quarta-feira, abril 28, 2004

Carvalho francês e americano? Porque não Carvalho Lusitano? Já foram estudadas as características do Carvalho da Beira Interior no apuramento de vinhos? Da minha infância recordo o sabor, nunca mais encontrado, dos vinhos envelhecidos nas pipas produzidas de carvalho da Beira Interior. Reparem na diferença de comportamento entre aquilo que é descrito na entrevista, em que um brasileiro, enólogo de mérito internacional, vai para os Estados Unidos fazer um tese de mestrado sobre a diferença entre a utilização do carvalho francês e americano. E nós produtores de vinhos o que fazemos? Copiamos, se alguém diz que o carvalho francês permite fazer vinhos de qualidade, importam-se pipas de carvalho francês de França. E o nosso conhecimento, de séculos, num domínio em que somos competitivos a nível internacional, ver Relatório Porter? É assim, de menosprezamos a nossa cultura e o nosso conhecimento. Comparem a qualidade do mesmo vinho colocado em estágio em carvalho francês e carvalho lusitano e tirem conclusões. Garanto-lhes que o do carvalho lusitano é superior, mas estudem, investiguem e sobretudo valorizem os produtos nacionais.

ver: http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iCanal=1&iSubCanal=1&iArtigo=1895&iLingua=1


in: http://www.tapadademafra.pt/flora.htm
O carvalho cerquinho (Quercus faginea), também conhecido por carvalho lusitano ou português, é uma árvore de porte médio, muito ramificada e com uma ampla copa. Não é bem uma árvore de folha caduca, pois a folha cai mais tarde do que é normal, caindo por acção dos ventos de inverno.

Espécie de Portugal e Espanha, é espontânea no Centro e Sul do País.

Prefere os climas suaves e quentes e parece crescer bem em solos calcários.

Juntamente com o sobreiro é a árvore emblemática da Tapada Nacional de Mafra, o seu fruto é uma importante fonte de alimento para os animais.




in: www2.uol.com.br/gula/entrevista/121_paul_hobbs.shtml
Por: José Maria Santana

Entrevista



O VINHATEIRO ITINERANTE
Paul Hobbs, responsável pelo sucesso dos vinhos da casa Catena e um dos pais do Opus One, grande vinho da californiana Mondavi, fala de suas apostas enológicas


O nome Catena é hoje uma espécie de ícone do vinho argentino. Seus tintos são sempre incluídos entre os melhores do mundo por críticos especializados da Europa e dos Estados Unidos. A reconhecida qualidade dos produtos des-sa vinícola situada no coração de Mendoza, na Argentina, é sempre atribuída à sensibilidade e capricho do empresário Nicolas Catena, seu proprietário. Mas, quando perguntam ao próprio Catena a que se deve o salto dado por seus vinhos em direção ao topo, ele faz uma surpreendente revelação: ao trabalho do enólogo americano Paul Hobbs. Embora não muito conhecido fora do circuito dos especialistas, Hobbs tem uma intensa carreira como consultor. Nos últimos anos, ele se transformou em um bem-sucedido flying winemaker, dividindo o tempo entre vinícolas da Califórnia, Chile e Argentina, para as quais presta serviço, e a própria empresa nos Estados Unidos, a Paul Hobbs Winery, instalada em Sebastopol, no vale californiano de Sonoma. Quem primeiro reconheceu o talento de Hobbs foi Robert Mondavi, o cultuado produtor da Califórnia. Mondavi soube que o jovem estudante do curso de enologia da Universidade da Califórnia, em Davis, havia preparado uma tese de mestrado sobre as qualidades das barricas de carvalho na maturação dos vinhos e imediatamente o contratou para trabalhar em sua empresa, como pesquisador. Logo Hobbs passou a fazer parte do time que desenvolveu o mítico tinto Opus One e, em 1981, foi promovido a enólogo-chefe da casa Mondavi, posição que ocupou por quatro anos. Ao sair, foi contratado pela Simi Winery, na qual chegou a vice-presidente. No fim da década de 80 ele resolveu conhecer de perto o que se fazia em outros países do chamado Novo Mundo vinícola e visitou vinhedos do Chile e da Argentina - quando conheceu Nicolas Catena. Um ano depois, em 1989, Hobbs foi convidado a desenvolver o Chardonnay da Bodega Esmeralda, a vinícola de Catena, em Mendoza. Ali ele é que foi surpreendido ao descobrir todo o potencial da Malbec, casta tinta originária da França, mas que encontrou na Argentina condições excepcionais para se desenvolver. Desde então, Hobbs dedicou-se a dar consultoria. Como o famoso enólogo francês Michel Rolland, ele integra o círculo restrito de vinhateiros que saem pelo planeta ajudando pequenas vinícolas a tirar o máximo de qualidade de seus vinhedos. No caso de Hobbs, há uma particularidade: ele é um artesão do vinho. Gosta de trabalhar pequenas áreas, de moldar a bebida de uma única casta, de um único vinhedo. É o que ele faz em uma vinícola que possui em Mendoza, em sociedade com um casal de amigos argentinos, onde produz o Cobos, um super Malbec. Nesta entrevista a Gula, ele falou de trabalho e de suas idéias como enólogo. Hobbs disse que a Califórnia hoje não quer mais imitar a França e que aposta mais na qualidade do vinho argentino que na de seus vizinhos chilenos.

