quinta-feira, novembro 23, 2006

A Beira Interior na vanguarda para cumprimento do Protocolo de Quioto

in: Diario xxi, de 23/11/2006

EDP investe na Covilhã para baixar emissão de gases Quinta-Feira, 23 de Novembro de 2006 Projecto inovador vai reduzir dióxido de carbono lançado para a atmosfera

Com um tipo especial de cultivo e florestação é possível certificar que determinada quantidade de carbono fica no solo em vez de ir para a atmosfera. O primeiro deste tipo de projectos inovadores para cumprir o Protocolo de Quioto arranca na freguesia de Peraboa A EDP-Energias de Portugal vai investir meio milhão de euros num projecto agro-florestal, na Quinta da França, na Covilhã, que permitirá reduzir anualmente em sete mil toneladas as emissões portuguesas de dióxido de carbono (CO2) até 2012. "É o primeiro projecto desta natureza em Portugal, que cria sumidouros agrícolas para a absorção de CO2 [retenção no solo], isto é, um tipo especial de cultivo que no fundo garante um efeito positivo no ambiente", explicou ontem o presidente da EDP, na cerimónia de assinatura do contrato de investimento com a sociedade agrícola Terraprima.
António Mexia afirmou que o projecto "abre caminho, com componente técnica portuguesa, para outros projectos do género que podem reduzir as emissões de CO2 em 4,5 milhões de toneladas até 2012". "É uma responsabilidade importante nas empresas e que contribui para o Fundo de Carbono [no valor de 354 milhões de euros], criado pelo governo, e ajuda assim a cumprir o Protocolo de Quioto", adiantou António Mexia. O Fundo Português de Carbono tem como objectivo financiar medidas que facilitem o cumprimento dos compromissos assumidos no âmbito do Protocolo de Quioto sobre alterações climáticas.

“FOSSEM 500 MIL”
O secretário de Estado do Ambiente, presente na assinatura do contrato, enalteceu a iniciativa da EDP, afirmando que se "em vez de 500 hectares [na Quinta da França, freguesia de Peraboa] fossem 500 mil, permitiria acabar com o défice de carbono português". Humberto Rosa explicou também que para o período pós-Quioto, em 2012, está a ser estudada a ideia de "beneficiar as empresas com mais créditos para a sua actividade quando estas fazem investimentos fora da sua área, contribuindo para a redução de CO2".

O que vai ser feito
O projecto consiste em gestão de pastagens, sementeira directa e florestação do local, explica a EDP em comunicado. Acima de tudo “trata-se de implementar novos métodos de plantação e gestão das áreas cultivadas, de modo a certificar o carbono fixado e a fornecer um estímulo remuneratório aos agricultores por esta mais-valia adicional da sua actividade”, sublinha a empresa. Para além deste objectivo, permite ainda a florestação com espécies autóctones e uma melhoria das áreas agrícolas e pastorícias, uma vez que aumenta a matéria orgânica no solo.

Primeiro local
A Quinta da França é a primeira em Portugal onde vai ser implementado o projecto, de um conjunto de cinco – Herdades dos Esquerdos, Monte dos Mestres, Fonte do Corcho e da Rebouça. Segundo o contrato, a Quinta da França está sujeita a obrigatoriedade de ter a sua área florestal em regime certificado de gestão florestal sustentável, durante três anos.

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