quinta-feira, julho 28, 2005

Vinhos da Beira Interior - Vinhos da Quinta dos Termos

Se estiverem interessados num conhecimento mais aprofundado e esclarecedor da variedade de vinhos produzidos na Quinta dos Termos podem activar Quinta dos Termos.

quarta-feira, julho 20, 2005

Águas Minerais na Beira Baixa

Na publicação seguinte




encontrei algumas referências sobre as águas minerais da Beira-Baixa, apreciadas à luz do conhecimento da data da publicação, 1940, em que a existência do radon era valorizada terapeutica e economicamente. Em Aqueobloco (o seu autor encerrou o BLOG, mas esta ligação está activa em 23/2005) o seu autor coloca com espanto uma fotografia de uma garrafa de água radioactiva, então exportada para o Reino Unido, exposta no Museu do Sabugal. Outros tempos, outras mentalidades, outros conhecimentos... Como o mundo e Portugal evoluiram em tão pouco tempo. Comparem estas fotografias das Termas de Monfortinho, para poderem apreciar a evolução das mesmas. Não coloco uma fotografia actual do Hotel Fonte Santa, porque qualquer um de nós tem, nos tempos que correm, o dever de procurar conhecer o Património da nossa região.


"V-CASTELO BRANCO:
Unhais da Serra - águas sulfúreas sódicas, radioactivas pelo radon, mesotermais, usadas no tratamento das hemorrói
das, reumatismos e dermatoses.
O Aquilégio fala das Caldas da Covilhã (Unhais da Serra). No ano 1794, o Bispo da Guarda D. Jerónimo Rogado, ao fazer a doação dos banhos de Unhais à Confraria do S. S., refere-se a que o Bispo D. João de Mendonça seu antecessor, também doara os banhos. O estabelecimento, constava de 2 tanques para banhos e 6 quartos para os doentes se vestirem, em 1860, data em que foi entregue à Câmara Municipal da Covilhã, que em 1893 reformou e ampliou o balneário, transformando os tanques em quartos de banho. De então até hoje poucas beneficiações se fizeram.
Águas Sulfurosas da Touca - águas sulfúreas sódicas, aplicadas em reumatismos e dermatoses.
Em 1925 foi concedido o alvará, continuando as instalações no primitivo e bastante rudimentar estado em que foram construídas.
Alardo - água hipossalina, muito radioactiva pelo radon, indicada na cura de diurese, mais usada como água de mesa.
Concedido em 1922 o alvará de concessão, foi construído um edifício destinado a oficina de engarrafamento; a falta de recursos financeiros fêz suspender a exploração desta água.
Fonfe Sanfa de Monfortinho-água hipossalina, muito radioactiva pelo radon, mesotermal, aplicada nas doenças de fígado, rins e de pele.

Dêste grupo de nascentes, a denominada «Fonte Santa» é a mais remotamente conhecida, pois já em 1726, fôra citada por Fonseca Henriques; a sua valorização, porém, data de 1747 depois da cura do infante D. Francisco, irmão de D. João V, que mandou construir o chamado «Banho Público» sôbre a nascente Fonte Santa, balneário que em 1938 foi demolido para a execução dos trabalhos de captagem; no período de 1901 a 1932 são feitos -vários pardieiros aplicados a balneários, um barracão pomposamente chamado «hotel» e uma casa que ficou só nas paredes, destinada a festas, e chamada «casino».
Por imposição da Inspecção de Águas, esta situação foi modificada, e, em 1940, é inaugurado o hotel e o estabelecimento termal, quer um quer outro modelares.
Lugar da Foz da Sertã-água hipossalina aluminosa, radioactiva pelo radon, hipotermal.

É muito recente o seu conhecimento como água medicinal, sendo de 1893 a sua primeira análise, quási não havendo história clínica. É a água vendida em garrafas de 7 decilitros.