Como começou seu interesse pelo vinho?
Minha primeira experiência foi quando meu pai trouxe para casa uma garrafa muito especial. Isso foi no fim da década de 60. Nunca tivemos um vinho à mesa. Então, meu pai foi a uma loja em Buffalo e pediu ao balconista um bom vinho. Ele nos vendeu um Château d'Yquem maravilhoso. A partir daquele dia, meu pai e eu ficamos muito interessados em vinhos, e começamos a plantar uvas. Durante os quatro anos de minha faculdade, na Universidade de Notre-Dame, o ajudei a cuidar do vinhedo. No último ano da universidade, conheci um professor de botânica que trabalhava como produtor de vinhos no Napa Valley.


Que orientação recebeu desse professor?
Ele me incentivou a ir estudar na Universidade da Califórnia, em Davis, onde fiz mestrado em enologia. Lá, pesquisei a influência do carvalho na maturação dos vinhos, as diferenças entre o carvalho francês e o americano. Um dos pioneiros a usar o carvalho foi Robert Mondavi. Qual é a diferença entre o carvalho francês e o americano para o vinho? Já se sabia que há mais baunilha no carvalho americano que no francês, mas nós ajudamos a precisar quanto. Descobri, nessa pesquisa, que há cerca de 2,5 vezes mais baunilha no americano que no francês.

Alguns vinhos envelhecem melhor em carvalho americano e outros em carvalho francês?
Acredito que sim. É uma questão de gosto e de estilo. Mas, em minha opinião, os melhores vinhos de mesa do mundo são envelhecidos em carvalho francês. É um carvalho mais transparente, mais sutil. O americano é mais agressivo, há o risco de a madeira se sobrepor à fruta.

Como foi seu trabalho com Robert Mondavi?
Fui contratado pela Mondavi em 1978. No ano seguinte a empresa se associou à casa francesa Mouton-Rothschild e deu um grande salto. Por causa do meu trabalho de mestrado, Mondavi me convidou a fazer parte do time que desenvolveu o tinto Opus One.

Como era o estilo californiano naquele período?
A produção de vinhos de qualidade ainda estava no estágio inicial. A abordagem californiana era mais técnica. É claro que os franceses também se preocupavam com a técnica, mas eles queriam também vinhos com arte, com alma. Foi um momento fascinante no desenvolvimento da indústria de vinhos na Califórnia, porque você tinha essas duas filosofias juntas. Isso ajudou a mudar a maneira de os californianos produzirem vinho.

E o trabalho com a família Catena?
Nicolas Catena me convidou para trabalhar basicamente com vinhos brancos. O seu desejo era produzir um excelente Chardonnay, em Mendoza.

Na época, a Catena já tinha grandes vinhos?
Não, não. Eles não tinham nada. Os vinhos eram quase imbebíveis. Eles vendiam vinho em embalagens Tetra Pak e os melhores eram bem precários.

