eduardo Pinto

Mais um Outono repleto de cogumelos silvestres, mais um ano sem legislação para o sector, mais uma corrida desenfreada a um recurso precioso, em que os intermediários são quem mais ganha com a venda. Portugal começa agora a despertar para esta potencialidade, mas Espanha, Itália, França e Suíça há muito a valorizam, comprando-a cá para consumir lá, em fresco, congelada ou em conserva de azeite.

Não que por cá não lucre quem o apanha e vende a intermediários. Cinco a 20 euros por quilo, limpos, não é propriamente valor desprezível para quem vive do magro sustento que a terra assegura. O problema é que o grosso da mais-valia não fica para eles.

Este o principal problema identificado pelo investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Artur Cristovão. As populações não negligenciam o produto, uma vez que sempre lhe reconheceram valor alimentar, tantas vezes para substituir carne e peixe, bem mais caros. "A negligência está na gestão do recurso e aproveitamento económico que traga mais benefícios para as populações".

Falta de legislação

Num estudo desenvolvido há cerca de um ano, Cristóvão constatou que os intermediários portugueses ou comerciantes espanhóis situam-se, geralmente, logo à saída do bosque onde as famílias apanham os cogumelos. "Têm carrinhas e balanças, fazem uma triagem rápida e pagam o que entendem". O produto é a seguir vendido a diversas unidades, que se encarregam do seu processamento e o transportam para mercados onde são altamente valorizados.

A culpa é da "situação de alegalidade (inexistência de lei) no sector", aduz o presidente da Associação Micológica Pantorra, com sede em Mogadouro, Francisco Xavier Martins. "Temos alertado as entidades competentes, mas devem ter tido outras coisas em que pensar", atira. O tema voltará a estar em debate nas jornadas europeias sobre micologia que amanhã começam, em Bragança, e decorrem até dia 12.

Guilhermina Marques, docente da UTAD, adianta que já houve uma primeira tentativa de criar legislação, através de um conjunto de entidades que fizeram o ponto da situação do sector. "Em 2001, apresentámos os relatório com as linhas orientadoras ao Ministério do Ambiente, mas, com a alternância de governos, o processo ficou parado", denuncia.

Os investigadores defendiam que as pessoas que apanham cogumelos devem aprender algumas regras, pois há processos mais destrutivos do que outros. As quantidades colhidas também deveriam ser regulamentadas, bem como os tamanhos autorizados e os objectos permitidos para auxiliar a recolecção. A comercialização e transformação são outros pontos que deverão merecer a atenção do legislador.

Restaurantes aproveitam

O potencial gastronómico dos cogumelos começa já a ser aproveitado por restaurantes na região. É o caso do "Flor de Sal", em Mirandela. O gerente, João Paulo Carlão, orgulha-se de servir sempre cogumelos nas refeições. Apostado numa cozinha de qualidade, diz que procurou sempre informar-se dos melhores produtos regionais para os poder confeccionar no restaurante. "Os cogumelos são um deles".

O responsável abastece-se numa unidade de produção de diversos tipos de cogumelos, em Benlhevai (Vila Flor). A repolga, os boletus, as trufas, entre outros, acompanham qualquer refeição, seja como entrada, utilizados na confecção de um prato ou como sobremesa. Um jantar eno-gastronómico recente, com cerca de 80 pessoas, na maioria do litoral do país, teve como exigência repolga grelhada e arroz de boletus para acompanhar a carne. E, por vezes, revela João Paulo Carlão, "até servimos gelado de cogumelo".

Os cogumelos silvestres podem ainda desempenhar um importante papel de defesa dos castanheiros contra doenças como o cancro e a tinta. Guillhermina Marques adianta que os fungos micorrízicos provocam o envolvimento da raiz dos castanheiros com mecélio, o que provoca uma barreira física que impede o acesso a outros fungos. Daí que a mobilização dos solos esteja totalmente desaconselhada nos soutos.


50

mil variedades

de cogumelos estão identificadas em todo o Mundo. Em Portugal, estão identificadas cerca de 300 espécies. Pouco mais de uma dezena terá interesse gastronómico.

90%

de água na composição

da maioria dos cogumelos. Daí a sua fragiliade. Nascem, crescem,vivem e morrem no espaço de uma semana.


5

euros

é o preço médio pago por intermediários aos colectores pela maioria das espécies de cogumelos apreciadas no estrangeiro. No caso dos boletus, chegam a pagar 20 euros por quilo.

200

participantes

esperados nas jornadas micológicas que começam amanhã em Bragança, oriundos de Portugal, Espanha, França e Itália.

1 comentário:

William Vianna Pimenta disse...

Olá,muito interesanteler assuntos de cogumelos,eu sou eng agronoma e chef de cozinha especializada em cogumelos,gostaria de convidalos a visitar meu restaurante em Visconde de Mauá,vamos manter contato vai ser um prazer,sou KRISTINA Dietrich meu email cheffkris@yahoo.com.br,tel:024 33871523 e 024 99741507,um abraço até breve.