Fonte Santa de Monfortinho-O primeiro balneário chamado Banho
Público, sôbre a Fonte Santa», hoje demolido








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Cancioneiro Cova da Beira de Maria da Ascensão Carvalho Rodrigues, Vol. I, II, III , edições da autora.

O Jornal do Fundão entrevistou recentemente o Padre Manuel Domingos, nos 50 anos de sacerdócio e nem uma referência foi feita ao trabalho etnográfico notável que o Senhor Padre tem realizado na Beira Interior, participando com eficácia, sacrifício, entrega e dedicação nas notações musicais das canções populares recolhidas. Este trabalho é pouco conhecido e apresenta uma evolução notável da técnica utilizada no I volume, conseguindo chegar à perfeição no III volume. Para divulgar um pouco deste trabalho apresento citações do Volume II, em que a autora evidencia e reconhece o apoio do Padre Manuel Domingos e apresenta-o como compositor de música litúrgica, aspecto que me merece mais investigações. Foi pena o Jornal do Fundão ter desperdiçado esta oportunidade para evidenciar o papel cultural desta figura e ter ficado só pelo seu desempenho como pároco.

In: Jornal do Fundão

PÁROCO DO FERRO E PERABOA
Padre Manuel Domingos faz 50 anos de sacerdócio
NO próximo domingo o padre Manuel Domingos celebra 50 anos de sacerdócio na vila do Ferro. O despertar da sua vocação começa desde muito novo por influência do padre da sua freguesia natal, Cabreira, concelho de Almeida. “Os meus pais rezavam todos os dias o terço. A minha família era muito praticante e íamos sempre à missa”, recordou ao JF. Na sua infância lembra-se dos tempos conturbados de Portugal, especialmente aquando da Guerra Civil de Espanha. “A Cabreira está a escassos quilómetros de Espanha e nessa altura fugiam para a minha terra muitos espanhóis com medo da guerra e muitos deles cheios de fome.” Em 1943 com apenas 11 anos e depois de concluir a quarta classe na sua terra natal vai para o Seminário do Fundão. Para o jovem seminarista foi uma das primeiras oportunidades para sair de casa: “o único carro que me lembro na minha freguesia foi o do caixeiro-viajante a vender os seus produtos ao senhor que tinha lá um pequeno comércio. A aldeia tinha perto de 100 habitantes e ficava a 25 quilómetros da sede de concelho. As estradas eram uma verdadeira dor de cabeça”, recorda. Depois de concluir o 5.º ano e com 16 anos já feitos foi para o Seminário da Guarda onde permaneceu 7 anos. A 10 de Julho de 1955 foi ordenado padre na Sé da Guarda: “Na altura só foram ordenados três padres e foi um grande momento para toda a minha família, sobretudo para os meus pais, já que, sempre fizeram questão que eu seguisse esta vocação. Dois dias depois celebrei a primeira missa na Cabreira.” Mais tarde foi enviado como coadjutor para Trancoso onde permaneceu dois anos. Regressa novamente ao Seminário do Fundão para exercer a função de Prefeito e professor de Matemática e Latim. Segundo o padre Manuel Domingos, “durante alguns anos andei com as malas às costas e também fui 4 anos para Jarmelo. O frio naquela região da Guarda era tanto que Deus me enviou para uma zona mais quente, Ferro e anos mais tarde Peraboa. Esta foi uma dádiva de Deus, disse ao JF. O gosto pelo ensino ficou-lhe arreigado no coração e mais tarde tirou o curso de Estudos Clássicos e Portugueses na Universidade de Coimbra no ano 1968 e durante anos deu aulas na Escola Frei Heitor Pinto, na Covilhã.

– Como caracteriza os seus 50 anos ao serviço da Igreja?, perguntámos ao padre Manuel Domingos.,

– “Sempre tentei cumprir aquilo que Deus queria de mim e o facto de estar a celebrar os 50 anos é sinal de que a minha missão era servir. Estou a viver este momento como pároco com muita serenidade e muita calma”, disse.