O que foi feito para melhorá-los?
Todas as manhãs, eu e o Pedro Marchevsky, responsável pela parte agrícola da empresa, andávamos por todos os vinhedos e por todas as zonas importantes de Mendoza, como Agrelo, Lujan, Perdriel. Marchevsky me ensinava sobre as características das frutas locais. À tarde, com o enólogo da casa, Jose Galante, eu fazia testes na cantina. Nós não tínhamos barricas de carvalho para produzir Chardonnay, então eu estava trabalhando e ensinando apenas como fazer um vinho básico, com a fermentação malolática, que eles nunca haviam feito antes.

E em relação ao Malbec?
Os primeiros Malbec só surgiram em 1995. Nicolas Catena achava que aquela variedade não daria um bom vinho, daí ele ser contra a produção de Malbec. Isso mudou graças a um francês chamado Sig Moreau, que me pediu para fazer consultoria para uma vinícola do Chile. A empresa queria introduzir o carvalho americano e para isso pretendia fazer uma degustação às cegas, comparando os vinhos deles com os de outros produtores. No Chile, envelhecemos Cabernet Sauvignon em barris e perguntei ao Sig Moreau se poderíamos utilizar também um Malbec da Argentina. Então, envelhecemos Malbec nos barris de carvalho americano. Quando Nicolas experimentou o vinho, ficou surpreso ao ver como era bom.

Quais são seus projetos atuais na Argentina?
Minha prioridade é a vinícola Cobos. Deixei a Catena em 1997 e me associei a um casal de amigos, Andrea Marchiori e Luis Barraud. Tentamos produzir nosso primeiro Malbec em 1998, mas foi uma safra horrível. O vinho, que até era bom, não envelhecia, oxidava rapidamente. Já em 1999, após algumas modificações nos vinhedos e na vinificação, conseguimos produzir um Malbec concentrado.

Qual é o estilo Paul Hobbs?
Meu estilo é nunca permitir que o carvalho domine, invente ou modifique demais o vinho. Quer dizer, é possível lembrar de vinhos criativos, inventivos, como alguns australianos. Mas, se você provar um vinho Paul Hobbs, perceberá um estilo muito natural, porque só trabalho com leveduras nativas e bactérias nativas. Eu não adiciono leveduras produzidas em culturas. É uma espécie de harmonia entre o local e a fruta cultivada no local, que obviamente expressa esse lugar.

Os vinhos de Paul Hobbs são importados pela Aconcágua Premium tel.: (11) 3443-6410


Novembro/ 2002. Edição 121

segunda-feira, abril 26, 2004

Mais uma referência a António Saramago, enólogo também da Adega Cooperativa do Fundão. Chamo a atenção para a desvalorização do carvalho português, relativamente ao carvalho francês. Na Beira Interior, em particular no concelho do Fundão há condições explendidas para a produção de carvalho, com aproveitamento industrial, por exemplo para produção de vasilhame para estágio e fundamentalmente por inércia limitamo-nos a adquirir o vasilhame para estágio de vinhos de qualidade à França. Ainda bem que os agricultores franceses aproveitam, mas o carvalho da Beira Interior dá um aroma e sabor ao vinho, superior ao do carvalho francês, basta recordar-nos de vinhos produzidos na Beira Interior, com estágio em pipas de carvalho da Beira Interior, que se traduziam em verdadeiros néctares. Por onde anda o Ministério da Agricultura? É feita investigação nesta área? Pobre País, que vê desperdiçar os seus recursos sem que os agricultores sejam orientados, relativamente à produção. Para cúmulo, no plano de reflorestação da Gardunha o peso e papel atribuído ao carvalho é mínimo, numa área em que em menos de 20 anos é possível produzir este tipo de madeira para aproveitamento industrial.

