segunda-feira, abril 26, 2004

Mais uma referência a António Saramago, enólogo também da Adega Cooperativa do Fundão. Chamo a atenção para a desvalorização do carvalho português, relativamente ao carvalho francês. Na Beira Interior, em particular no concelho do Fundão há condições explendidas para a produção de carvalho, com aproveitamento industrial, por exemplo para produção de vasilhame para estágio e fundamentalmente por inércia limitamo-nos a adquirir o vasilhame para estágio de vinhos de qualidade à França. Ainda bem que os agricultores franceses aproveitam, mas o carvalho da Beira Interior dá um aroma e sabor ao vinho, superior ao do carvalho francês, basta recordar-nos de vinhos produzidos na Beira Interior, com estágio em pipas de carvalho da Beira Interior, que se traduziam em verdadeiros néctares. Por onde anda o Ministério da Agricultura? É feita investigação nesta área? Pobre País, que vê desperdiçar os seus recursos sem que os agricultores sejam orientados, relativamente à produção. Para cúmulo, no plano de reflorestação da Gardunha o peso e papel atribuído ao carvalho é mínimo, numa área em que em menos de 20 anos é possível produzir este tipo de madeira para aproveitamento industrial.

in: Visão nº 580 de 15 a 21 de Abril de 2004
António Saramago é um dos grandes enólogos portugueses, que hoje presta assistência enológica a produtores, sobretudo nas regiões de Palmeia e Alentejo. Saramago conhece bem os Moscatéis de Setúbal, os tintos da casta 'periquita` ou os vinhos robustos alentejanos. As suas intervenções técnicas têm revelado alto grau de profissionalismo e justas decisões enológicas. Saramago deu agora um novo passo, lançando no mercado vinhos com a sua assinatura
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«Escolha António Saramago». Já apreciei a sua estreia absoluta, um vinho tinto Palmeia DOC colheita 2001, elaborado a partir da casta Castelão (vulgo, 'periquita'), de vinhas velhas de 1baixo rendimento, que surgiu em grande forma. Há dois aspectos muito curiosos neste vinho. Primeiro, a vinificação clássica, de curtimenta completa das uvas que não foram desengaçadas. Segundo, é que apesar da metodologia pura e dura, o vinho surgiu elegante, macio, taninoso com os seus mais de 14% vol. álcool. É um vinho moderno feito à moda antiga, que beneficiou do estágio de 12 meses em excelente madeira de carvalho francês.
António Saramago está de parabéns por estas sete mil garrafas de um grande
periquita. José A. Salvador
Quem produz: António Saramago, Rua José Maria
da Fonseca, lote-6-7, Azeitáo;
parcialmente comercializado
pelo Clube Reserva 1 500/Sogrape,
Tel.: 227 850 300.
Cifrões: €13,50

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