Assim, no próximo dia 10 de Julho Peraboa e Ferro vão festejar as bodas de ouro do padre Manuel Domingos na Igreja Matriz do Ferro pelas 16 e 30 e depois segue-se o jantar no pavilhão do gimnodesportivo daquela freguesia.


in:



À MARGEM DO TEXTO MUSICAL
Foi para mim uma honra o convite de D. Maria da Ascensão G. C. Rodrigues para continuar o trabalho de transcrição musical já em parte dado a conhecer em Cancioneiro - Cova da Beira da autora.
Referindo algumas das dificuldades que condicionam e tornam muito discutível a fidelidade da versão apresentada, o que torna o trabalho do estudioso uma obra sempre incompleta e defectível, alertei já para o critério adoptado na recolha do texto musical transcrito: quis apresentar apenas uma versão possível e fundamentada do texto musical, mantido na tradição oral e agora em risco de se perder para sempre se não houver o trabalho de recolha, cada vez mais urgente e difícil. (O que se não fixar por escrito nestes próximos anos, deixará, por certo, de pertencer ao nosso património cultural!).
A versão musical transcrita que procurei fosse fiel o mais possível em relação ao texto oral, cantado, que me era apresentado em diversas gravações, corresponde à interpretação fónica, na melodia e ritmo, que parecia mais correcta quando havia divergências nas fontes - e aquelas eram muitas. Tal interpretação não deixa, no entanto, de ser muito subjectiva, tendo grande relevância a sensibilidade musical.
Oxalá eu tenha optado pelo texto que pudesse vir a ser considerado o mais correcto e fiel, que só um estudo comparativo mais exaustivo poderia obter.
Um outro problema importante se põe, pelo menos em relação a certas melodias: - Em que medida elas são criação do povo ou não passam de uma versão, mais ou menos deturpada, de uma outra versão erudita e criada por alguém que nada tinha a ver com esta região.
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Ao analisarmos minuciosamente cada um dos textos apresentados, será fácil detectar alguns dos traços característicos da melodia regional e tradicional. Noutras, porém, as características, se as há, parecem estar muito diluídas.
Definir, todavia, a procedência ou circunscrever as influências recebidas, será já um problema que me ultrapassa em competência e em tempo disponível.
Será um vasto campo sobre o qual poderão debruçar-se os mestres da nossa etnografia e eruditos da ciência musical.
Técnicos especializados nestas áreas poderão completar e aperfeiçoar no futuro o que me não foi possível obter. E todos teremos a lucrar.
Pela minha parte, apenas quero reafirmar a recta intenção que sempre me orientou, de contribuir de forma positiva para salvaguardar parte do nosso tesouro artístico regional numa época em que novos padrões, unificantes e muito discutíveis, estão subvertendo e substituindo outros mais tradicionais e bem marcantes na história cultural do nosso povo.
Oxalá o tenha conseguido.

P.` MANUEL F. DOMINGOS
Agradecimentos da professora Maria da Ascensão Gonçalves Carvalho Rodrigues

do nosso património cultural popular, a merecer lugar de relevo nas nossas estantes e no nosso espírito.
Estou com Garrett quanto à sua apreciação acerca de tudo o que é popular: «O tom e o espírito verdadeiramente português esse é forçoso estudá-lo no grande livro nacional que é o povo e as suas tradições, e as suas virtudes, e os seus vícios, e as suas crenças, e os seus erros».
Creio ter já dado a minha quota-parte para o conhecimento de uma parcela do povo português com as edições de Ferro - Cova da Beira, do primeiro volume do Cancioneiro - Cova da Beira e agora com o presente Romanceiro da mesma região, onde se conservam os romances e outros cantares mais puros e mais genuínos, se bem que com um ou outro barbarismo inevitável.
Fazendo um trabalho científico de recolha, houve que respeitar fielmente as formas populares com arcaísmos, plebeísmos e regionalismos lexicais e fonéticos, de modo a que os estudiosos da língua portuguesa e do romanceiro os possam analisar, comparar e tirar as ilações já inferidas ou não de outras obras. Limando as arestas de alguns romances, ficarão textos literários mais ou menos perfeitos, mas talvez destituídos daquele sabor e graça ingénua que caracterizam as narrativas populares e que, de alguma maneira, divertem e recreiam o espírito.
Chamo ainda a atenção para as rimas mais vulgares prevalecentes ao longo de cada um dos temas mais antigos: ar, ado ou ada, ia, 1 ou im e ão.
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18. UM AGRADECIMENTO