in: Visão nº 580 de 15 a 21 de Abril de 2004
António Saramago é um dos grandes enólogos portugueses, que hoje presta assistência enológica a produtores, sobretudo nas regiões de Palmeia e Alentejo. Saramago conhece bem os Moscatéis de Setúbal, os tintos da casta 'periquita` ou os vinhos robustos alentejanos. As suas intervenções técnicas têm revelado alto grau de profissionalismo e justas decisões enológicas. Saramago deu agora um novo passo, lançando no mercado vinhos com a sua assinatura
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«Escolha António Saramago». Já apreciei a sua estreia absoluta, um vinho tinto Palmeia DOC colheita 2001, elaborado a partir da casta Castelão (vulgo, 'periquita'), de vinhas velhas de 1baixo rendimento, que surgiu em grande forma. Há dois aspectos muito curiosos neste vinho. Primeiro, a vinificação clássica, de curtimenta completa das uvas que não foram desengaçadas. Segundo, é que apesar da metodologia pura e dura, o vinho surgiu elegante, macio, taninoso com os seus mais de 14% vol. álcool. É um vinho moderno feito à moda antiga, que beneficiou do estágio de 12 meses em excelente madeira de carvalho francês.
António Saramago está de parabéns por estas sete mil garrafas de um grande
periquita. José A. Salvador
Quem produz: António Saramago, Rua José Maria
da Fonseca, lote-6-7, Azeitáo;
parcialmente comercializado
pelo Clube Reserva 1 500/Sogrape,
Tel.: 227 850 300.
Cifrões: €13,50

domingo, abril 25, 2004

O Jornal do Fundão de 25/3/2004 reproduziu uma entrevista com António Saramago, apresentado como enólogo colaborador da Adega Cooperativa do Fundão e responsável pela selecção de vinhos que a mesma adega tem apresentado. A divulgação da entrevista, mas principalmente da informação de que António Saramago é enólogo da AC do Fundão, parece-me ser meritória e significativa, para a orientação de consumidores. Hoje em dia, alguns produtos, são muito valorisados quando conhecemos os responsáveis pela sua selecção. No domínio dos vinhos isso é praticamente indispensável, pela dificuldade técnica de um consumidor comum conseguir chegar à caracterisação do produto. Transcrevo uma opinião sobre alguns vinhos seleccionados por António Saramago, embora não se refira o Fundanus, lançado posteriormente e magnificamente caracterizado por António Saramago, na entrevista referida.
in:
quetalovinho.blogspot.com/ 2003_10_01_quetalovinho_archive.html

27 Outubro 2003
Os Vinhos de António Saramago
(Experiência enogastronómica apoiada pelos patrocinadores habituais).

"Espumante ACR 2001" - Travo com perfil tradicional para o género. Muito gasoso. Sendo da zona de Redondo, não está mal.

"Merus, Arinto 2002, Branco" - Doce e rude. Serão características compatíveis, no mesmo vinho ? Talvez acompanhando com umas tâmaras com chouriço ou umas ameixas com queijo terrincho.

"Tapada de Coelheiros, 2002, Branco" - Tem o prolongamento do chardonnay, sem a desvantagem de ser manteigoso.

"Tapada de Coelheiros, Chardonnay, 2002" - Muito intenso e complexo. Por isso, pela peculiaridade da casta, talvez deva ser somente usado para aperitivo ou talvez mesmo, sem mais aperitivos. É, em todo o caso, reservado a apreciadores de chardonnay.

"Hero dos Avós, Garrafeira, 1999, Tinto" - O agridoce de Setúbal. Áspero, mas bem compostinho. Vai longe. Talvez devesse ter ido mais longe antes de ser aberto e bebido.

"Quinta do Alqueve, Syrah 2001" - Há algum vinho mais áspero que este ? Em todo o caso, mais quatro graus de álcool e podia muito bem confundir-se com um Porto Vintage.

"Licoroso ACR - 30 anos" - Aroma animal, com notas de couro, dizia o LP.
posto por: pv / 12:31

Adega Cooperativa do Fundão C.R.L.

