sábado, março 05, 2005

IPPAR vai classificar complexos mineiros do tempo dos romanos
À procura do ouro dos romanos

in: reconquista






Primeiro foi o ouro. Agora são os vestígios arqueológicos a atraírem a atenção dos investigadores da actualidade aos locais onde os romanos fizeram exploração mineira. Nos concelhos de Castelo Branco, Penamacor e Vila de Rei.




Durante a ocupação romana da Península Ibérica os garimpeiros revoltaram os solos à procura de ouro junto a diversas linhas de água da região. Em Meimoa, Sarzedas, Barbaído e Vila de Rei ainda existem vestígios dos antigos complexos mineiros construídos a céu aberto. A Direcção Regional de Castelo Branco do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) prepara-se para avançar com o processo de classificação das minas. Que podem mesmo vir a ser aproveitados para fins turísticos. Muitos séculos depois os arqueólogos voltaram aos locais onde, no tempo dos romanos, teve lugar uma intensa actividade mineira. Não à procura de ouro mas dos vestígios arqueológicos que testemunham a exploração do minério preciso. O espanhol Javier Sanchez-Palencia é um desses investigadores que, juntamente com Inês Sastre e Maria Ruiz de Árbol, elaborou o estudo “A Zona Mineira de Penamacor-Meimoa, Serra da Malcata”. Apresentado no final do ano passado, durante umas jornadas dedicadas aos povos lusitanos, promovidas pela Câmara Municipal da Guarda. “Há um número razoável de complexos mineiros na região”, salienta o director regional do IPPAR, José Afonso. Para valorizar e proteger este património arqueológico deixado pelos romanos, o IPPAR vai avançar com o processo de classificação dos complexos mineiros. Para isso, espera reunir em breve com as autarquias da área geográfica onde estão inseridos. As margens da ribeira que passa na localidade de Meimoa (Penamacor), junto à antiga Ponte Romano-Filipina, é um dos locais de grande interesse. As minas situam-se numa extensa planície que se prolonga desde a Ribeira de Valvedra e Bazaguedinha até à Meimoa. Actualmente, o complexo construído a céu aberto, só é bem visível através de fotografias aéreas. Há poucos estudos Mas as de Meimoa não são as únicas. Em Vila de Rei existem cerca de 20 conheiras espalhadas por diversas freguesias. As conheiras são enormes aglomerados de pedras, resultantes da exploração mineira. Os garimpeiros extraíam pequenas partículas de ouro da superfície das pedras. Mas a preservação de algumas dessas conheiras tem estado ameaçada por obras de melhoria das acessibilidades e pela plantação de eucaliptos. Também no concelho de Castelo Branco existem importantes vestígios de complexos mineiros que recuam ao tempo da ocupação romana, nomeadamente nas localidades de Sarzedas, Almaceda e Barbaído. O director do IPPAR reconhece que praticamente não existem estudos sobre as antigas minas. O do investigador espanhol é dos poucos que se conhece. Javier Sanchez-Palencia salienta que o seu estudo “só pretende iniciar uma aproximação ao conhecimento da zona a partir de uma perspectiva essencialmente da arqueologia mineira”. A interpretação histórica à escala local e regional está por fazer, considera o investigador, adiantando ainda que o seu trabalho é um contributo que abre possibilidades de investigação futura.


Autor: Nelson Mingacho 03-03-2005 18:01:50

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