Muitos «romances são também acompanhados da respectiva notação musical, impossível sem a prestimosa e desinteressada colaboração do Rev.° Dr. Manuel Francisco Domingos, mui digno pároco do Ferro e Peraboa, distinto professor da Escola Secundária da Quinta das Palmeiras, na Covilhã, e exímio compositor de cantos litúrgicos.
Foi uma tarefa árdua, devido às características emanentes do canto popular e também à falta de tempo; mas tenho a certeza que resultou compensadora: para o Sr. Dr. Domingos, pela alegria de também poder ser útil neste campo; para o Romanceiro, que ficou enriquecido com a parte melódica; para os amadores e profissionais da música, que encontrarão aqui trechos musicais inéditos e populares.

sábado, julho 16, 2005



No Gourmet do El Corte Inglez é possível ter à disposição mais dois produtos da Beira Interior - Os Vinhos Quinta dos Termos e o Azeite de Malpica do Tejo. Transcrevo os rotulos dos produtos indicados, so por si suficientemente esclarecedores sobre os mesmos. A principal relevância, na minha perspectiva, está na divulgação e protecção de variedades típicas e exclusivas da Beira Interior, como sejam a casta de uvas Fonte Cal e a azeitona Galega, que o povo beirão foi celebrizando em canções populares e em actividades festivas associadas à vindima e à apanha da azeitona.

Vinho Branco
Rótulo da Garrafa

Quinta dos Termos – Fonte Cal

Provar um bago de Fonte Cal, casta branca tradicional da Beira Interior, é uma experiência fantástica, pela quantidade de sabores e de sensações que proporciona, faculdade que não está ao alcance de qualquer uva. Essa prova levanta-nos também várias questões desde que o projecto vitivinícola da Quinta dos Termos começou. “O que será isto transformado em vinho?”, e “Porque é que ainda ninguém o fez?”. Esta garrafa resultado da vinificação em separado de Fonte Cal, apenas consegue responder à primeira questão. Vinho espelho da vinha , de intensos aromas frutados com ligeiro floral a lembrar o Cardo Serrano, muito saboroso na boca, com uma acidez elegante e boa persistência final, com uma estrutura que faz adivinhar uma boa evolução em garrafa. Acompanhe-o com um Queijo de Serra pastoso, enchidos beirões e uma outra companhia à sua escolha.
Não foi feita qualquer estabilização artificial, pelo que poderá criar depósito com a idade, o que em nada influí na sua qualidade.


Vinho Tinto
Quinta dos Termos – Touriga Nacional
Rótulo da Garrafa
Quinta dos Termos – Touriga Nacional
Situada perto de Belmonte, numa zona agreste, de solos graníticos pobres e paisagem lindíssima, com condições excepcionais para a cultura da vinha. Nela se cultivam uvas das castas tradicionais da Beira Interior, originando vinhos cunhados pela Excelência da Natureza. Do lado de cá da Serra da Estrela, educamos esta Touriga Nacional. Na vinha e na adega, cresceu e deu origem a este vinho intenso e completo, com aromas florais elegantes, com estrutura e um final longo e persistente. Estamos certos de que, como reza a lenda, ajudará a Moura a encantar o pastor na manhã de S. João!