Conquistou em 1957, 1968, 1982 o 1º Prémio de Vinho (Concurso do melhor vinho tinto dos anos mencionados da J.N.V.).
Em Julho de 1992, no 38º Concurso Internacional, em Ljubljana- "VINO 92" obteve "Dois Grandes Diplomas de Honra, com medalha de ouro", com os vinhos:
- Praça Velha - Reserva de 1985
- Cova da Beira V.Q.P.R.D. (1990)

- No 56º Concurso do I.V.V. "O Melhor Vinho à Produção de 1992", obteve o 1º Prémio no Vinho Branco e no Vinho Tinto.

- No 57º Concurso do I.V.V. "O Melhor Vinho à Produção de 1993", obteve o 1º Prémio no Vinho Branco.

- No 58º Concurso do I.V.V. "O Melhor Vinho à Produção de 1994", obteve o 3º Prémio no Vinho Branco.

quarta-feira, abril 14, 2004

Compotas- Sabores da Gardunha.

Finalmente a Casa de Mateus vai ter concorrência no fornecimento de compotas à Industria Hoteleira e talvez desta forma, retorne à qualidade a que habitou os consumidores, mas que nos últimos anos transformou num produto banal. Na Estalagem das Amoras, em Proença a Nova, nos pequenos almoços, a Casa de Mateus e os sabores da Gardunha são apresentados como produtos concorrentes e assim os utentes podem tomar contacto com um produto que, actualmente, deixa a milhas de distância a confeitaria da Casa de Mateus, os Sabores da Gardunha. Tive oportunidade de experimentar uma geleia de pétalas de rosas, doce de amora silvestre e doce de cereja, dos Sabores da Gardunha, muito bem apresentados em pequenas embalagens individuais de vidro e com a composição de 50% de fruta e 50% de açucar, sem conservantes, nem corantes, nem homogeneizadores. Simplesmente divinal e que recomendo vivamente, em substituição da Casa de Mateus, em embalagens de plástico, preparadas em Alfragide (Amadora), muito longe de Vila Real, onde nasceram e se desenvolveram, completamente industrializado, com múltiplos E's. É bom ver singrar as empresas e os produtos da Beira Interior. Esperemos que consigam manter o nível de qualidade actual.




in: Voz do Campo

Arquivo: Edição Janeiro 2004

SECÇÃO: Empresas

Sabores da Gardunha - Alcongosta (Fundão)
Sabores da Gardunha já se afirmaram no mercado

2003 foi o ano de afirmação no mercado dos produtos Sabores da Gardunha, de Luís Martins, fruto da empresa que criou há pouco tempo em Alcongosta, aproveitando sobretudo os recursos frutícolas da região para a feitura de compotas.

Mecanizar para dar um acabamento ainda melhor ao produto final

Os bons resultados do ano que agora termina desde já abrem boas perspectivas para 2004 onde a palavra de ordem será a de continuar com qualidade na produção, levando o empresário a ponderar a hipótese de ampliar a produção e mecanizar alguns sectores para obter um acabamento ainda melhor do produto final.

domingo, abril 11, 2004

Lontras no Ocreza

Durante esta semana, num café em Proença a Nova, encontrei em exposição uma Lontra embalsamada, cuja foto reproduzo:




O referido café fica próximo do Ocreza, sendo de presumir que foi nesse habitat que a referida lontra foi abatida.
Por informações recolhidas esta Lontra terá sido morta, no decurso a uma caçada a raposas, já há alguns anos. Nesse mesmo café encontram-se igualmente em exposição, também embalsamados, uma raposa, um ginete, um pato bravo e uma perdiz.
Justifica-se, penso eu, que seja utilizado o Museu de História Natural, para exibir estes exemplares, devidamente identificados, para que os eventuais visitantes tenham oportunidade de conhecer a História Natural da região. Ao mesmo tempo, em vez de se exibirem como troféus de caça deve ser dada formação aos jovens e aos caçadores para a importância de se defenderem e protegerem estas espécies, em vez de se abaterem. Não basta existir legislação que proiba o abatimento e sanções penalizadoras é preciso que os caçadores, antes de receberem as respectivas licenças sejam formados sobre a importância da protecção das espécies. Também, se quisermos captar turismo teremos que ter algo para oferecer e um dos elementos poderá ser informação e conhecimento sobre o nosso património natural.