Produtor e engarrafador João Carvalho – Carvalhal Formoso – Belmonte

Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Malpica do Tejo
Azeites da Beira Interior (DOP) - Azeite da Beira Baixa – Variedade de azeitona predominantemente Galega

O Azeite Malpica do Tejo nasce todos os anos a pensar em si:
Na sua saúde,
Nos seus deleites culinários,
Nos seus prazeres gastronômicos,
Nos seus gostos e sabores.

Este azeite é o resultado da história, do saber e do acreditar da comunidade malpiqueira; uma aldeia a 20 Km de Castelo Branco, envolta em olivais carinhosamente tratados ao longo de anos pelos seus proprietários. A sua azeitona “escorre” pelas mãos de centenas de olivicultores que, tradicionalmente em Novembro, se reúnem na aldeia, fazendo aquela que é conhecida como a Festa da Azeitona.

O Azeite Malpica do Tejo é obtido maioritariamente, a partir de azeitona da variedade Galega, incluindo também cordovil e bical de Castelo Branco. Todas são variedades típicas da região da Beira Baixa, conferindo a este azeite particularidades únicas: ao frutado de azeitona associa-se um ligeiro amargo e picante..

O azeite desta garrafa é obtido a partir de azeitonas do dia, sendo extraído a frio, nas melhores condições higio-sanitárias e sob um rigoroso auto-controlo de qualidade. Pelas suas características impares, identidade territorial e modo de produção específico, é lhe conferida a Denominação de Origem Protegida (DOP) “Azeites da Beira Baixa"

sexta-feira, julho 15, 2005

Lançamento
Chuchurumel
no seu castelo das tradições
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Após dois anos de trabalho e muitas apresentações ao vivo, Chuchurumel edita o seu primeiro disco “no castelo de Chuchurumel” que apresenta temas da tradição popular portuguesa (nomeadamente do distrito da Guarda) e composições originais.

Chuchurumel, o projecto musical de César Prata e Julieta Silva, teve o seu início com a montagem de “Canções de todo o ano” (estreado em Outubro de 2003, no Auditório Municipal da Guarda), espectáculo que teve dezenas de apresentações. Seguiram-se concertos realizados no âmbito de diversos festivais de música folk/tradicional: II Arribas Folk (Sendim), Porto Céltico (Maia), Raízes do Som (Évora), II Granitos Folk (Porto).

Simultaneamente tem desenvolvido trabalho no âmbito da recolha e do registo de música tradicional. Alguns dos temas gravados “no castelo de Chuchurumel” foram recolhidos por José Franco e publicados na revista “Altitude”, nos inícios da década de 40 do século passado: Canção da Ceifa (Gonçalo, Guarda); Aninhas (Sobral da Serra, Guarda); Cantilena de pedreiro (Barreira, Mêda); outros remetem para universos sonoros marcantes (os bombos da festa dos Montes, Trancoso), para a voz única de algumas informantes (Júlia Fonseca e Maria Augusta Moleira) ou para relatos singulares (relato de Lúcia Jorge a propósito dos trabalhos do linho). O disco inclui também uma canção única: trata-se de “Se soenes crunhe penhar”, a única canção com letra elaborada na gíria de Quadrazais (Sabugal), uma gíria usada pelos antigos contrabandistas e que hoje está praticamente esquecida.

“No castelo de Chuchurumel” misturam-se instrumentos convencionais (percussões, gaita-de-foles, concertina, piano, ocarina, viola, bandolim), com instrumentos simples (pedras, paus), com outros construídos por César Prata e com programações. É desta diversidade de fontes sonoras que resulta a sonoridade ímpar Chuchurumel, um projecto que faz passar a tradição pela peneira da modernidade, trilhando, assim, novos caminhos na música tradicional portuguesa. O disco vem embalado numa bolsa de pano, não havendo, assim, gastos de plástico ou de papel.