terça-feira, abril 06, 2004

in: http://www.ipa.min-cultura.pt/news/news/2000/Gravura_paleolitica_Centro_SulComunicado de Imprensa
6 de Setembro de 2000:
Descoberta Arte Paleolítica ao ar livre, com mais de 20.000 anos, no Centro / Sul de Portugal
No âmbito do acompanhamento das obras de construção da SCUT da Beira Interior (prolongamento do IP6, entre Mouriscas e Gardete), foram descobertos diversos painéis de Arte Rupestre, de diferentes épocas, incluindo o primeiro achado de arte paleolítica de ar livre no sul de Portugal, onde até ao momento apenas se conhecia arte parietal na gruta do Escoural. Trata-se de uma representação de equídeo (cavalo) figurado em perfil absoluto. É uma gravura isolada, num pequeno painel do manto xisto-grauváquico rasgado pelas águas do Ocreza, muito patinada, de estilo claramente paleolítico, que pode ser paralelizada com algumas das gravuras das fases antigas da Arte do Côa e mesmo do Escoural (também da sua fase antiga). Enquadrável nos períodos Gravettense ou Solutrense antigo (antigo estilo II de Gourhan), terá mais de 20.000 anos. Amplia-se assim o conhecimento da arte paleolítica de ar livre, cuja difusão pela Península Ibérica será muito mais ampla do que até agora se suspeitava. Trata-se também da primeira gravura paleolítica na área do complexo de arte rupestre do Vale do Tejo, aparecendo precisamente numa das suas "pontas". Este facto sugere igualmente a necessidade de uma revalorização da arte do Tejo, cujas fases mais arcaicas poderão ainda ser integradas no Paleolítico superior.

Este achado foi possível no âmbito da colaboração entre o CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo (responsável pelo acompanhamento arqueológico da obra, e sediado no Instituto Politécnico de Tomar) e o CNART - Centro Nacional de Arte Rupestre (Ministério da Cultura, responsável pelo estudo da arte do vale do Tejo). O CNART realizará brevemente o levantamento das gravuras do Ocreza já identificadas, prosseguindo os trabalhos de prospecção na zona.

Deve sublinhar-se que esta descoberta foi tornada possível pela boa articulação entre os trabalhos arqueológicos e as obras de construção da estrada, e que todos os painéis identificados serão preservados no local. Para o efeito, o ACESTRADA (dono da obra), para além de custear os trabalhos arqueológicos, desviou eventuais caminhos de acesso que pudessem afectar as gravuras.


sexta-feira, abril 02, 2004

LONTRA

lontras na Beira Interior?

Pelo que conheço da região e por informações que tenho obtido junto de camponeses, a lontra frequenta as charcas e barragens, da zona da Gardunha, em que os respectivos propritários promoveram ad hoc o povoamento piscícola. A identificação e localização da lontra é muito difícil, porque tem uma vida nocturna, mas a localização e identificação de dejectos é relativamente acessível. Utilizando fotografia aérea, recorrendo ao serviço do SNIG, poderemos localizar todas as charcas e barragens na bacia hidrográfica alargada do Ocreza. A informação sobre o eventual povoamento piscícola pode ser feita por avaliação directa ou colhendo informações junto da população residente. Tenho conhecimento de que na região de Castelo Novo, numa área em que existem várias charcas há informação da presença de lontras. Num café em Póvoa da Atalaia, entre outros animais embalsamados, é exibida uma lontra morta junto a uma barragem na Orca. Nesse mesmo café, foram retiradas e destruídas várias aves embalsamadas, com receio de intervenção das autoridades. Sugiro que o Museu de História Natural, instalado na Escola Secundária Nuno Álvares, cujo principal acervo veio do Colégio de S. Fiel, quando o mesmo foi extinto em 1910, esteja mais atento a estas situações e promova a recolha dispersa destes materiais. Também, justifica-se que o Museu de História Natural ganhe vida própria e não esteja sujeito às limitações que resultam da sua instalação numa Escola Secundária. Poderei dar como exemplo Sines, em que partindo do zero se avançou para a recolha de materiais de História Natural, foram instaladas em dependência própria,criada no Castelo e hoje é uma sala de visitas de passagem obrigatória. Nesse espaço foi recriado o habitat natural da lontra, que frequenta os regatos na costa do sudoeste alentejano. Investigue-se e os resultados virão a seguir, não podemos é ficar à espera que os turistas nos visitem, se não tivermos nada para lhes oferecer. Poderemos oferecer conhecimento, ecologia, história natural, criando condições para de forma segura e cómoda a nossa região seja divulgada. Sabia da existência do Museu de História Natural, em Castelo Branco?


In: Reconquista
Associação Outrem garante
Há lontras no Ocreza



A Associação Cultural Outrem garante que existem lontras no Rio Ocreza, a poucos quilómetros de Castelo Branco. Uma descoberta importante, até porque aquela espécie é protegida pela convenção europeia de Berna.



Uma lontra de cerca de sete quilogramas foi descoberta no rio Ocreza, a poucos quilómetros de Castelo Branco, pelos responsáveis da Associação Cultural Outrem. De acordo com José Carlos Moura, presidente daquele organismo, “o animal, protegido pela Convenção de Berna, foi visto perto do Salgueiro do Campo, a cerca de três metros da margem onde nos encontrávamos, mas não foi possível fotografá-la”.

A desenvolver o projecto Ocreza-Rio Vivo, a Associação Cultural Outrem considera a descoberta como muito importante, até porque “segundos testemunhos recolhidos por nós, há mais de 20 ou 30 anos que não era vista qualquer lontra nas margens do Ocreza”. O animal, com cerca de 70 centímetros e sete quilogramas de peso é uma espécie protegida e José Carlos Moura teme que algumas pessoas possam vir a prejudicar o seu habitat. “Os principais inimigos das lontras são a poluição e as pessoas. Por isso, é importante que não se deite lixo nas margens do rio, o que ainda acontece sobretudo com materiais usados na construção civil. Além disso, é importante que as pessoas que procuram avistar as lontras o façam com cuidado, não prejudicando a sua vida, fazendo os seus passeios em silêncio”, justifica José Carlos Moura.

De acordo com o presidente da Outrem, no capítulo da limpeza, “há um plano para limpar os caminhos que conduzem ao Rio Ocreza, e que envolve os próprios Serviços Municipalizados de Castelo Branco”. José Carlos Moura sublinha também que “é provável que aquela lontra não seja única no Ocreza”. O seu aparecimento vem também comprovar a existência de peixe no rio, uma vez que é esse o alimento das lontras, e que não existe muita poluição naquelas águas.

Projecto Ocreza A descoberta da lontra vem dar um novo alento ao projecto que está a ser desenvolvido pela Associação Cultural Outrem, e que passa por fazer um levantamento de percursos ao longo do Rio Ocreza, por criar uma página de Internet e por tornar as margens do Ocreza mais impas. “O trabalho de campo já está praticamente concluído, após termos percorrido muitos quilómetros ao longo do leito do rio. A nossa ideia passa por lançar um guia turístico, que integrará também o material recolhido nas nossas expedições, assim como os percursos pedestres que podem ser feitos”, justifica.

José Carlos Moura lembra mesmo que “no Verão será feito um curso de guias da natureza, em colaboração com os serviços municipalizados será feita uma limpeza sistemática dos caminhos que conduzem ao rio”. A abertura oficial dos percursos será feita em Junho e segundo aquele responsável “toda a informação disponível vai ser apresentada na página internet www.rvj.pt/ocreza ”. O projecto envolve ainda a colocação de placas indicativas dos percursos pedestres. “A ideia passa por desenvolver este projecto ao longo dos próximos anos”, acrescenta.

O programa Ocreza-Rio Vivo tem os apoios da Câmara de Castelo Branco, Instituto Português da Juventude, Serviços Municipalizados e da empresa RVJ - Editores. Recorde- se que além deste projecto, a Outrem tem em mãos outros desafios, como o lançamento da segunda edição do livro Sentinela da Cidade, que retrata a história do bairro do Castelo, um dos mais carismáticos da cidade.

João Carrega