sábado, julho 09, 2005

Concurso Internacional de Acordeão


Vai realizar-se em Castelo Branco um Concurso Internacional de acordeão e isso levou-me a procurar informação sobre a Rainha Portuguesa do Acordeão Eugénia Lima, já retirada, mas que com o seu virtuosismo levou alto o nome da Beira Baixa, pelas interpretações e pelo trabalho conjunto com a Orquestra Típica Albicastrense. Jaime Lopes Dias em "A Beira Baixa aos micofones da Emissora Nacional", que reproduz a descrição de um espectáculo ocorrido em 21 de Novembro de 1935, tem um texto delicioso em que refere Eugénia Lima.

"Terminadas as palavras do Sr. Governado, Civil de Castelo Branco, vai o Rancho da Beira Baixa, ensaiado por José Franco e sua espôsa, D. Luiza Franco, cantar a sua Marcha.



Rancho da Beira Baixa -Caslelo Branco (1)
(1) Compunham êste Rancho
Auzenda Vieira Diniz, Ema de Matos Claro, Ermelinda Rodrigues Pires, Ilda Rocha Gouveia, Maria Adélia de Carvalho, Maria Amélia Portela, Maria da Graça Vaz Alvares de Carvalho, Maria Idalina Dias Ferreira de Carvalho, Maria Isolina Vaz Alvares de Carvalho, Maria ele Jesus Dias, Maria Júlia Pinto Torrado, Maria de Lourdes Borges Leitão, Maria Luiza da Silva, Maria Manuela Ramos, Maria da Piedade Nunes Pires, Maria Pires Correia, Maria Teresa da Fonseca e Sã e Rita Borges Robalo,
Acácio da Costa Vidal, Antero Ferreira Pinto, António da Silva Salavisa, Armando Borges Gonçalves, Artur Teixeira Basto, Domingos Eusébio, Francisco Leal Gonçalves, Homero dos Santos Graça, João Francisco Andrade, José Belchior Viegas, José Duarte Figueira, José Ramos de Las Heras, Manuel Antunes da Fonseca e Mário Ferraz Albuquerque.
Tocadora de harmónio a menina Eugénia de Jesus Lima, de 9 anos de idade.".

Espero que o concurso internacional não esqueça Eugénia Lima e mais ainda que seja utilizado para lhe dedicar uma justa homenagem.

quinta-feira, julho 07, 2005

Cancioneiro da Senhora do Almortão


De autoria e edição de Firmino Crespo, editado em Lisboa em 1954 o Cancioneiro da Senhora do Almortão reproduz uma ideia interessante, relativamente a uma das quadras mais conhecidas e divulgadas da Senhora do Almortão. Trata-se da quadra
Senhora do Almortão
Minha tão linda arraiana,
Voltai costas a Castela
Não queirais ser castelhana.

A divulgação desta Quadra, generalizada por José Afonso, dever-se-à à divulgação na academia Coimbrã por dois cantores-estudantes Edmundo de Bettencourt e José Roseira, da Zebreira. Foi por esta via que Zeca Afonso conheceu a Quadra.

Mas, o interessante é que esta Quadra é decalcada de uma outra, pouco conhecida e que o autor divulga no Cancioneiro:

Senhora do Almortão,
Minha tão linda arraiana,
Morais no termo da Idanha,
Sendes meio castelhana.

Era frequente a deslocação de romeiros de Zarza la Mayor e Piedras Albas, à Senhora do Almortão, traduzindo uma sã convivência, mais de acordo com "Sedes meio castelhana", em vez de "Não queirais ser castelhana".

Relativamente às toadas da Senhora do Almortão é defendida a teoria de que as apresentadas por Rodney Gallop e António Joyce serão mais antigas e genuinas, do que a apresentada por Jaime Lopes Dias, mais recente e publicada na Etnografia da Beira. Fernando Lopes Graça atribui recuada antiguidade, saboroso modo arcaico, às versões de Gallop e Joyce.